segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Obras em quartéis da Guiné-Bissau

A missão de Angola na Guiné-Bissau (Missang) começou, em Bissau, a reabilitação e construção de infra-estruturas destinadas às forças de segurança, um projecto avaliado em 7,5 milhões de dólares.


As obras devem estar prontas em Agosto e dos seis projectos a maior parte dos trabalhos já começou e outros começam hoje, como a construção de um Centro de Instrução da Polícia de Ordem Pública (POP), a obra mais cara e que é edificada na zona de Safim, a poucos quilómetros de Bissau.


Na mesma zona começaram também as obras para a construção dos armazéns de logística das forças de segurança. Em Bissau decorrem igualmente as obras de “reabilitação completa” do edifício do Ministério do Interior e as obras do Comissariado Geral da Polícia de Ordem Pública.

Angola começa em breve a construção, de raiz, das instalações da Polícia de Trânsito, e começou a reabilitação de edifícios onde vai ser instalada a Polícia de Intervenção Rápida. “A nossa previsão, na base dos concursos públicos, é a de que todas as obras têm uma periodicidade de seis meses e se tudo correr bem todas devem estar prontas em Agosto”, disse à Lusa o responsável angolano pela área da cooperação policial na Missang, o sub-comissário Manuel Francisco Gonçalves. Além do apoio a nível de infra-estruturas, a Missang está a prestar assessoria técnica e de formação de recursos humanos, em paralelo com Portugal, que também tem prestado apoio na área da formação e legislação.


“Temos também um processo ligado à logística, que vai fazer um diagnóstico para que no futuro possamos dar apoio à Polícia de Ordem Pública”, acrescentou Manuel Francisco Gonçalves, salientando que a escolha das obras foi baseada no que o Governo da Guiné-Bissau considerou prioritário.


“Angola vai financiar as obras, o projecto, o mobiliário dos edifícios, e também fornecer fardamentos, medicamentos e viaturas para patrulhamento”, salientou Manuel Francisco Gonçalves.


Walter Álvaro, o arquitecto angolano responsável pelo conjunto das obras, também em declarações à Lusa, salientou que todas as infra-estruturas estão a ser feitas por empresas guineenses. Para já, Angola fez deslocar para Luanda, “por questões logísticas”, 350 formandos guineenses, que dentro de seis meses devem regressar à Guine Bissau, com formação básica e especializada em áreas como trânsito, protecção a dirigentes ou segurança pública.

Na mesma altura, na estrada que liga Bissau ao aeroporto deve ser inaugurada a nova Direcção de Viação e Trânsito, a edificar no local onde apenas existem escombros, e o Ministério do Interior fica também reconstruído.


Em Safim, os campos de caju deram lugar a um centro de formação e a direcção da polícia guineense vai ter um edifício totalmente reconstruído. A telha portuguesa, ainda do tempo colonial, vai ser aproveitada.

domingo, 29 de janeiro de 2012

PR interino da Guiné-Bissau nomeia 15 assessores para o seu gabinete

Bissau, 28 jan (Lusa) - O Presidente da Republica interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, nomeou 15 novos assesores para o seu gabinete e aceitou o pedido de demissão em bloco dos conselheiros do falecido chefe de Estado, Malam Bacai Sanhá.

A nomeação dos novos assessores e a demissão dos anteriores conselheiros presidenciais, foram anunciadas sexta-feira a noite na Rádio Nacional através de decretos assinados por Raimundo Pereira.

Entre os novos assessores constam os nomes dos antigos governantes, nomeadamente Alamara Nhassé, antigo primeiro-ministro, nomeado assessor para a área da Defesa e Segurança, João José Silva Monteiro, ex-ministro dos Negocios Estrangeiros, nomeado conselheiro para a Educação e Maria Odete Semedo, ex-ministra da Educação chamada agora para ser chefe do gabinete de Raimundo Pereira.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Resenha Africana Destaque, para preparativos da cimeira da UA e processo eleitoral na Guiné-Bissau

As reuniões preparatórias para a realização da próxima cimeira da União Africana (UA), marcada para 29 e 30 do mês em curso, bem como o arranque do processo eleitoral na Guiné-Bissau foram manchete no noticiário socio-político e diplomático africano dos últimos sete dias.

Na capital Etíope, Addis Abeba, várias reuniões vêm decorrendo ao longo da semana com destaque para a 20ª sessão do Conselho Executivo da organização e a 23ª sessão do Comité de representantes permanentes (CRP), em preparação da cimeira de chefes de Estado e de governo, que elegerá o presidente da Comissão da UA (CUA).

Sobre o encontro do Conselho Executivo, o primeiro a realizar-se após as revoluções árabes, abordou a questão da promoção do Comércio Intra-africano e analisou as candidaturas da sul-africana Nkozasana Dlamini Zuma e do gabonês Jean Ping para o cargo da Comissão desta organização continental.

Já na reunião do CRP, o actual líder da CUA Jean Ping considerou o ano 2011 como o período que maiores movimentações politicas, crises e conflitos registou, desde início dos processos de democratização na década 90, do século XX, no seio do continente africano, referindo-se às crises e conflitos antigos, bem como à “Primavera Árabe”,  que trouxe mudanças constitucionais na Tunísia, Egipto e na Líbia.

Na ocasião foi também anunciado um montante de 350 milhões de dólares angariados pela CUA junto dos países africanos para apoiar à crise de seca e fome na região do Corno de África.

Mereceu igualmente relevo noticioso o arranque quarta-feira do processo eleitoral na Guiné-Bissau com o empossamento de nove presidentes das Comissões Regionais Eleitorais (CRE).

O presidente da Comissão Nacional das Eleições, Desejado Lima da Costa, conferiu posse aos responsáveis das CRE que trabalharam nas últimas presidenciais, também antecipadas de 2009, dando início efectivo ao processo para o escrutínio de 18 de Março, do qual o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior afirmou já ser o "candidato natural" do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Foi manchete da semana o anúncio dos resultados parciais das eleições legislativas na República Democrática do Congo (RDC) pela Comissão eleitoral que dão liderança ao partido do presidente Joseph Kabila e seus aliados.

Sexta-feira, a Comissão eleitoral divulgou cerca de 87% dos 500 assentos no Parlamento dos quais o Partido do Povo para a Reconstrução e Democracia (PPRD), do presidente Kabila, obteve 58 assentos, ficando na segunda posição o partido do opositor Etienne Tshisekedi, a União para a democracia e o progresso social (UDPS), com 34 assentos.

O destaque foi ainda para as tempestades no centro e sul de Moçambique que causaram já 25 mortes e deixaram cerca de 12 mil pessoas a necessitar de ajuda urgente, segundo um balanço divulgado terça-feira pelas autoridades moçambicanas.

A directora do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Dulce Chilundo, confirmou a morte de 16 pessoas na província da Zambézia, no centro do país, e nove em Gaza, no sul de Moçambique.

No Madagáscar, foi destaque o apelo da SADC para o regresso do presidente malgaxe deposto Marc Ravalomanana ao seu país sem ser detido o mais tardar até 29 de Fevereiro, na sequência de uma reunião da troika (África do Sul, Tanzânia, Zâmbia) realizada segunda-feira em Pretória que culminou com uma indicação de que o processo de pacificação social, a libertação dos detidos políticos e o regresso dos exilados malgaxes devem ser aplicados.

A situação na Nigéria assolada pela vaga de ataques mortíferos atribuídos à seita islamita Boko Haram marcou também o noticiário da última semana.

Na sequência dos últimos atentados, o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, demitiu quarta-feira o chefe da polícia, Hafiz Ringim, e nomeou Mohammed Abubakar como Inspector-geral da polícia interino, o qual justificou como um primeiro passo em direcção a reorganização da polícia afim de a tornar mais eficaz e capaz de fazer face aos desafios de segurança interna emergente", segundo um comunicado.

No mundo árabe, o destaque foi para a eleição segunda-feira do deputado islamita Saad al-Katatni, proveniente da Irmandade Muçulmana, como presidente da Assembleia do Povo egípcia.

Katatni recebeu 399 votos de um total de 496 na primeira sessão da Câmara, amplamente dominada pelas formações islamitas.

Por último, tiveram ainda respaldo noticioso durante a semana as reacções da oposição face à apresentação terça-feira da candidatura do presidente senegalês cessante, Abdoulaye Wade, para as próximas eleições presidenciais de 26 de Fevereiro no Senegal, o que levou ao Governo liderado por Wade a proibir a partir de quinta-feira até segunda-feira à meia-noite todas as manifestações políticas no país.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Cabo Verde: Livro sobre Aristides Pereira é apresentado hoje na Praia

Publicação pode provocar desconforto a camaradas

Praia - É lançada, esta sexta-feira, 27 de Janeiro, na Praia, a obra «Aristides Pereira, Minha vida, nossa história», do jornalista cabo-verdiano José Vicente Lopes e que aborda a vida do primeiro Presidente da República e ex-companheiro de Amílcar Cabral na luta pela independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau.

O livro-entrevista, que narra a história de Aristides Pereira desde o seu nascimento na Boavista, em 1923, até à sua morte, em Setembro de 2011, em Portugal, promete «provocar algum desconforto, ou até pior em alguns camaradas vivos», apurou a PNN junto de uma fonte que teve acesso à obra.


Uma vez mais, a morte do fundador e líder histórico do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Amílcar Cabral, é abordada, agora por Aristides Pereira, que fala dos bastidores desse acontecimento que, depois de quase 40 anos, continua envolto em mistério e dúvidas.


José Vicente Lopes começou a preparar este livro em 2003, após Aristides Pereira ter lançado a sua obra «Meu testemunho - Uma Luta, Um Partido, dois Países», altura em que o desafiou a fazer algo centrado na sua pessoa, ou seja, no seu percurso pessoal.
Na obra produzida por Marilene Pereira, o autor resgata a figura que foi Aristides Maria Pereira, o primeiro Presidente de Cabo Verde, numa bibliografia onde o escritor fala da infância, adolescência e da procura de vida na Praia, até 1948.


O livro, de 496 páginas, traz detalhes dos anos passados por Aristides Pereira na Guiné-Bissau e em Conakry, até chegar à luta armada, onde conviveu com Amílcar Cabral, a morte do líder, a negociação para a independência de Cabo Verde e os 15 anos que esteve à frente dos destinos do arquipélago.


A abertura política em Cabo Verde em 1990 é outro assunto analisado no livro e no qual, ao contrário do que circulou e ainda persiste na ideia de muitos cabo-verdianos, pode saber-se que o antigo Chefe de Estado foi a favor desse processo que levou o país à suas primeiras eleições democráticas, em que o então Presidente concorreu e perdeu.


Falecido em Setembro de 2011, pouco tempo depois de ter concedido a José Vicente Lopes as últimas entrevistas, Aristides Pereira pode agora ser ser revisitado nesta obra que, além de muitas fotografias que a ilustra, traz uma adenda de aproximadamente 10 páginas com informações e imagens das cerimónias fúnebres do primeiro Chefe de Estado cabo-verdiano.


Jornalista, ensaista e contista, José Vicente Lopes foi o primeiro Presidente da Associação de Jornalistas de Cabo Verde, de 1990 a 1994, trabalhou nos jornais «Vozdipovo» e «A Semana», e foi correspondente da BBC, em Londres, e dos jornais portugueses «Público» e «Expresso». Actualmente integra o colectivo do jornal A Nação.


A sua primeira obra é intitulada «Os bastidores da Independência», considerada como incontornável para quem quer conhecer a história de Cabo Verde, tendo publicado em 2010 «Tarrafal/Chão Bom – Memórias e Verdades», que provocou especial brado em Portugal e Angola. Tem também publicações no campo da ficção.

A apresentação da obra «Aristides Pereira, Minha vida, nossa história», que acontece hoje na Biblioteca Nacional, na Praia, está a cargo do historiador e actual ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação António Correia e Silva.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PAIGC do leste apoia candidatura de Carlos Gomes Júnior

Bissau - Centenas de populares da zona leste da Guiné-Bissau estiveram hoje (quarta-feira) em Bissau a apoiar a candidatura de Carlos Gomes Júnior a Presidente da República, uma acção organizada pelo partido no poder (PAIGC) de mobilização para as eleições de Março. 

Um dia depois de o presidente do partido e Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, ter dito que era o "candidato natural" do PAIGC ao cargo deixado vago pela morte de Malam Bacai Sanhá (no dia 09) os discursos pareceram já de campanha, ainda que não haja uma
decisão formal sobre se "Cadogo" vai ser mesmo o candidato. 

Mas foram "Cadogo Presidente" algumas das palavras de ordem que se ouviram na sede do PAIGC, onde Carlos Gomes Júnior assegurou que com unidade é possível ganhar as eleições de 18 de Março "na primeira volta". 

No seu discurso, Carlos Gomes Júnior disse que a maior homenagem que se pode fazer a Malam Bacai Sanhá é a de continuar a trabalhar pelo país com "espírito de paz e de solidariedade" e citou Amílcar Cabral, o fundador do partido. 

Os militantes, especialmente as mulheres, aplaudiram. Tinham chegado horas antes em camionetas, de Gabu e de Bafatá, e tinham recebido bandeirinhas do partido à entrada da sala, com indicação de que as deviam agitar quando Carlos Gomes Júnior chegasse, "para o saudar". 

Foram muitas centenas, alguns de boné idêntico ao que usava Amílcar Cabral e usa por vezes, como hoje, "Cadogo", outros de bonés normais, de marcas famosas, poucos com chapéus de feltro e muitos com as roupas típicas da comunidade muçulmana, boné incluído. 

Quase todos a rigor para apoiar o Primeiro - ministro, as mulheres com vestidos longos, coloridos e bordados, e lenços a condizer, algumas maquilhadas, outras perfumadas. "Saímos do leste para virmos pedir à direcção do partido para ser Carlos Gomes Júnior o candidato do PAIGC", disse uma delas, Matilde.

E todos deram vivas a Carlos Gomes Júnior, ao PAIGC, à zona leste. "Bandeirinhas arriadas" a saudar ministros, deputados e o presidente do partido, que no governo fez com que começasse a haver salários na função pública, como disse um dos apoiantes. 

Carlos Gomes Júnior não se demorou em discursos, porque tinha um avião para apanhar para Adis Abeba, onde vai decorrer uma cimeira da União Africana. Mas para trás deixou, a avaliar pela manhã de hoje, um partido já organizado e preparado para as eleições de 18 de Março.

Guiné Bissau não fará novo recenseamento eleitoral para presidenciais antecipadas

Bissau - A Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau descartou, quarta-feira (25), a possibilidade do novo recenseamento eleitoral, assim como a conclusão da nova cartografia eleitoral para as presidenciais marcadas para dia 18 de Março, informa o correspondente da rádio VoA.


“A conclusão da nova cartografia eleitoral, os preparativos para a realização do novo recenseamento biométrico, na perspectiva das eleições deste ano, que vinha monopolizando a nossa atenção, passaram para segundo plano, a fim de focalizarmos só nas eleições presidenciais antecipadas", disse Desejado Lima da Costa, presidente da CNE, na cerimónia da tomada de posse dos presidentes das Comissões Eleitorais Regionais.


Para o responsável máximo da estrutura que coordena o processo eleitoral na Guiné-Bissau, a CNE não é o único actor no terreno em presença.


“A CNE não é o único actor nacional eleitoral. O sucesso da nossa missão depende, em grande medida, da contribuição e colaboração dos nossos parceiros internos e externos. E queremos desde já aproveitar esta oportunidade para agradecer e realçar o apoio inicial das autoridades, através do Ministério das Finanças que permite a CNE continuar a operar até estarem disponíveis os fundos imprescindíveis para a continuação do processo eleitoral."


O presidente da Comissão Nacional de Eleições exortou ainda a classe política guineense para que tenha em conta a relevância de observar, desde já, um espírito de “fair-play” e de responsabilidade, como forma de contribuir para preservar a tranquilidade e a normalidade de todo o processo eleitoral.

“A CNE não é o único actor nacional eleitoral. O sucesso da nossa missão depende, em grande medida, da contribuição e colaboração dos nossos parceiros internos e externos."

Arrancou processo eleitoral na Guiné-Bissau

Arrancou processo eleitoral na Guiné-Bissau

O presidente da Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau empossou, esta quarta-feira, os nove presidentes das Comissões Regionais de Eleições. Foi, assim, dado o início efectivo ao processo para as presidenciais antecipadas de 18 de Março.

Desejado Lima da Costa, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) empossou hoje os responsáveis das Comissões Regionais de Eleições (CRE), os mesmos que trabalharam nas últimas eleições, em 2009. Aos presidentes das CRE, Desejado Lima da Costa pediu dedicação e esforço redobrado.

O presidente da CNE aproveitou o momento para apelar ao Governo e à comunidade internacional para disponibilizarem "em tempo útil" os apoios financeiros anunciados para o processo eleitoral.

Ouvir (01:38)

Mussá Baldé, correspondente em Bissau
(01:38)
  

Noutro plano da actualidade guineense, o Ministro das Finanças, José Mário Vaz, anunciou o aumento entre 3% e 5% e já a partir de amanhã dos salários dos funcionários públicos. Pela primeira vez, o executivo guineense fixou o salário mínimo nacional em 30 mil francos CFA (cerca de 46 euros).

As palavras do Ministro das Finanças foram recolhidas pela agência Lusa. José Mário Vaz, que aproveitou para anunciar que até Março poderá haver um orçamento rectificado, devido a recursos aguardados de instituições como a UEMOA (União Económica e Monetária Oeste Africana), o BOAD (Bando Oeste Africano de Desenvolvimento) e BADEA (Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África).

Ouvir (00:21)

José Mário Vaz, Ministro guineense das Finanças
(00:21) 
 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Desenvolvimento depende de transição pacífica - FMI

fmi_logo

O FMI alertou hoje em Bissau que a estabilidade económica e o desenvolvimento da Guiné-Bissau dependem de uma estabilidade política e de uma «transição pacífica nos próximos meses» em ano de duas eleições.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu hoje uma missão à Guiné-Bissau que começou no passado dia 18 e que serviu essencialmente para «manifestar apoio» ao país num momento «bastante particular», disse o chefe da missão, Paulo Drummond.

A missão, disse, teve acesso a dados económicos preliminares e concluiu que «o desempenho económico continua a ser favorável», embora uma avaliação formal só deva ser feita no segundo semestre do ano.

Lusa

Autoridades discutem estratégias de combate ao sida para os próximos dois anos

Mapa da Guiné - Bissau

Bissau - Autoridades políticas e sanitárias da Guiné-Bissau estão reunidas em Bissau para, durante dois dias, discutir as novas estratégias do combate à sida, cuja taxa de prevalência é de 3,3 porcento no país.


No discurso de abertura do seminário, o ministro da Saúde guineense, Camilo Simões Pereira, afirmou que com a elaboração do novo plano estratégico nacional, PN3, o Governo está a colocar a sida no centro da agenda política do país, porque, frisou, o tratamento e o combate à doença é uma questão humanitária e de segurança.


Camilo Simões Pereira, lembrando o lema do fundador da nacionalidade guineense, Amílcar Cabral, durante a luta armada pela independência do país, afirmou que a "hora é de acção e não de palavras" no combate ao flagelo do sida na Guiné-Bissau.


O governante anunciou um conjunto de medidas que vão ser adoptadas pelo governo, nomeadamente o alargamento da assistência às pessoas portadores do vírus, a melhoria da legislação que protege os doentes e ainda a introdução de módulos sobre sida nos currículos escolares de cursos sobre a saúde pública.

Simões Pereira salientou que o Governo pretende acabar com novas infecções de sida até 2016, através da implementação do Plano Nacional de Saúde Pública.


O secretário executivo do Comité Nacional de Luta contra a Sida, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros João Silva Monteiro, disse ter gostado da abordagem nacional na luta contra a doença mas pediu ao Governo para que tome medidas concretas contra a descriminação de pessoas portadoras do vírus.


"Repudio as práticas inadmissíveis de descriminação às pessoas portadoras do HIV nomeadamente em serviços do Estado", disse João Silva Monteiro, explicando que certos serviços públicos não aceitam contratar pessoas portadoras do vírus mediante a apresentação de certificado de robustez física.


O responsável destacou igualmente a sua preocupação na implantação da estratégia nacional do combate à doença, com a aproximação de um "período de incerteza política" derivado das eleições presidenciais antecipadas.


"O país tem evoluído no combate à doença, mas o contexto político que se avizinha pode dificultar a implementação da estratégia de combate à sida", defendeu João Silva Monteiro.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

PM diz que é «candidato natural» do PAIGC às presidenciais

O primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, afirmou hoje que é o «candidato natural» do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) às eleições presidenciais de 18 de março.

As eleições presidenciais antecipadas foram convocadas pelo Presidente interino, Raimundo Pereira, após a morte do chefe de Estado guineense, Malam Bacai Sanhá, a 09 de janeiro, em Paris, onde estava em tratamento médico desde novembro do ano passado.

MB/VM.

Lusa

Incêndio em contentor mata vigilante natural da Guiné-Bissau

Fazia segurança às obras de novo hotel no Parque das Nações                                                   

           Familiares de Liveriano Pereira

Um vigilante que fazia segurança ao estaleiro de obras do novo hotel da Torre Vasco da Gama, no Parque das Nações, em Lisboa, morreu ontem de manhã na sequência de um incêndio num contentor

 

Liveriano Pereira, de 45 anos e natural da Guiné-Bissau, terá morrido devido à inalação de fumos. Segundo o CM apurou, o homem pernoitava no contentor e usava um recipiente metálico para queimar papel e madeira com o objectivo de se aquecer. Quando os colegas que estavam noutro estaleiro a cerca de 50 metros se aperceberam do fogo, pelas 07h00, já nada havia a fazer. O contentor estava totalmente tomado pelas chamas e Liveriano jazia no chão.

Os sapadores de Lisboa combateram o incêndio e a Polícia Judiciária foi chamada ao local para averiguar a origem do fogo. Nenhum responsável da obra quis falar sobre o sinistro.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Ministério Público promove audições sobre acontecimentos de 26 de Dezembro

Bissau - O Ministério Publico guineense ouviu,  quinta-feira, 19 de Janeiro, Manuel Dos Santos, embaixador da Guiné-Bissau em Angola, no âmbito do processo de investigação dos acontecimentos de 26 de Dezembro, um caso ligado a alegada tentativa de Golpe de Estado.

Manuel dos Santos, conhecido por «Manecas», foi inquirido na qualidade de declarante, mediante um processo muito espinhoso e que envolve altos oficiais das Forcas Armadas guineense, entre os quais, José Américo Bubo Na Tchuto, Chefe de Estado-maior da Armada, que ainda se encontra preso no aquartelamento de Mansoa, a 60 quilómetros de Bissau.


Manuel dos Santos está na capital guineense no âmbito das exéquias do antigo Presidente da República, Malam Bacai Sanha.
Coronel na reserva, Manuel dos Santos teve ligações privilegiadas com o ex-Presidente da Republica, Nino Vieira, tendo exercido, entre outros cargos, na então administração estatal, a função de ministro das Finanças.

Artigo de opinião - Novo ciclo político à vista em Bissau

A morte de Malam Bacai Sanhá a 9 de Janeiro lançou para a praça pública guineense um debate que a sua classe política discutia há muito em surdina. Desde a evacuação médica do Presidente para Dakar, e posteriormente para Paris, que a necessidade de abrir um novo ciclo político no país, capaz de fazer face aos desafios impostos ao país em prol da sua estabilização era debatida.

Face ao fracasso das acções de protesto do conjunto de partidos da Oposição Democrática nos últimos meses de 2011, e ao falhanço do Golpe de Estado de 26 de Dezembro do “narcobarão” Bubo Na Tchuto e do político Roberto Ferreira Cachéu, a morte de Malam Bacai Sanhá criou condições para uma nova luta no seio do PAIGC. De um lado, os “herdeiros” da ala política de Malam, os chamados “mambistas”. Do outro, Carlos Gomes Júnior, actual Primeiro Ministro guineense.


No campo mambista é grande a incógnita sobre o futuro. Malam nunca designou em vida quem seria o seu herdeiro, facto que pode levar a dissidências na própria ala. A ex-Ministra do Interior Satú Camará parece ser a figura principal da contestação, mas outros “mambistas”, como o conselheiro Presidencial Soares Sambú e o empresário Braima Camará, em tempos considerado como o Delfim de Malam apesar do seu historial criminal conturbado em Portugal, estão à espreita da oportunidade certa para discutirem o poder.


Já Carlos Gomes Júnior surge como o mais forte pretendente a reclamar o estatuto de candidato natural do PAIGC à Presidência da República Guineense. Quase no final do mandato, Carlos Gomes Júnior tem a seu favor, por um lado, a credibilidade que lhe é atribuída pela comunidade internacional, e por outro, o respeito de grande parte da população que lhe reconhece obra feita, nomeadamente no pagamento de salários da função pública, a negociação da dívida externa do país e o lançamento de múltiplos projectos para o desenvolvimento das condições de vida por toda a Guiné-Bissau.


Com o declarado apoio de Angola, Carlos Gomes Júnior tem sido capaz de ultrapassar os sucessivos obstáculos políticos e militares que têm marcado o seu mandato como Primeiro Ministro. Ultrapassou duas tentativas de Golpe de Estado, deu início ao processo de Reforma do Sector de Segurança e Defesa, e empenhou-se no combate ao narcotráfico, fenómeno que marcou os últimos anos da Guiné-Bissau..


Nas próximas semanas, o PAIGC deverá agendar com carácter de urgência o seu Congresso para definir qual o candidato do partido às presidências. Desta luta entre “mambistas” e “cadoguistas” sairá o “candidato natural” do partido para substituir Malam Bacai Sanhá.
Mas 2012 é também ano de eleições legislativas na Guiné-Bissau, e não é esperado que Carlos Gomes Júnior, agora sem uma oposição interna unida, venha a ter quaisquer dificuldades em impor o seu candidato para a Primatura Guineense. Ainda que sem confirmações, fontes diplomáticas angolanas em Bissau referem o nome de Domingos Simões Pereira como o principal candidato, não só pelo seu perfil profissional, mas sobretudo pelas capacidades demonstradas enquanto Secretário da CPLP.


A CPLP, cuja presidência é actualmente garantida por Angola, terá um papel decisivo no apoio à estabilização da Guiné-Bissau, e daí a necessidade de ter à frente do Governo alguém com conhecimento dos meandros de instituições internacionais. Embora em Bissau já se encontre a missão militar angolana Misang – em cujas instalações Carlos Gomes Júnior se refugiou durante os acontecimentos de 26 de Dezembro – fontes em Bissau referem a necessidade de um maior apoio internacional para a resolução dos principais desafios do país. “O combate ao narcotráfico, a continuação da reforma do sector de segurança e defesa, e o reforço da estabilidade do país não poderá ser entendido numa lógica bilateral Angola-Guiné-Bissau, mas sim no âmbito de uma organização como a CPLP e pelo reforço do apoio de países como Portugal”, referem deputados do PAIGC.

Rodrigo Nunes

(c) PNN Portuguese News Network

sábado, 21 de janeiro de 2012

Eleições antecipadas na Guiné-Bissau acordadas para 18 de Março

Os três principais partidos da Guiné-Bissau disseram esta sexta-feira à Lusa que concordam com a data de 18 de Março, anunciada pelo presidente interino, para a realização de eleições presidenciais antecipadas.

A posição do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) foi transmitida pelo porta-voz, Oscar Barbosa, do Partido da Renovação Social (PRS), pelo seu presidente interino, Ibraima Sory Djaló e a do Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento (PRID), por Abdu Mané, da direcção política do partido.

Oscar Barbosa diz que o PAIGC, no poder, está preparado para 18 de Março e na devida altura apresentará o seu candidato às eleições antecipadas, que decorrem do falecimento do Presidente, Malam Bacai Sanhá, no passado dia 9 deste mês.

"O PAIGC é um partido histórico e com responsabilidades perante este povo, pelo que estamos preparados para a ida às urnas. O PAIGC queria que se respeitasse na íntegra a data prevista na Constituição, mas compreende que tal não é possível devido ao facto de a morte do Presidente (Malam Bacai Sanhá) ter levado o país a ficar de luto durante alguns dias, aceita-se a data de 18 de Março", indicou o porta-voz do PAIGC.

Ibraima Sory Djaló, presidente interino do PRS, do ex-presidente guineense, Kumba Ialá, diz que o dia 18 de Março é a data avançada pelo seu partido nas consultas com o Presidente interino do país, Raimundo Pereira.

"18 de Março É a data que havia sido avançada pelo PRS, de modo que estamos plenamente de acordo com ela. Pensamos que com essa data estamos a respeitar a Constituição. O PRS está preparado para ir às urnas no dia 18 de Março", afirmou Sory Djaló, que lidera o PRS, desde que Kumba Ialá decidiu fixar residência, de forma voluntária, fora da Guiné-Bissau há mais de dois anos.

Kumba Ialá, que deverá ser o candidato às presidenciais pelo PRS, fixou residência em Dacar, no Senegal, mas muitas vezes viaja para Marrocos e Mauritânia. Isto desde que, em 2009, se converteu ao islamismo, passando a chamar-se Mohamed Ialá.

Concordante também com a data de 18 de Março está o PRID, fundado pelo ex-primeiro-ministro, Aristides Gomes, exilado em Dacar, Senegal, há mais de dois anos.

O porta-voz do PRID, terceira maior força política guineense, Adbu Mané afirma que embora se possa falar "numa ligeira violação da Constituição", o seu partido aceita a data anunciada pelo Presidente interino, Raimundo Pereira.

"Respeitamos a decisão do Presidente interino, pelo que estamos prontos para o dia 18 de Março. O PRID gostava que fosse no dia 9 de Março, como recomenda a Constituição, mas ainda que seja uma pequena violação da Constituição, aceitamos a data agora anunciada pelo Presidente da República interino", disse Mané.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Missão da União Europeia avalia situação política e reforma das Forças Armadas no país

Bissau, 18 jan (Lusa) - Uma missão da União Europeia (UE) iniciou hoje contactos com as autoridades da Guiné-Bissau para avaliar o andamento do processo político e as reformas no setor de Defesa e Segurança.

De acordo com o Embaixador Sean Doyle, chefe da unidade África Ocidental do Serviço Europeu para a Ação Externa, a missão, que permanece em Bissau até sexta-feira, vai analisar o cumprimento das medidas anunciadas pelas autoridades guineenses para combate à droga e a implementação da reforma das Forças Armadas.

"É também uma missão para compreender melhor os últimos acontecimentos (ataque ao quartel do exército perpetrado por um grupo de militares no dia 26 de dezembro) e também uma ocasião importante para transmitir ao Presidente interino as condolências da comunidade europeia pela morte do Presidente Malam Bacai Sanhá, que era muito respeitado na União Europeia", disse Sean Doyle, à saída de uma audiência com o Presidente interino guineense, Raimundo Pereira.

ONU afirma que estabilidade política na África Ocidental ainda é frágil

Nova York - A estabilidade está a criar raízes na África Ocidental, mas a fragilidade dos equilíbrios na região faz com que de um momento para o outro a situação se inverta. Esta é uma das conclusões da visita que o enviado da ONU fez à região, apresentada, segunda-feira, ao Conselho de Segurança.
Said Djinnit, representante especial do Secretário-Geral e chefe do Escritório da ONU para a África Ocidental, indicou que os progressos são ténues e podem ser minados pela presença de grupos extremistas, por exemplo, na Nigéria, ou por soldados que tentaram, alegadamente, obter armas à força na Guiné-Bissau.
Djinnit sublinhou ainda que as tensões existentes reduziram-se em número e intensidade, e nos países da região que organizaram eleições, o escrutínio chegou mesmo a ser considerado credível pela comunidade internacional.
No entanto, o responsavel recordou que é preciso manter a atenção, porque eventos como o que recentemente se registou na Guiné-Bissau demonstram que o progresso “é ténue”. Para o enviado especial, os países dessa região continuam vulneráveis a incidentes que podem pôr em causa a construção da democracia, promoção da estabilidade e construção da paz.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

CPLP acompanha novo ciclo na Guiné-Bissau

O Ministro das Relações Exteriores de Angola, Jorge Chicoty, reuniu-se na embaixada de Angola na Guiné-Bissau com o secretário executivo da CPLP, tendo ambos abordado os esforços com vista a pacificação e estabilidade naquele país.

O secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, entende que as instituições internas devem produzir consenso, para estabelecer uma nova data para a realização de eleições, apesar de a constituição estabelecer noventa dias para que os Guineenses escolham um novo presidente.


Domingos Simões Pereira disse que a CPLP acompanha com muita atenção este novo ciclo na Guiné-Bissau.


“A Guiné presta-se a entrar num novo ciclo político e a CPLP está a tomar as medidas necessárias para acompanhar. Eu penso que aí é importante permitir que as instituições internas, de forma livre e organizada, possam produzir os consensos necessários para estabelecer a data. Qualquer que for este consenso o importante é ter a comunidade internacional mobilizada para prestar a assistência necessária”, disse.

Eleições Presidenciais na Guiné-Bissau sem data marcada

Eleições Presidênciais na Guiné-Bissau sem data marcada

Raimundo Pereira, Presidente interino, reuniu-se hoje com os partidos políticos parlamentares.O encontro tem como objectivo a marcação das Eleições Presidenciais antecipadas na Guiné - Bissau.

A série de encontros entre Raimundo Pereira, Presidente interino, e os partidos com e sem assento parlamentar tem como objectivo a marcação das eleições antecipadas na Guiné - Bissau. Uma data que parece estar envolta em alguma polémica, uma vez que a Constituição guineense fala em sessenta dias para a realização do escrutínio e a lei eleitoral em noventa.

Desejado Lima da Costa, presidente da Comissão Nacional de Eleições-CNE, reconhece a contradição e acrescenta que no caso da CNE não será possível a realização de eleições nesse período, uma vez que ainda terão que fazer o recenseamento, processo que poderá durar cerca de trinta dias.

O presidente da instituição disse, ainda, que serão necessários cerca de três milhões de euros para realizar eleições presidencias antecipadas no país. Uma parte desse valor resultará de um esforço interno, outra de ajudas provenientes do estrangeiro.

Desejado Lima da Costa, presidente da Comissão Nacional de Eleições da Guiné - Bissau
 
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Desejado Lima da Costa, presidente da Comissão Nacional de Eleições da Guiné - Bissau
(01:29)
 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Presidente interino, Raimundo Pereira, convocou para hoje os partidos com assento parlamentar para tratar das eleições.

O Presidente interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, convocou para terça-feira os partidos com assento parlamentar para discutir a marcação das eleições presidenciais, disse hoje à Lusa fonte oficial.

Raimundo Pereira é o presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau e constitucionalmente é o Presidente interino da Guiné-Bissau, na sequência da morte do Presidente eleito, ocorrida na segunda-feira passada.

Também de acordo com a Constituição, as eleições presidenciais realizam-se no prazo de 60 dias, embora analistas e políticos tenham já considerado que é difícil cumprir esse prazo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Guiné-Bissau não tem condições para realizar eleições – PM

16-01-2012

O futuro do país que à 26 de Dezembro último conheceu mais um episódio de revolta de militares, está a ser preparado com todos os cuidados.

De acordo com a constituição da Guiné-Bissau, o Presidente da Assembleia Nacional assume agora interinamente a presidência do país, por um período de 90 dias, dando depois lugar a realização de eleições.


O primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, disse que o país não tem condições para realizar eleições em 90 dias e, por isso, será necessário negociar com os partidos políticos.


“Quanto às exigências constitucionais nós vamos negociar, depois das exéquias do presidente vamos sentar, para falar com os partidos políticos e ver se chegamos a um entendimento, porque o prazo é de facto curto para um país pobre, um país carente como a Guiné-Bissau. Fazer eleições em 90 dias é completamente impossível, porque primeiro temos que ter recursos financeiros e, segundo temos que ver a realidade do próprio país”, disse.


Carlos Gomes Júnior disse ainda que também há limites constitucionais do próprio presidente interino, isso faz com que tenham que acelerar o processo.

Milhares prestaram homenagem "sentida" ao presidente da Guiné-Bissau

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Malam Bacai Sanhá nas Ultimas eleições
(00:57
 

A Guiné-Bissau despediu-se, este domingo, do seu presidente, Malam Bacai Sanhá, num 'adeus' sentido em termos religiosos e com cerimónias marcadas pela emoção e uma afluência jamais vista no enterro de um guineense.

Milhares prestaram homenagem "sentida" ao presidente da Guiné-Bissau

 
(01:01) 
 
 
As mais de cinco horas de cerimónias protocolares do Estado no Parlamento e na fortaleza d'Amura não demoveram os milhares de guineenses e convidados estrangeiros do último adeus a Malam Bacai Sanhá, falecido na segunda-feira em França, vítima de doença prolongada.
 
Sob um calor abrasador, mesmo sabendo que os populares não poderiam ter acesso ao interior da Fortaleza d'Amura, onde decorriam as cerimónias fúnebres, ninguém quis arredar pé enquanto não terminasse a cerimónia.

Transportados em marcha lenta do Parlamento para a Fortaleza d'Amura, numa distância de cerca de três quilómetros, os restos mortais de Malam Bacai Sanhá só foram depositados na sepultura após uma homenagem das autoridades do país, incluindo o presidente interino, Raimundo Pereira, o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e a presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Maria do Céu Monteiro, e algumas individualidades estrangeiras.

Feitas as homenagens, pontuadas com a deposição de coroas de flores na campa do falecido Presidente, situada ao lado da de Amílcar Cabral (político africano falecido em 1973), os responsáveis políticos cederam o lugar aos líderes religiosos muçulmanos para procederem aos rituais islâmicos, já que Sanhá professava a religião islâmica.

Depois do enterro, Bacar Ducuré, um ancião que assistia às cerimónias, disse à Lusa que nos seus mais de 60 anos de vida jamais tinha assistido a uma homenagem "tão sentida como aquela que os guineenses deram a Malam Bacai Sanhá".

continuava com pessoas que espreitavam uma oportunidade para ir visitar a campa.

"Queremos entrar aí para irmos ver a campa do nosso presidente", disse à Lusa Segunda Cá, uma jovem estudante que se deslocou do bairro de Pluba, juntamente com os colegas, para prestar a última homenagem ao chefe de Estado.

Tal como se ouviu no sábado, quando o corpo era transportado do aeroporto para a sua residência, os guineenses voltaram este domingo a gritar "Mambas para sempre, glória eterna ao presidente".

"Mambas" era o diminutivo carinhoso pelo qual os guineenses tratavam Malam Bacai Sanhá.

 
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Raimundo Pereira
(01:30) 
 

domingo, 15 de janeiro de 2012

Corpo de Bacai Sanhá encontra-se em câmara ardente na sede da Assembleia Nacional Popular em Bissau

O funeral do Presidente da Guiné realiza-se, esta tarde, o corpo de Malam Bacai Sanhá está na sede da Assembleia Nacional Popular, em Bissau. É aí que personalidades guineenses e estrangeiras vão prestar a última homenagem.

Adesão do povo às cerimónias fúnebres de Sanhá demonstra empenho na estabilidade

Bissau, 15 jan (Lusa) - A grande receção do povo guineense às cerimónias fúnebres de Malam Bacai Sanhá "demonstra claramente" o empenho nos valores que o falecido Presidente defendia, de paz e estabilidade, considera o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português.

Em Bissau a representar Portugal no funeral do Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, Luís Brites Pereira disse hoje à Lusa que a sua presença é um sinal de solidariedade do povo português e do Governo.

"O povo guineense é um povo irmão, um povo lusófono, não podíamos deixar de estar aqui presentes", disse o secretário de Estado à Lusa, no dia do funeral de Malam Bacai Sanhá.

© 2012 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Honras militares em Paris no adeus ao presidente da Guiné-Bissau

Saída da urna de Malam Bacai Sanhá no Aeroporto de Orly em Paris a 14 de Janeiro de 2012

Saída da urna de Malam Bacai Sanhá no Aeroporto de Orly em Paris a 14 de Janeiro de 2012

O avião privado do presidente senegalês descolou às 10h35 do Aeroporto parisiense de Orly levando a urna do chefe de Estado da Guiné-Bissau. Honras militares foram prestadas a Malam Bacai Sanhá no adeus ao presidente guineense falecido em Paris na segunda-feira de doença prolongada.

O ministro da cooperação, Henri de Raincourt, e o general de brigada, Denis Heck, foram as autoridades que representaram a França na cerimónia de adeus a Malam Bacai Sanhá em Paris.

Membros do corpo diplomático acreditados na capital francesa, com destaque para países lusófonos, estiveram representados no Aeroporto de Orly, ao sul de Paris, para além de membros da comunidade guineense.

A reportagem da RFI ouviu alguns populares, caso da viúva do antigo primeiro-ministro Paulo Correia.

Guineenses no adeus em Paris a Sanhá

14/01/2012

Guineenses no adeus em Paris a Sanhá
 
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(01:05)
 

Todos eles vieram prestar tributo ao presidente da Guiné-Bissau falecido na segunda-feira no Hospital militar parisiense de Val de Grâce vítima de doença prolongada.

Uma doença que não lhe terá dado tréguas ao longo dos pouco mais de dois anos de presidência, obrigando-a ser internado com alguma regularidade tanto em Dacar como em Paris.

Sanhá fora evacuado para Dacar e, depois, para Paris, já a 22 de Novembro de 2011, acabando por falecer na passada segunda-feira.

Na hora do adeus foram-lhe prestadas honras militares, a filarmónica da guarda nacional republicana entoou música fúnebre, para além dos hinos nacionais guineense e francês.

Embarcaram no avião de 40 lugares a comitiva de próximos de Malam Bacai Sanhá, incluindo a viúva e o seu filho e os mais próximos assessores do presidente defunto.

O aparelho privado do presidente senegalês Abdoulaye Wade chegou a Bissau depois das 15 horas, hora local.

Honras militares no Aeroporto de Orly em Paris perante a urna do presidente guineense Malam Bacai Sanhá

Miguel Martins/RFI

sábado, 14 de janeiro de 2012

Avião com o corpo do presidente guineense já está a caminho de Bissau devendo chegar à capital guineense pelas 14.00 horas.

O avião que transporta o corpo do presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, descolou do aeroporto de Orly, em Paris, este sábado de manhã, devendo chegar à capital guineense pelas 14.00 horas.

Avião com o corpo do presidente guineense já está a caminho de Bissau

Malam Bacai Sanhá

O corpo do presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, saiu do hospital de Val de Grâce, em Paris, este sábado de manhã, após uma pequena cerimónia que juntou a Guarda Republicana, familiares, representantes do Governo de Bissau e diplomatas.

O avião que transporta o corpo, a aeronave privada do Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, descolou de Paris às 10.35 horas (09.35 horas em Portugal continental).

O corpo do chefe de Estado guineense esteve no salão de honra do aeroporto, coberto com uma bandeira da Guiné-Bissau e tinha junto sete coroas de flores.

A acompanhar o corpo esteve uma comitiva de cerca de 100 pessoas, entre as quais o ministro da Cooperação francês, Henri de Raincourt, e o embaixador de Portugal em França, Francisco Seixas da Costa.

Na capital guineense estão previstos dois dias de cerimónias que terminam no domingo, quando o corpo for colocado num jazigo ao som de 21 salvas de canhão.

De acordo com o programa das cerimónias fúnebres, o corpo do Presidente será recebido com honras militares no aeroporto de Bissau, onde estarão entidades civis e militares, o corpo diplomático e representantes de organizações internacionais.

Uma guarda de honra fará soar o toque de clarim a anunciar a saída da urna do avião, que será recebida por seis elementos das Forças Armadas. A urna é depois coberta com a bandeira nacional e entregue oficialmente ao Presidente da República interino, Raimundo Pereira.

Depois de uma breve passagem pela casa onde vivia Malam Bacai Sanhá, a urna com os restos mortais do Presidente é exposta no salão do plenário da Assembleia Nacional Popular, onde ficará em câmara ardente até domingo, dia do funeral.

No domingo, as cerimónias começam às 08.30 horas, com a chegada da viúva e dos familiares de Malam Bacai Sanhá. Até às 11.00 horas, assiste-se à chegada de todos os participantes e nessa altura será lida a biografia do presidente por um antigo combatente da liberdade, e serão feitos dois discursos, um de um familiar e o último do Presidente interino.

Às 14.00 horas será feita uma cerimónia religiosa no pátio da Assembleia Nacional e só então o corpo é levado para Amura, entre alas de militares pelas ruas. Na fortaleza serão dados três tiros quando a urna chegar à porta de armas e disparadas 21 salvas de canhão no momento do enterro.

O presidente da Guiné-Bissau morreu, na segunda-feira, aos 64 anos, num hospital de Paris, onde se encontrava em tratamento médico desde Novembro.

Conselho de Segurança da ONU apela à obediência de militares

Nova Iorque, 13 jan (Lusa) - O Conselho de Segurança da ONU condenou hoje o ataque a quartéis na Guiné-Bissau, no final de 2011, e apelou aos militares para que mantenham a obediência ao poder civil.

O comunicado do Conselho de Segurança foi divulgado esta tarde em Nova Iorque, na sequência de um briefing ao órgão sobre a Guiné-Bissau, feito terça feira pelo subsecretário geral da ONU para os Assuntos Políticos, Lynn Pascoe.

O ataque contra alvos militares a 26 de dezembro é condenado pelo Conselho, que saúda também as medidas do governo e das Forças Armadas para manter a ordem pública e a legalidade, investigar o episódio e julgar os responsáveis.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Presidente chinês lamenta "perda de um amigo sincero"

Pequim, 13 jan (Lusa) - O presidente chinês, Hu Jintao, manifestou o seu pesar pela morte do homólogo da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, que qualificou como "um amigo sincero", anunciou a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua (Nova China).

"Lamentamos a perda de um amigo sincero", disse o líder chinês numa mensagem de condolências enviada quinta-feira ao presidente interino da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira.

Segundo a Xinhua, o presidente chinês salientou que Malam Sanhá "valorizou" as relações com a China e "empenhou-se na salvaguarda da estabilidade e unidade nacionais e na promoção do desenvolvimento económico" da Guiné-Bissau.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

EUA reconhecem Raimundo Pereira como presidente interino da Guiné-Bissau, e oferecem ajuda à preparação de eleições

Os EUA anunciaram hoje que esperam colaborar com as autoridades guineenses na preparação das eleições, após a morte, na segunda-feira, do Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá.

«Esperamos colaborar com a comunidade internacional e trabalhar com o Presidente interino Pereira [Raimundo Pereira, presidente do parlamento, a exercer funções de chefe de Estado interinamente] na preparação do calendário das eleições», informa uma nota divulgada hoje pelo Departamento de Estado dos EUA.

A mesma nota dá conta da «satisfação» dos EUA em relação ao «bom trabalho conjunto» do Governo guineense e das Forças Armadas face a «uma ameaça interna contra a governação democrática», referindo-se à crise militar de 26 de dezembro de 2011, quando uma sublevação de militares foi controlada pelas autoridades, que prenderam 26 pessoas, incluindo o chefe da Armada, Bubo na Tchuto.

Lusa

Secretário-geral da ONU pede sucessão tranquila

O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou ao cumprimento das modalidades de sucessão na Guiné-Bissau, após a morte, em Paris, do Presidente da República, Malam Bacai Sanhá.


O apelo de Ban Ki-moon surge numa altura que alguns partidos da oposição dizem estar contra a substituição de Malam Bacai Sanhá pelo presidente do Parlamento bissau-guineense, Raimundo Pereira, como prevê a constituição do país.


Em comunicado, o secretário Ban Ki-moon diz esperar “que as modalidades de sucessão previstas na Constituição da Guiné-Bissau sejam totalmente cumpridas”, e assegura que as Nações Unidas estão prontas a apoiar o país.


O Secretário-Geral da ONU homenageou a liderança do Presidente Sanhá que, afirmou, “guiou a Guiné-Bissau numa altura particularmente difícil da sua história”.


O chefe de Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, proibiu, no dia da morte do Presidente bissau-guineense, qualquer interferência de militares nos assuntos políticos do país e ameaçou retirar a farda a quem desobedecer às suas ordens, afirmou uma fonte militar.


“É uma ordem! Não quero ver nenhum militar envolvido nos assuntos dos políticos”, disse António Indjai num encontro em Bissau com oficiais das Forças Armadas, para analisar a situação após a morte do Presidente Malam Bacai Sanhá, indicou a fonte militar.  A mesma fonte acrescentou que António Indjai informou aos militares que está “expressamente proibida a interferência de qualquer militar nos assuntos correntes do Estado” e que os militares “devem deixar aos políticos a condução de todo o processo, como prevê a Constituição”.


O chefe das Forças Armadas e o seu adjunto comunicaram ainda que o período de prevenção nos quartéis vai ser mantido nos próximos dias e instou os militares a manterem-se nas unidades.

A prevenção nos quartéis vigora no país desde a quadra de Natal.

Segundo a fonte militar, António Indjai foi peremptório: “não é permitida a movimentação de militares entre os quartéis. Quem se envolver, ficar à sua inteira responsabilidade e digo mais, vou-lhe tirar a farda”, afirmou o chefe das Forças Armadas do país. 

A morte do Presidente da República guineense ocorre duas semanas após uma nova crise militar no país, que provocou duas mortes e conduziu à prisão do chefe de Estado-Maior da Armada, José Américo Bubo Na Tchuto.


Malam Bacai Sanhá morreu num hospital em Paris, onde estava internado desde Novembro.


Eleito Presidente em 2009, Malam Bacai Sanhá, 64 anos, tinha problemas de saúde que o levaram a Dacar e a Paris, mas a causa da sua doença nunca foi esclarecida.


O presidente do parlamento, Raimundo Pereira, assume interinamente a Presidência desde a hospitalização de Malam Bacai Sanhá.


O Governo da Guiné-Bissau decretou sete dias de luto nacional pela  morte do Presidente da República, ocorrida em Paris.


Golpe constitucional


Os  partidos da chamada “Oposição Democrática da Guiné-Bissau” disseram estar contra a substituição do Presidente Malam Bacai Sanhá pelo presidente do Parlamento, Raimundo Pereira.


Em comunicado, a coligação da oposição, constituída por 15 forças políticas, afirma estar contra “a assunção do senhor Dr. Raimundo Pereira, actual presidente da Assembleia Nacional Popular à mais alta magistratura do país”.


O documento afirma que Raimundo Pereira “não merece a confiança dos partidos que compõem o colectivo da oposição democrática” e que o presidente do Parlamento “não deu garantias de democrata” quando desempenhou o cargo de Presidente interino após o assassínio do então Presidente João Bernardo 'Nino' Vieira, em Março de 2009. O colectivo da oposição, que conta apenas com dois partidos com representação parlamentar, sublinha ser irreversível a sua posição de rejeição de Raimundo Pereira para o cargo de Presidente interino da Guiné-Bissau.


A Constituição prevê que em caso de morte do Presidente da República, a presidência seja assumida interinamente pelo presidente do Parlamento até à tomada de posse de um novo chefe de Estado, após eleições num prazo de 60 dias.

Guiné-Bissau manifesta dor pela morte do Presidente da República

Depois do anúncio da morte do presidente Malam Bacai Sanhá, a cidade de Bissau acordou calma e, lentamente, retoma a normalidade. Os guineenses vão continuando a manifestar a dor pela perda daquele que consideram como o garante da estabilidade política e social do país.

Ramos-Horta lembrou "exemplo de determinação política" de Presidente guineense

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta,  lembrou hoje o "exemplo de determinação política" do falecido chefe de Estado  guineense, Malam Bacai Sanhá, mostrando-se convicto que o povo da Guiné-Bissau  saberá "honrar" o seu "enorme legado". 

"Lamento profundamente a perda do saudoso líder africano, exemplo da  determinação política na luta pelos valores da democracia, pela preservação  do normal funcionamento das instituições e pelo respeito pela ordem constitucional  no país", refere Ramos-Horta, numa carta enviada ao presidente da Assembleia  Nacional Popular da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira. 

Raimundo Pereira assumiu a presidência interina do país após a morte  de Malam Bacai Sanhá, na segunda-feira, em Paris.

Ramos-Horta afirma ter recebido com "consternação e tristeza" a notícia  do falecimento do Presidente da Guiné-Bissau, mostrando-se "convicto de  que o povo guineense e as suas instituições, civis e militares, saberão  honrar o enorme legado, prosseguindo os esforços para a consolidação do  desenvolvimento social e económico em clima de paz".

O Presidente guineense morreu na segunda-feira no hospital Val de Grâce,  em Paris, onde estava internado desde finais de novembro.

Eleito Presidente em 2009, Malam Bacai Sanha, de 64 anos, tinha problemas  de saúde nunca especificados, tendo-se deslocado por diversas vezes ao estrangeiro  para tratamentos.

O Governo guineense está a tratar da trasladação do corpo de Malam Bacai  Sanhá, tendo o chefe da diplomacia, Mamadu Djaló Pires, estimado que isso  poderá acontecer no sábado e o funeral no domingo. 

Lusa

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Oposição rejeita presidente do Parlamento na chefia de Estado interina da Guiné-Bissau

Bissau, (Lusa) -- Os principais partidos da chamada oposição democrática da Guiné-Bissau manifestaram-se ontem contra a substituição do Presidente Malam Bacai Sanhá pelo presidente do Parlamento, Raimundo Pereira, a quem acusam de alegadas irregularidades constitucionais no passado.

Em comunicado entregue à Agência Lusa, o coletivo da oposição democrática, constituído por 15 forças políticas, afirma-se liminarmente contra "a assunção do senhor Dr. Raimundo Pereira, atual presidente da Assembleia Nacional Popular (Parlamento guineense) à mais alta magistratura do país".

"Essa entidade não merece a confiança dos partidos que compõem o coletivo da oposição democrática, por fazer parte e ser um dos pivôs da estratégia de silenciamento dos partidos da oposição guineense a ser executada pelo PAIGC do senhor Carlos Gomes Júnior", lê-se no comunicado assinado por Ibraima Sori Djaló, presidente interino do Partido da Renovação Social (PRS, de Kumba Ialá).

© 2012 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Mais de 16 embaixadores passaram ontem pela embaixada guineense em Lisboa

Lisboa - Mais de 16 embaixadores deixaram ontem (terça-feira) de manhã mensagens no livro de condolências que a embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa abriu após a morte do Presidente, Malam bacai Sanhá, em Paris.

O Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, morreu segunda-feira no hospital militar Val de Grâce, em Paris, e a embaixada guineense em Lisboa abriu um livro de condolências, que estará disponível entre as 10:00 e as 12:30 e das 14:00 às 16:00 entre hoje e sexta-feira.

"São palavras de encorajamento, de solidariedade, de que a Guiné não está só porque os seus povos estão connosco", disse o embaixador Fali Embaló à Lusa, referindo-se às mensagens deixadas pelos embaixadores que até às 12:00 haviam passado pela embaixada.

O embaixador de Angola, José Marcos Barrica, foi o primeiro a escrever no livro, seguindo-se representantes de países como o Senegal, a Noruega, o Panamá, a Estónia, o Koweit, do Chile, bem como o embaixador do Brasil junto da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP).

"Fiquei muito comovido com a conversa que tive com os colegas de Angola, Senegal e Noruega", destacou Fali Embaló.

Em declarações à Lusa após assinar o livro de condolências, colocado numa pequena sala da embaixada, junto a uma imagem de Malam Bacai Sanhá e a uma bandeira da Guiné-Bissau, o embaixador do Chile, Fernando Ayala González, considerou que a morte do Presidente guineense é "uma perda para o movimento democrático mundial".

Malam Bacai Sanhá, afirmou o diplomata, era "um lutador pela liberdade e a independência do seu país e também por afirmar a democracia".

Questionado sobre o impacto que o desaparecimento de Malam Bacai Sanhá poderá ter na estabilidade política da Guiné-Bissau, o embaixador guineense defendeu que, por se tratar de uma morte natural, "pode unificar ainda mais os guineenses".

"Penso que isto pode reforçar ainda mais as relações de amizade que existem entre as diversas etnias, rumo ao desenvolvimento do país", disse.

Argumentando que a memória do Presidente, "como estadista, como homem de paz e de cultura, merece respeito", o embaixador apelou a "todas as forças vivas da nação" para que promovam a coesão e levem o país até às próximas eleições.

Sobre a comunidade guineense em Portugal, o embaixador afirmou que já houve quem tivesse passado na embaixada, mas manifestou-se confiante de que mais pessoas irão deixar as suas mensagens no livro de condolências.

"Temos uma importante comunidade e eu conto com eles", disse.

Eleito Presidente em 2009, Malam Bacai Sanhá, de 64 anos, tinha problemas de saúde que o obrigava a deslocar-se várias vezes a Dakar e a Paris. Até hoje nunca foi esclarecida a verdadeira causa da doença.

MNE guineense prevê trasladação do corpo do Presidente no sábado e funeral no domingo

Paris, (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau disse hoje à agência Lusa que, "em princípio", o corpo do Presidente guineense, Malam Bacai Sanha, será transladado no sábado e que o funeral deverá realizar-se no domingo.

Depois de uma reunião em Paris com representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, o ministro Mamadu Djaló Pires afirmou que o Governo da Guiné-Bissau decidiu fretar um avião para transportar o corpo do Presidente e apontou as 10:00 de sábado (hora local, 09:00 em Lisboa e Bissau) para a saída da capital francesa.

"Estamos a pensar, numa primeira projeção, chegar a Bissau às 14:00. Haverá alguma cerimónia perante os familiares do Presidente e à noite o corpo será transportado para a Assembleia Nacional Popular, onde ficará e os cidadãos irão prestar a sua homenagem, para que no dia 15 sejam realizadas as cerimónias fúnebres", afirmou.

© 2012 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Presidente da República Interino dirige mensagem ao país

Bissau – O Presidente da Assembleia Nacional Popular, Raimundo Pereira, dirigiu, esta segunda-feira, 9 de Janeiro, uma mensagem à Guiné-Bissau na sequência da morte do antigo Presidente da República, Malam Bacai Sanha.

Na missiva, o Presidente Interino da República destacou a qualidade e a vida política de Malam Bacai Sanha, que considerou ter dedicado a sua juventude e vida à causa de libertação do povo guineense, à democracia e à afirmação do Estado da Guiné-Bissau no concerto das nações.


Raimundo Pereira reconheceu que o falecido Presidente viria a dirigir os destinos da Guiné-Bissau com sapiência e elevado sentido de Estado.


«A sua dimensão humana e de estadista fará com que a perda seja apenas física, na medida em que estamos certos de que a sua obra ira perdurar ao longo dos tempos, servindo de inspiração para as gerações futuras», lê-se na mensagem.


Em conclusão, Raimundo Pereira apelou aos guineenses a usarem as lágrimas que são vertidas em consequência da morte do Presidente da República para «regar e fazer crescer os valores que sempre foram mais caros, tais como a liberdade, a justiça, a reconciliação nacional, a paz, a estabilidade e a unidade nacional».

França pede eleições livres na Guiné-Bissau após morte de presidente

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, lamentou nesta terça-feira a morte do presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, morto na segunda-feira em Paris, e pediu que o país organize eleições livres o mais rápido possível.

Em carta enviada ao presidente interino, Raimundo Pereira, Sarkozy destacou que a população da Guiné-Bissau ficou "órfã" e acrescentou que neste "período difícil" o país deve ser conduzido "mais uma vez a uma transição pacífica e ordenada".

Na carta, divulgada pelo Palácio do Eliseu, Sarkozy pediu a Pereira que organize "rapidamente eleições livres e transparentes", e expressou suas condolências pela morte de um homem que dedicou sua vida a "preservar a união nacional e guiar seu país entre os empecilhos de uma vida política agitada".

O Ministério das Relações Exteriores francês se mostrou solidário ao luto do país e destacou a militância de Sanhá pela independência do país e seu combate pela liberdade, além de seu esforço para "guiar Guiné-Bissau pelo caminho do desenvolvimento e de uma democracia tranquila".

Um porta-voz desse departamento indicou que Sanhá deixou esse desejo como herança e, assim como Sarkozy, acrescentou que a morte do ex-presidente, aos 64 anos e após uma longa doença, representa "uma grande perda" para o país.

O Ministério ressaltou ainda o apoio francês às autoridades interinas para a continuação do legado de Sanhá, que ocupava a Presidência desde 2009, e a consolidação da democracia e o Estado de direito.