domingo, 1 de janeiro de 2012

Força estrangeira"fora de questão"

Guiné-Bissau enfrenta desde a independência do país recorrentes actos de violência protagonizados principalmente por militares

O ministro da Defesa da Guiné-Bissau descartou, ontem, a presença de uma força militar estrangeira para ajudar a estabilizar o país e reafirmou a confiança das autoridades civis nas Forças Armadas Nacionais.


“A vinda de qualquer força estrangeira para a Guiné-Bissau está fora de questão. As nossas Forças Armadas já demonstraram várias vezes que têm capacidade de contornar a situação”, disse Baciro Djá no final de uma reunião com o presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, que visitou Bissau para se inteirar da situação actual do país, após os acontecimentos de segunda-feira.


Entretanto, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, apresentou armas e prisioneiros que considerou serem “provas de uma tentativa de golpe de Estado” no início da semana. “Até aqui não estava preocupado. Mas vendo as armas que eles tinham escondido, fiquei preocupado porque se tivessem conseguido o que pretendiam, o país hoje estava a ferro e fogo”, disse António Indjai.


Na mesma ocasião foram apresentados dois prisioneiros, o sargento José Babtista Sambé, da Marinha, e o soldado António Mário Cabral, em cujas casas se encontravam escondidas as armas apreendidas.
Implicados apresentados

Foram igualmente apresentados à imprensa 25 militares detidos por presumível implicação na tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau, incluindo o chefe de Estado-Maior da Armada José Américo Bubo Na Tchuto.


No decorrer da mesma conferência de imprensa, o ministro do Interior Fernando Gomes assegurou que a calma regressou à Guiné-Bissau, e que a “situação está sob controlo” após o ataque de militares amotinados, que visou a sede do Estado-Maior das Forças Armadas e duas unidades do exército. “Os cidadãos podem circular livremente e retomar as suas actividades quotidianas. A situação voltou à normalidade”, garantiu o ministro. O capitão Vilela Carlos, dos serviços de segurança militar, afirmou que continua à procura de suspeitos.
Um responsável do governo afirmou que um comandante da polícia foi abatido em Bissau por agentes de segurança que lhe atribuíram a responsabilidade da morte de um deles. O comandante foi abatido defronte a um comissariado de Bissau quando, segundo testemunhas e organizações da sociedade civil, se rendia às autoridades.


O responsável do governo confirmou a rendição e forneceu as primeiras explicações oficiais sobre as circunstâncias da morte.
A Guiné-Bissau está confrontada desde a independência total, em 1975, com recorrentes actos de violência protagonizados principalmente por militares.

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