quarta-feira, 10 de julho de 2013

PAM prepara ajuda de emergência para populações do interior

Logotipo do PAMBissau - O Representante do Programa Alimentar Mundial (PAM) na Guiné-Bissau, Ussama Osman, disse  (terça-feira) que está a ser preparada uma ajuda de emergência para apoio a zonas do país com carência alimentar, que deve começar muito em breve. 

O responsável disse estar a par da situação de que em algumas regiões do interior da Guiné-Bissau há escassez de alimentos mas não disse que há populações a passar fome.

"Há uma situação de penúria alimentar em certas regiões e faremos uma avaliação da situação, intervindo onde for necessário, muito rapidamente", disse. 

Ussama Osman falava aos jornalistas após uma reunião, hoje, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, destinada a apresentar cumprimentos e também a assegurar que o PAM vai continuar "a acompanhar os esforços do Governo da Guiné-Bissau para assegurar uma segurança alimentar sustentável". 

Num relatório de Junho do PAM e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), intitulado "Segurança Alimentar e Implicações Humanitárias na África Ocidental e no Sahel", afirma-se que 90 porcento das comunidades da Guiné-Bissau que foram inquiridas disseram só ter alimentos para mais um mês. 

O PAM, a FAO e o Governo da Guiné-Bissau fizeram uma avaliação em sete regiões do país e concluíram que os resultados da campanha do caju (principal produto de exportação) foram "desastrosos, comparados com anos anteriores".

Este ano o preço médio de um quilo de caju era de 112 francos (17 cêntimos), contra 300 francos no ano passado (45 cêntimos). Em 2012 as populações rurais trocaram um quilo de caju por um quilo de arroz (base da alimentação), mas este ano eram precisos três quilos de caju para um quilo de arroz, diz também o relatório. 

A agravar a situação, os comerciantes deixaram de comprar caju em Maio, estimando-se que 38 porcento do produto continue nas aldeias. A má campanha de caju teve repercussões junto das populações "e ameaça a segurança alimentar" nas zonas rurais nos próximos três meses, diz o documento. 

Na última sexta-feira o administrador do sector de Empada (sul do país) disse que a fome já se faz sentir nalgumas aldeias, havendo famílias que almoçam manga cozida com óleo de palma. 

"Hoje muitas pessoas não têm o que comer. Mangas ou jacas são os alimentos que substituem os alimentos normalmente consumidos pela população", disse Romualdo Candé, em entrevista à Agência de Notícias da Guiné-Bissau e à Rádio Nacional. 

Ussama Osman disse que o PAM está consciente da situação e que as equipas no terreno estão a fazer os últimos preparativos para definir as intervenções mais apropriadas. Haverá intervenções rápidas nas zonas mais afectadas, com necessidades imediatas, "e depois um trabalho a longo prazo que vai acompanhar esses esforços pontuais", adiantou. 

A Guiné-Bissau tem "muito potencial, que não está a ser utilizado inteiramente, pelo que a nossa missão é acompanhar os esforços das autoridades públicas para assegurar uma segurança alimentar de toda a população", disse o responsável.

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