As reuniões preparatórias para a realização da próxima cimeira da União Africana (UA), marcada para 29 e 30 do mês em curso, bem como o arranque do processo eleitoral na Guiné-Bissau foram manchete no noticiário socio-político e diplomático africano dos últimos sete dias.
Na capital Etíope, Addis Abeba, várias reuniões vêm decorrendo ao longo da semana com destaque para a 20ª sessão do Conselho Executivo da organização e a 23ª sessão do Comité de representantes permanentes (CRP), em preparação da cimeira de chefes de Estado e de governo, que elegerá o presidente da Comissão da UA (CUA).
Sobre o encontro do Conselho Executivo, o primeiro a realizar-se após as revoluções árabes, abordou a questão da promoção do Comércio Intra-africano e analisou as candidaturas da sul-africana Nkozasana Dlamini Zuma e do gabonês Jean Ping para o cargo da Comissão desta organização continental.
Já na reunião do CRP, o actual líder da CUA Jean Ping considerou o ano 2011 como o período que maiores movimentações politicas, crises e conflitos registou, desde início dos processos de democratização na década 90, do século XX, no seio do continente africano, referindo-se às crises e conflitos antigos, bem como à “Primavera Árabe”, que trouxe mudanças constitucionais na Tunísia, Egipto e na Líbia.
Na ocasião foi também anunciado um montante de 350 milhões de dólares angariados pela CUA junto dos países africanos para apoiar à crise de seca e fome na região do Corno de África.
Mereceu igualmente relevo noticioso o arranque quarta-feira do processo eleitoral na Guiné-Bissau com o empossamento de nove presidentes das Comissões Regionais Eleitorais (CRE).
O presidente da Comissão Nacional das Eleições, Desejado Lima da Costa, conferiu posse aos responsáveis das CRE que trabalharam nas últimas presidenciais, também antecipadas de 2009, dando início efectivo ao processo para o escrutínio de 18 de Março, do qual o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior afirmou já ser o "candidato natural" do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Foi manchete da semana o anúncio dos resultados parciais das eleições legislativas na República Democrática do Congo (RDC) pela Comissão eleitoral que dão liderança ao partido do presidente Joseph Kabila e seus aliados.
Sexta-feira, a Comissão eleitoral divulgou cerca de 87% dos 500 assentos no Parlamento dos quais o Partido do Povo para a Reconstrução e Democracia (PPRD), do presidente Kabila, obteve 58 assentos, ficando na segunda posição o partido do opositor Etienne Tshisekedi, a União para a democracia e o progresso social (UDPS), com 34 assentos.
O destaque foi ainda para as tempestades no centro e sul de Moçambique que causaram já 25 mortes e deixaram cerca de 12 mil pessoas a necessitar de ajuda urgente, segundo um balanço divulgado terça-feira pelas autoridades moçambicanas.
A directora do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Dulce Chilundo, confirmou a morte de 16 pessoas na província da Zambézia, no centro do país, e nove em Gaza, no sul de Moçambique.
No Madagáscar, foi destaque o apelo da SADC para o regresso do presidente malgaxe deposto Marc Ravalomanana ao seu país sem ser detido o mais tardar até 29 de Fevereiro, na sequência de uma reunião da troika (África do Sul, Tanzânia, Zâmbia) realizada segunda-feira em Pretória que culminou com uma indicação de que o processo de pacificação social, a libertação dos detidos políticos e o regresso dos exilados malgaxes devem ser aplicados.
A situação na Nigéria assolada pela vaga de ataques mortíferos atribuídos à seita islamita Boko Haram marcou também o noticiário da última semana.
Na sequência dos últimos atentados, o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, demitiu quarta-feira o chefe da polícia, Hafiz Ringim, e nomeou Mohammed Abubakar como Inspector-geral da polícia interino, o qual justificou como um primeiro passo em direcção a reorganização da polícia afim de a tornar mais eficaz e capaz de fazer face aos desafios de segurança interna emergente", segundo um comunicado.
No mundo árabe, o destaque foi para a eleição segunda-feira do deputado islamita Saad al-Katatni, proveniente da Irmandade Muçulmana, como presidente da Assembleia do Povo egípcia.
Katatni recebeu 399 votos de um total de 496 na primeira sessão da Câmara, amplamente dominada pelas formações islamitas.
Por último, tiveram ainda respaldo noticioso durante a semana as reacções da oposição face à apresentação terça-feira da candidatura do presidente senegalês cessante, Abdoulaye Wade, para as próximas eleições presidenciais de 26 de Fevereiro no Senegal, o que levou ao Governo liderado por Wade a proibir a partir de quinta-feira até segunda-feira à meia-noite todas as manifestações políticas no país.
Sem comentários:
Enviar um comentário