segunda-feira, 16 de maio de 2016

Depois das Forças Armadas terem barrado o acesso de governantes aos locais de trabalho, os mesmos tiveram que voltar a traz, e levantam as restrições de acesso aos gabinetes do Governo

Os militares da Guiné-Bissau levantaram hoje as restrições impostas aos membros do Governo, impedidos de entrarem nos respetivos gabinetes, e recusaram-se a comentar os motivos da proibição.

Fonte do Governo do PAIGC, demitido na quinta-feira pelo chefe de Estado guineense, José Mário Vaz, disse à Lusa que os membros do executivo "estão a entrar e a sair livremente" dos seus gabinetes, sem qualquer restrição dos militares.

"As restrições ocorreram sobretudo nos ministérios que ficam fora do palácio do Governo, isto é, Saúde, Finanças, Justiça, Pescas e Educação, mas no Palácio do Governo não houve qualquer situação dessas", acrescentou.

O comunicado do Conselho de Ministros de sexta-feira "foi claro e inequívoco sobre a matéria e os militares compreenderam que não podiam continuar a fazer o que estavam a fazer", disse a mesma fonte.

No dia seguinte à demissão do Governo de Carlos Correia, alguns membros do executivo demitido, mas ainda em funções, foram barrados no acesso aos respetivos gabinetes, uma situação condenada em comunicado peloConselho de Ministros. O órgão responsabilizou o chefe das Forças Armadas, general Biaguê Nan Tan, e o Presidente da República, Jose Mário Vaz, pelo bloqueio.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas também se posicionou na sexta-feira contra a alegada ingerência dos militares nos assuntos políticos, instando-os a afastarem-se. Fonte do Estado-Maior General das Forcas Armadas disse hoje à Lusa que a liderança militar guineense não pretende comentar o assunto. Lusa

Presidente JOMAV volta a demitir governo "Num país em que há famílias a viver com menos de 15 euros por mês, José Mário Vaz prefere não gastar dinheiro em eleições" Senhor Presidente, não demitia o Governo que tem apoio no parlamento, isto é DITADURA!!!!!! já agora que tipo de Governo pretende? será de certeza um Governo que só faça o que o senhor quer, mas este GOLPE não vai passar!!!!!!

Num país em que há famílias a viver com menos de 15 euros por mês, José Mário Vaz prefere não gastar dinheiro em eleições

O presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu o governo de Carlos Correia, mas decidiu não optar por novas eleições, intimando o partido maioritário, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), a nomear um novo primeiro-ministro.

Apesar de já terem passado sete meses desde que Carlos Correia tomou posse, em outubro do ano passado, o executivo continuava sem conseguir fazer aprovar no parlamento nem o programa do governo nem o Orçamento do Estado. "É constrangedor ver o governo a falar em voz baixa nos fóruns internacionais porque não tem legitimidade plena. Não é mais sustentável permitir que o governo continue a contrair dívidas, realizar despesas e emitir títulos de tesouro", afirmou o presidente na mensagem que ontem dirigiu ao país.

Perante este cenário, Vaz decidiu que era chegada a hora de "as lideranças partidárias revelarem maturidade e ultrapassarem as miudezas institucionais que estão a empatar a saída da crise" e passou para o PAIGC a "responsabilidade de apresentar uma solução governativa".

O presidente da República justificou a não realização de eleições pela falta de dinheiro para custear o ato eleitoral: "Decorridos apenas dois anos desde que a comunidade internacional nos pagou, com o dinheiro dos seus contribuintes, a realização de eleições, não seria dignificante voltarmos a estender a mão." Ao referir a questão financeira, José Mário Vaz relembrou que na Guiné-Bissau "há famílias inteiras que se alimentam com menos de 10 mil francos CFA [15,2 euros] por mês."

Esta é a segunda vez desde que tomou posse, em junho de 2014, que José Mário Vaz, eleito com o apoio do mesmo PAIGC, demite um primeiro-ministro do seu partido. O primeiro a sair, em agosto de 2015, foi Domingos Simões Pereira, que havia sido eleito em abril de 2014.

Num comunicado divulgado ontem à tarde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português lamenta a situação guineense e sublinha que "a ausência de estabilidade política suscita dúvidas sobre a exequibilidade dos projetos de cooperação, bem como sobre a prossecução das reformas necessárias ao país há muito reconhecidas pela comunidade internacional".

quarta-feira, 11 de maio de 2016

O PAIGC quer eleições gerais antecipadas

Partido no poder na Guiné-Bissau quer eleições gerais antecipadas


O PAIGC, partido no poder na Guiné-Bissau, defendeu ontem que o Presidente da República deve dissolver o Parlamento e convocar eleições gerais antecipadas.

"Existe o imperativo de imediata dissolução do parlamento", de acordo com um comunicado do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e outros cinco partidos.
No documento conjunto, apresentado em conferência de imprensa, defende-se que o atual executivo passe a funcionar como "governo de gestão" e que sejam convocadas eleições gerais antecipadas - para a Assembleia Nacional e a Presidência da República.
O parlamento não funciona desde janeiro depois de um grupo de 15 deputados do PAIGC se ter revoltado contra a liderança do partido e de se ter aliado à oposição (PRS) para tentar derrubar o Governo.
No comunicado de hoje, o PAIGC e partidos aliados referem que o Presidente, José Mário Vaz, "está refém do grupo criado por ele próprio", movido por "interesses pessoais, impondo ao chefe de Estado a assinatura do decreto de demissão do Governo e entrega do poder ao PRS e aos 15".
José Mário Vaz demitiu em agosto de 2015 um primeiro governo do PAIGC liderado por Domingos Simões Pereira, ao qual sucedeu o atual executivo liderado por Carlos Correia.
A posição do PAIGC e dos restantes cinco outros partidos foi divulgada um dia antes de o Presidente da República ouvir as forças políticas com representação parlamentar e reunir o Conselho de Estado.
Os encontros chegaram a estar marcados para hoje, mas fonte da Presidência referiu à Lusa que foram reagendados para terça-feira.
No comunicado de hoje, juntaram-se ao PAIGC a União para a Mudança (UM), o Partido da Convergência Democrática (PCD), o Partido da Unidade Nacional (PUN), o Movimento Patriótico (MP) e o Partido da Solidariedade e do Trabalho (PST).
Destes, dois têm assento no parlamento: o PCD tem dois deputados, cabendo um lugar à União para a Mudança.
LFO // EL
Lusa