segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Guarda nacional guineense deteve cinco pessoas, supeitas de estarem implicadas na morte de cidadão chinês

A Guarda nacional guineense deteve cinco pessoas supostas de estarem implicadas do assassinato de um homem de negocios chinês, Li Zhuosen, em Mafonco (região de Gabu, 170 km à Leste de Bissau), apurou fonte proxima da embaixada da China em Bissau.


Li Zhuosen, 42 anos, que vivia com a sua esposa ha muitos anos na Guiné-Bissau, foi friamente abatido, quarta feira passada no seu domicilio por um grupo de homens armados, apos lhe terem roubado o dinheiro que guardava com ele, confiaram as testemunhas.

A prisão dos suspeitos foi confirmada sexta feira à imprensa Xinhua pelo comandante Samuel Fernandes da Guarda nacional, que no entanto recusou-se a revelar a identidade das pessoas detidas.


Segundo fontes proximas do inquérito, um dos suspeitos detidos trabalha na povoação de Mafanco. A viatura a bordo da qual se encontravam os suspeitos detidos foi confiscada e guardada nos locais da Guarda nacional em Bissau, constatou Xinhua.

“Os dirigentes da Guiné-Bissau não cuidaram de criar o Estado” João Carlos Nobre Leite

Artigo de OPINIÃO : Militares à solta

by pasmalu 

O governo está na bancarrota, sem dinheiro para nada. Não há luz nem água na cidade de Bissau. Não há dinheiro para pagar os salários de Setembro. Não há dinheiro para nada.

O governo assalta todos os locais onde é suposto recolher receitas. Esvazia os cofres e parte para o local seguinte. O dinheiro arrecadado é para ser esbanjado entre os putos mafiosos do governo. O ministro das Finanças é uma figura de retórica. Não existe! O Nando Dódóte é quem manda e distribui os trocos que vão chegando.

Andam doidos a ver se algum doador incauto se aventura a contribuir para as eleições (o que é isso?...), para satisfazer os seus apetites insaciáveis. Contam com o apoio do "ingénuo" Ramos Horta que passa a vida a passear pelo estrangeiro e a elogiar as boas intenções destes golpistas, que todos sabem serem incompetentes e terem um pavor que as eleições lhes façam perder as mordomias sufragadas pelo golpe de estado de Indjai.

O pior foram as instruções dadas pelas chefias militares à soldadesca. Na impossibilidade de lhes pagar, incentivam-nos a assaltar pessoas, empresários, estrangeiros, para os roubar. E em caso de dúvida, matá-los.

Bissau e o interior do país estão a viver momentos de pavor.

Eles chegam pela calada da noite, sovam e matam as pessoas visadas e partem com o produto do assalto. Sejam eles chineses, libaneses e mesmo guineenses (a quem privilegiam para o roubo de gado).

Têm uma garantia dada pelo procurador-geral da República: em nome da legalidade, têm total impunidade.

LINK:  http://wp.me/p2u19d-kV

Viver com "os olhos vendados" até saber as letras, na Guiné-Bissau

Bissau, 29 set (Lusa) - Teresa N'Tomba, 40 anos, vivia com "os olhos vendados" até que a escola para adultos lhe mostrou o mundo, explicou a guineense à Lusa, relatando como a vida mudou depois de aprender a ler.

A maioria das mulheres da Guiné-Bissau entre os 15 e os 24 anos é analfabeta: os únicos dados disponíveis sobre alfabetização no país dizem respeito àquela faixa da população e indicam que apenas 40 por cento consegue perceber as letras.

Para atacar o problema, o Ministério da Educação alfabetizou cerca de 4000 adultos em 2012, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) através de financiamento do governo do Japão.

A implementação do programa arrancou em 2010 com suporte técnico do governo cubano, funciona em 60 pontos do país e estima-se que este ano consiga abraçar outros 5000 adultos.

Teresa, com seis filhos, foi uma das mulheres na aldeia de Lendem que aprendeu a ler e a escrever: ela e as colegas falaram à Lusa em crioulo, tal como fazem no dia-a-dia, mas seja em que língua for, as letras deixaram de ser desconhecidas.

"Muitos homens pensavam que nós só servíamos para estar casa", queixa-se Nita Sanha, 35 anos, mãe de três filhos e outra frequentadora das aulas, sendo hoje um exemplo de que o alfabeto é ferramenta para ajudar à igualdade de géneros.

Agora diz-se disposta a trabalhar "em tudo, num gabinete, como enfermeira ou como jornalista", refere, sem medo de entrar em domínios por tradição reservados aos homens.

Augusta Fula, 28 anos, também ganhou novos horizontes, porque já sabe "ler comunicados", mas com quatro filhos em casa prefere gabar-se de já conseguir distinguir "quando têm nota positiva ou negativa na escola".

Para além de ajudarem as famílias a vencer novos desafios, estas mulheres acreditam que são também uma mais-valia para as comunidades onde vivem, como seja, no acesso a serviços de saúde e prescrição de medicamentos.

"Antes, quando os médicos escreviam uma receita, não sabíamos nada, mas hoje conseguimos ler e ter um lugar na sociedade", referiu Isabel N'Coq Imbali, 39 anos, mãe de cinco filhos.

Todas têm um pedido em comum: querem que o UNICEF continue com o projeto, porque os maridos "também não sabem ler, mas têm vergonha de estar na mesma classe da mulher", conta Augusta Fula.

Ou seja, encontrar nestas turmas um homem como Tóbana Tchenque, 40 anos, pai de seis filhos, é uma exceção, mas ele dá graças por ter acompanhado as mulheres.

"Agora quero continuar", contou o lavrador à agência Lusa, reconhecendo que aquilo que conquistou o ajuda muito: "no mercado eu não conseguia falar com ninguém" e no hospital "quando o médico começava a escrever, ficava com medo", atitudes que mudaram depois de perceber os papéis com que é confrontado.

Nestas ações de alfabetização, aprender a usar o abecedário leva três meses, com aulas de duas horas, de segunda a sexta, explica Braima Indjai, representante do departamento de alfabetização do Ministério da Educação.

Depois, seguem-se outros dois níveis de aperfeiçoamento, igualmente divididos por diferentes trimestres cada.

Mas a principal preocupação reside agora em criar formas de alfabetização funcional, ou seja, em que é dado emprego a quem aprende a ler e a escrever, para que "não esqueçam tudo, passados três ou quatro meses em casa".

Em Lendem, as mães prometem praticar um pouco todos os dias, que mais não seja, com os filhos, que são hoje mais encorajados a trazer boas notas da escola.

Agência Lusa

domingo, 29 de setembro de 2013

combate à droga deve ser na origem e no destino

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Presidente interino diz que estratégia vai desencorajar fluxo por nações como o seu território; líder interino considera cooperação de potências mundiais com conhecimento e tecnologias.

Apreensão de cocaína. .

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque

O presidente interino da Guiné-Bissau, Manuel Serifo Namadjo, disse que os esforços de combate à droga devem ser concentrados nos pontos de produção e de consumo.

Com a aplicação da proposta, avançada em entrevista à Rádio ONU, o líder disse acreditar que não haverá passagem da droga por países como o seu.

Tecnologia

"Há dois pontos essenciais que já estão identificados. Agora a passagem não deve ser tida como causador de todos os males. Nós somos, infelizmente, uma estrada para o produtor levar ao consumidor. Se nós conseguirmos juntar esforços e combater na produção e desencorajar o consumo, certamente não haverá passagem por nossos países, por isso, é uma luta que tem que associar todas as forças. Os países desenvolvidos têm mais tecnologia para intercetar estes traficantes e ajudar os países vítimas, neste caso o meu país, de apetrechá-los de meios para combater este mal."

O Escritório da ONU sobre Drogas e o Crime, Unodc, afirma que entre 2005 a 2011,  a Guiné-Bissau teve a maior apreensão de cocaína  na África Ocidental. O país é considerado um dos principais corredores do narcotráfico da América Latina para várias regiões do planeta.

Dificuldades

Para o caso guineense, Namadjo disse que a luta contra a prática deve ser coordenada com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, Cedeao. O presidente interino guineense falou à margem da Assembleia-Geral.

"Não acredito que um país sozinho possa combater o tráfico de drogas, tem que ser articulado com a sub-região. E muitas das vezes, esta prática aproveita os países com fragilidade para poder utilizá-lo como uma porta de entrada. E a Guiné-Bissau com as dificuldades que tem e ainda mais agravada com os sucessivos conflitos terá muita dificuldade para sozinha fazer face a isso. Por isso, nós podemos dizer que estamos dispostos a combater dentro de uma estratégia comum da sub-região. Para que a sub-região, por exemplo da Cedeao possa erradicar este mal. Mas a Guiné-Bissau sozinha não terá condição."

Proveniência

Questionado sobre o possível papel de potências mundiais no combate à droga no seu país, o líder interino disse que estes têm conhecimento sobre a sua proveniência e destino.

Em setembro, o enviado do secretário-geral na Guiné-Bissau, Ramos Horta, anunciou a intenção do envio de uma carta da liderança guineense à ONU a pedir uma comissão internacional para investigar o tráfico de drogas e o crime organizado.

A nível interno, Serifo Namadjo defende que, para pôr fim ao fenómeno, é necessário restruturar os serviços e obter equipamentos que devem permitir um combate eficiente ao narcotráfico.

Governo de Caboverdeano quer que comunidade guineense seja uma ponte de entendimento e progresso entre Guiné- Bissau e Cabo Verde

O Governo considerou ontem na Cidade da Praia, que o 1º Congresso da Diáspora Guineense em Cabo Verde “é já um marco”, augurando que esta comunidade seja uma ponte de entendimento e progresso entre os dois países.


A consideração foi feita pelo ministro da Presidência do Conselho de Ministros e da Defesa Nacional de Cabo Verde, Jorge Tolentino, na abertura do evento, que acontece de desde de ontem e que vai até domingo sob o lema «Unidos pela Guiné-Bissau - Um Contributo da Diáspora”, para compor um quadro de propostas e soluções com vista a superar os principais entraves do desenvolvimento da Guiné-Bissau.

“É fundamental que a comunidade guineense seja uma ponte de entendimento e progresso entre os nossos dois países, o mesmo se aplica, naturalmente, aos cabo-verdianos que vivem e labutam na Guiné-Bissau”, precisou.

Por isso, segundo Jorge Tolentino, esforços continuarão a ser feitos no sentido de boa integração da comunidade guineense no arquipélago, entre eles o processo de regularização especial dos guineenses que vivem no arquipélago, o acesso a cuidados básicos da saúde e participação nas eleições autárquicas.

Contudo, reconheceu o governante que, “ainda há trabalhos por fazer e aspectos por aperfeiçoar” como, por exemplo, no que se refere à previdência social e regulação do mercado de trabalho, existindo neste particular “enormes desafios por e vencer”.

“Também aqui nesta oportunidade, reitero o compromisso do Governo no sentido de assegurar mais ganhos nestes particulares domínios, ou seja, na previdência social e na regulação do mercado de trabalho”, indicou.

Por outro lado, considerou ser “reconfortante” que este congresso tenha lugar em Cabo Verde, augurando que o evento seja “bem-sucedido” e que signifique um contributo “marcante” para a contínua melhoria das condições de vida e de participação cidadã da diáspora guineense e, pela via do seu exemplo, de outras comunidades aqui no arquipélago.

Aproveitou ainda para felicitar a todos os guineenses presentes pelo 40º aniversário da Independência da Guiné-Bissau, assinalado a 24 de Setembro, acrescentando que, “não é por acaso” que em Cabo Verde “se vive com interesse e preocupação os sucessos e percalços do povo guineense”, desejando que o futuro a que aquele país tem direito seja de desenvolvimento e de respeito pela dignidade da pessoa humana.

Jorge Tolentino referiu ainda que os guineenses são a maior comunidade estrangeira em Cabo Verde, estando predominantemente ligada às áreas de serviços, comércios, profissões intelectuais e científicas, bem como profissões não qualificadas, conforme o Perfil Migratório de Cabo Verde editado em 2009.

Fonte: Inforpress/ExpressodasIlhas

Alguns elementos da Guarda Nacional estarão envolvidos em homicídio de cidadão chinês

Bissau - Alguns elementos da Guarda Nacional estarão envolvidos no assassinato de um cidadão de nacionalidade chinesa na Guiné-Bissau, que decorreu a 24 de Setembro.

O crime aconteceu na povoação de Galomaro, região de Bafatá, Leste do país quando, durante um assalto na propriedade do cidadão chinês, os suspeitos acabaram por se apoderar de um cofre pertencente a uma empresa de corte de madeiras.


De acordo com uma fonte da PNN, no grupo dos presumíveis autores do crime figuram elementos das Forças Armadas, concretamente do Regimento de Pára-Comandos, que estiveram recentemente envolvidos numa acção de tiroteio com a Policia de Ordem Pública (POP), no Bairro Militar em Bissau, tendo provocado ferimentos graves num dos agentes da Polícia Nacional.


Contactada pela PNN, uma fonte do Comando-geral da Guarda Nacional disse que não é oportuno falar do assunto mas indicou que alguns destes elementos já se encontram detidos junto das instalações do organismo.


O assunto já e do conhecimento do Embaixador da China na Guiné-Bissau, que esteve com o Comissário Nacional da POP, onde lhe foi garantido que os autores do homicídio já se encontram detidos.


De referir que, aquando da situação de troca de tiros no Bairro Militar, os oficiais envolvidos na operação foram detidos pelo Estado-Maior, acabando agora por participar em mais uma acçao criminal.
Os restos mortais do cidadão chinês encontram-se na morgue no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau.

Fonte:  PNN Portuguese News Network

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"Somos os primeiros a reconhecer os desvios da Guiné-Bissau"

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Afirmação foi dada pelo presidente de transição do país durante discurso na Assembleia Geral; Manuel Serifo Nhamadjo declarou ser um "democrata por convicção" que não foi "mandante de ações golpistas".

Manuel Serifo Nhamadjo

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O presidente de transição da Guiné-Bissau explicou à Assembleia Geral das Nações Unidas a trajetória política do país desde o golpe militar cometido a 12 de abril do ano passado.

Ao discursar na 68ª sessão de alto nível do órgão, Manuel Serifo Nhamadjo pediu solidariedade da comunidade internacional.

Paciência

"A pessoa que vos fala neste preciso momento subiu a esta tribuna para pedir a vossa paciência, solicitar a vossa compreensão. Sou presidente da República de Transição da Guiné-Bissau e esta designação transmite algo que é particular e excepcional. Um golpe militar tinha deposto um presidente da República interino e um primeiro-ministro auto-suspenso e lançado numa campanha eleitoral inconclusa para a presidência da República. Perante uma tal situação, perguntamos: 'então, o que fazer?'"

Ele relembrou o perído pós-golpe, dizendo ter sido necessário "controlar os seus efeitos e limitar seu alcance institucional", além de lidar com duas tomadas de posição, uma delas, "embaraçosa", segundo o presidente Nhamadjo.

Democracia

"Tentaram por todos os meios aplicar a forma de quanto pior fosse para a Guiné-Bissau, tanto melhor. Somos uma democracia, é verdade, não obstante todos os defeitos, todas as violações da razão democrática do Estado, tantos desvios que nós somos os primeiros a reconhecer. Passe a imodéstia, eu sou um democrata por convicção amadurecida e que nunca fui golpista, nem mandante de ações golpistas."

Nhamadjo assumiu a liderança do país após a saída dos militares. Durante o seu discurso, o presidente de transição destacou que a Guiné-Bissau terá eleições presidenciais e legislativas a 24 de novembro.

De acordo com o presidente de transição, o país é vítima de dois males, a "pobreza e a instabilidade política" e salientou ser um desafio "sair dessas duas armadilhas".

Cplp

Manuel Serifo Nhamadjo agradeceu o apoio que as Nações Unidas e os países lusófonos têm dado à Guiné-Bissau.

"Timor amigo, que tem demonstrado um notável espírito de cooperação com o meu país, numa demonstração de que realmente são nos momentos mais difíceis que os amigos se conhecem. Igualmente agradecemos ao presidente (de Moçambique) Armando Guebuza, presidente em exercício da Cplp, pela justa apreciação que fez do processo político no meu país, pelo seu encorajamento e apelo à comunidade internacional a contribuir financeiramente à realização das eleições gerais no meu país."

O presidente em transição também destacou o papel do representante especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau, José Ramos Horta, pela "excelente contribuição que tem dado à normalização política" da nação.

*Apresentação: Denise Costa.

UNICEF inicia inquérito sobre a vida das crianças e mulheres na Guiné-Bissau

Um mês para recolha de informações em 100 indicadores, como educação, saúde, saneamento, bem-estar, etnia e religião.

A UNICEF iniciou esta quinta-feira a realização do V Inquérito aos Indicadores Múltiplos na Guiné-Bissau, a principal recolha de dados à vida das crianças e mulheres.


O inquérito é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância, em colaboração com diversos parceiros internacionais e com o Governo de Transição e é considerado um "instrumento valioso" para "ajustar programas e estratégias para um novo ciclo na Guiné-Bissau".

 
Até final de outubro, vai ser atualizada a cartografia guineense e testados os questionários que serão aplicados no MICS para as equipas avançarem depois para o terreno. De acordo com a UNICEF, será feita uma recolha de informações junto de agregados familiares e amas de crianças com dados relativos a mais de 100 indicadores relacionados com educação, saúde, água e saneamento, bem-estar económico, etnias e religiões. O objetivo é obter dados que ajudem "na definição e implementação de intervenções objetivas a favor da criança e mulher guineenses".


O último MICS realizado na Guiné-Bissau recolheu dados entre 12 de março e 11 de julho de 2010. Entre outras informações, o documento evidenciou que 32% das crianças guineenses com menos de cinco anos sofre de atraso de crescimento moderado a severo e que apenas são registados um quinto dos bebés até aos 59 meses.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Guiné-Bissau fora do exercício militar Felino 2013 da CPLP

Os exercícios militares da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), denominados Felino 2013, decorrem neste mês no Brasil sem a presença das tropas da Guiné-Bissau, país que vem sendo governado por “golpistas” há mais de um ano.

26 Setembro 2013

Guiné-Bissau fora do exercício militar Felino 2013 da CPLP

O treino visa a participação das forças militares em operações de paz e assistência humanitária, sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU). As acções ocorrerão até o dia 27 de Setembro, no litoral do Espírito Santo, Brasil.

Aproximadamente mil militares brasileiros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e outros países de Angola, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste participam dos treinos.

A operação é planeada para um ciclo de adestramento de dois anos, alternadamente, em formatos de Exercício de Carta (EC) e de Forças no Terreno (FT). No EC, a acção ocorre por meio de rede de computadores, ao estilo “jogo de guerra”. Já no formato FT, as actividades se desenrolam em campo, com tropas no terreno da nação hospedeira, neste caso o Brasil, que deverão cumprir o planeamento que foi elaborado pelo Estado-Maior Conjunto Combinado.

Cenário Fictício

A Felino é ambientada em um cenário fictício entre dois países de língua portuguesa: o Verde e o Amarelo. Ambas disputam uma área em que se encontra em litígio. Após acordos internacionais, fica decidido que este território passa a pertencer ao país Amarelo, que indemnizará a população Verde instalada no local, pelas benfeitorias construídas.

No entanto, esta acção não ocorre e um grupo paramilitar começa a hostilizar essa população. A Organização das Nações Unidas, em comum acordo com os países em conflito, decide criar uma missão específica para manutenção da paz na região, convidando os Estados-membros da CPLP para integrar uma Força Tarefa Conjunta Combinada que dará segurança à área.

Felino 2013

A edição de 2013, no Brasil, acontece no formato de Forças no Terreno. Durante a operação, dois eventos são considerados importantes. O primeiro deles, ocorreu na segunda-feira (23), é com um desembarque de anfíbios, com emprego de um Navio de Desembarque de Carro de Combate (NDCC), na praia de Itaóca, no litoral capixaba.

Esta quinta-feira, 26, acontece o “Dia do Visitante Ilustre”. Nesta data, as tropas farão uma apresentação especial, com a presença do ministro da Defesa, Celso Amorim, além dos chefes de Estados-Maiores dos países da CPLP, e demais autoridades civis e militares. Os convidados assistirão a um desembarque de Carros Lagarta Anfíbio (CLAnf) e a uma apresentação sobre a Felino, além de conhecer as instalações da Base “Rachel de Queiroz”, em Itaóca.

A operação contará com 57 veículos; um NDCC; um Navio Patrulha Oceânico (NPaOc); dois helicópteros Super Puma e um Esquilo; 18 viaturas leves (jipes, Land Rover, entre outros); 14 pesadas (caminhões); cinco do tipo “Piranha” e sete “cavalo mecânico”; e sete CLAnfs.

Os exercícios da Felino começaram no ano 2000, em Portugal, a partir de a decisão dos Ministérios de Defesa dos países da CPLP em colocar em prática as operações. Desde então, as acções acontecem anualmente. A última edição ocorreu em Moçambique. Segundo normas da CPLP, Brasil, Angola e Portugal sediam os exercícios do tipo FT, e, as demais nações, as operações em Carta.

Fonte: Ministério de Defesa do Brasi

Xanana Gusmão e Mari Alkatiri visitam a Guiné-Bissau em Outubro

Díli,  O secretário-geral da Frente Revolucionária da Independência de Timor-Leste (Fretilin), Mari Alkatiri, anunciou que vai visitar em Outubro a Guiné-Bissau juntamente com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão

Primeiro Ministro de Timor-Leste Xanana Gusmão

Vou numa delegação do Estado de Timor-Leste, porque Timor acha que tem a obrigação de se solidarizar com o povo da Guiné-Bissau. O primeiro-ministro, eu e Ramos-Horta, que já lá está, estaremos todos em Bissau para ajudar o povo da Guiné-Bissau a pelo menos visualizar algo diferente para o seu futuro", afirmou Mari Alkatiri, citado pela agência Lusa.

  
O secretário-geral da Fretilin, na oposição em Timor-Leste, falava num jantar em Díli que reuniu dezenas de guineenses, timorenses e portugueses para assinalar o 40º aniversário da proclamação da independência da Guiné-Bissau.

 
Mari Alkatiri afirmou que a delegação de Timor-Leste estará na capital guineense entre 04 e 05 de Outubro.

 
Na passada quarta-feira, em declarações à Lusa, o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, garantiu que Timor-Leste está disponível para dar assistência à Guiné-Bissau.

 
A 12 de Abril de 2012, na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais da Guiné-Bissau, na sequência da morte por doença do presidente Malam Bacai Sanhá, os militares derrubaram o primeiro-ministro e o presidente interino.


A Guiné-Bissau está a ser administrada por um governo de transição, que pretende realizar eleições ainda este ano. 

Guiné-Bissau vai ter Rede dos Defensores dos Direitos Humanos

Bissau - Entidades e personalidades da Guiné-Bissau vão criar uma Rede Nacional dos Defensores dos Direitos Humanos para dar mais condições de trabalho e protecção a quem lida com o assunto, disse nesta quarta-feira fonte da organização.

A rede vai ser apresentada no 1º Fórum das Organizações da Sociedade Civil, que decorre na quinta e na sexta-feira, em Bissau.
Este encontro acontece depois de a Organização das Nações Unidas (ONU) ter condenado os recentes interrogatórios de forças de segurança e militares a figuras públicas.

 
O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Luís Vaz Martins, um dos organizadores do fórum, foi intimado e questionado pela Policia Judiciária no final de Agosto por causa de um comunicado em que desmentiu informações dadas pelo chefe das Forças Armadas, António Indjai.

 
Já este mês, um comentador da Rádio Bombolom FM, em Bissau, foi interrogado pelos serviços de contra-inteligência e levado a tribunal militar depois de ter criticado as recentes promoções de oficiais. 
Em ambos os casos, os inquiridos foram ouvidos durante várias horas até serem dispensados pelas autoridades.

 
O fórum de quinta e sexta-feira é promovido por organizações da sociedade civil guineenses em colaboração com o sistema das Nações Unidas e com a Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (Swissaid).

 
A apresentação e discussão dos termos de referência e dos estatutos da Rede Nacional dos Defensores dos Direitos Humanos estão marcadas para a manhã de sexta-feira.

 
Outros temas serão discutidos já a partir de quinta-feira, tais como "participação política da sociedade civil no processo eleitoral" e "experiência internacional no domínio das eleições e direitos humanos".

 
A abertura do fórum contará com intervenções do representante da ONU em Bissau, do coordenador nacional da Swissaid, do presidente da Assembleia Nacional Popular e ainda de um representante das organizações da sociedade civil guineense. 

CPLP: eleições na Guiné-Bissau "tecnicamente já não possíveis"

Sete ministros representantes dos países da CPLP concordaram quarta-feira, em Nova York, que "tecnicamente já não será possível" a realização de eleições na Guiné-Bissau em 24 de novembro, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete.

A situação do país, que está sob um Governo de transição desde que o golpe de Estado de 12 abril de 2012, dominou o almoço de trabalho dos ministros da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), realizado quarta-feira em Nova York, à margem da 68ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O chefe da diplomacia portuguesa explicou que o representante da Guiné-Bissau não esteve presente no almoço porque a organização "não reconhece, desde o princípio, legitimidade a este Governo".

Segundo o calendário estabelecido com a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o país devia realizar eleições gerais em 24 de novembro e terminar com o periodo de transição em 31 de dezembro, mas os ministros reunidos concluiram que os prazos não serão cumpridos.

Rui Machete disse que existe a preocupação de encontrar "soluções credíveis e exequíveis que permitam um regresso à estabilidade e evitem uma solução mais ou menos artificial ou um Governo fantoche".

"Tivemos alguma hesitação entre a pressão que resulta de exigir que as eleições se realizem em 24 de novembro e o realismo de reconhecer que isso já não será possível", admitiu Machete.

O chefe da diplomacia portuguesa disse acreditar que, "tecnicamente, não é possível, porque há problemas de recenseamento e de financiamento" e sublinhou que "há, sobretudo, um problema político."

A CPLP é integrada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau (suspensa da organização), Moçambique, Portugal e Timor-Leste.

Em 15 países mulheres ainda precisam de autorização do marido para trabalhar, diz Banco Mundial

É o caso de Bolívia, Irão e Síria. Na Guiné-Bissau, há uma particularidade, já que elas podem entrar com recurso na justiça pedindo anulação da proibição do marido, alegando defesa do interesse da família.

Washington - Washington - Apesar dos progressos conquistados em relação aos direitos das mulheres e a igualdade de gênero, elas ainda precisam ter autorização do marido para trabalhar em pelo menos 15 países.

O dado faz parte de um estudo apresentado pelo Banco Mundial, o qual aponta para a necessidade de legislações mais firmes e eficazes sobre a violência dentro de casa.

Na Guiné-Bissau, por exemplo, há uma particularidade já que a mulher tem opção de anular a decisão do marido, por meio de recurso na justiça, alegando a defesa do interesse da família.

Na Rússia, por sua vez, o que se vê é uma lita com mais de 450 profisões - como a de motorista de caminhão, bombeito e controlador de trem - que são proibidas para o sexo feminino.

Outras nações onde ainda ocorrem essa relação de domínio e posse por parte do marido incluem Bolívia, Irã e Síria.

Os dados do estudo do Banco Mundial ainda apontam que em 29 países (como Senegal, Arábia Saudita e Honduras), o legislativo é dominado pelos homens, esses que são chefes de família e que têm o poder de decisão dentro de casa.

Entre as decisões importantes que ficam nas mãos deles estão, a escolha da residência, obtenção de documentos oficiais, como passaporte e carteira de identidade, e a abertura de uma conta no banco.

O levantamento ainda lembra que países do Ocidente também demoraram a tratar suas mulheres de form igualitária perante a lei, caso da Espanha, que o fez apenas em 1981, e a Suíça, em 1984.

Ainda em relação às recentes mudanças, o Banco Mundial aponta que 48 alterações de textos legislativos feitos em 44 países ao longo de dois anos fizeram com que aumentasse a igualdade entre os gêneros.

É o caso da Costa do Marfim, que apenas em 2013 deixou de exigir autorização do marido para que a mulher pudesse ingressar o mercado de trabalho.

No entanto, na avaliação da instituição financeira, tratam-se de mudançãs aind frágeis. No Egito, por exemplo, a nova Constituição elaborada após a eleição do já deposto presidente Mohamed Mursi, integrante da Irmandade Muçulmana, suprimiu justamente a não-discriminação de gênero.

Intitulada "Mulheres, negócios e o direito", a pesquisa verificou a situação em 143 países do globo.

Cidadão chinês foi baleado e faleceu hoje no Hospitalar Militar de Bissau

Um cidadão chinês foi baleado e faleceu hoje no Hospitalar Militar de Bissau, depois de alegadamente ter sido abordado por um grupo de desconhecidos no leste do país, anunciou hoje Augusto Mendes, diretor clínico da unidade de saúde.

De acordo com as informações prestadas por aquele responsável, a vítima foi transportada pela esposa para o hospital na terça-feira e acabaria por falecer hoje.

De acordo com o relato da esposa, também de nacionalidade chinesa, o homem fazia parte de um grupo de madeireiros que atua em Masanco, na região leste da Guiné-Bissau.

Na terça-feira, foi abordado na via pública por um grupo de pessoas e gerou-se uma discussão, supostamente por causa de dinheiro, que terminou com o indivíduo a ser alvejado.

O diretor clínico do Hospital Militar de Bissau anunciou que o caso foi comunicado à Polícia Judiciária da Guiné-Bissau.

Entretanto, fonte daquela força de segurança disse à Lusa que o caso já está sob investigação com deslocação de meios para Masanco.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A IMPOSTURA DA NOSSA HISTÓRIA. Por = Nataniel Sanhá

Presidente Costa do Marfim pede apoio para eleições na Guiné-Bissau

O Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouatarra, apelou hoje, na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), para que a comunidade internacional contribua para o financiamento das eleições gerais na Guiné-Bissau, marcadas para novembro.

Costa do Marfim pede apoio para eleições na Guiné-Bissau

Alassane Ouatarra, que tem atualmente a presidência rotativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), deixou o seu apelo no final da sua intervenção durante o segundo dia dos debates na 68.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

"Se queremos acabar com o ciclo de crises políticas e militares na África Ocidental, a Guiné-Bissau também deve poder beneficiar da solidariedade internacional. Isto é o preço que pode consolidar a transição inclusiva e permitir ao atual Governo realizar eleições democráticas, em novembro", disse.

"É por isso que, em nome da CEDEAO, convido a comunidade internacional a contribuir para o financiamento das eleições gerais no país", afirmou.

A Guiné-Bissau tem eleições marcadas para 24 de novembro, que vão marcar o fim do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de abril de 2012.

40 anos da independência da Guiné-Bissau

Proclamação da independência da Guiné-Bissau a 24 de Setembro de 1973
Proclamação da independência da Guiné-Bissau a 24 de Setembro de 1973

A Guiné-Bissau festejou os 40 anos da independência nacional. Há 40 anos nas matas de Madina Boé, no leste do país, era proclamada unilateralmente a independência guineense. O reconhecimento pela antiga potência colonial, Portugal, viria só um ano depois. 

Nino Vieira - Presidente da Assembleia Nacional Popular em 1973

24/09/2013

Nino Vieira - Presidente da Assembleia Nacional Popular em 1973
(00:20)
 

Há 40 anos a declaração solene proclamada por João Bernardo "Nino" Vieira, (registo gentilmente cedido pela Rádio Nacional da Guiné-Bissau), datada de 1973, enquanto Presidente da Assembleia Nacional Popular, marcava a oficialização da independência da Guiné-Bissau. O resultado da luta armada liderada por Amílcar Cabral que tinha sido morto em Janeiro do mesmo ano, na Guiné-Conacri.

Este ano, devido às contenções do executivo, não houve desfile militar todavia o dia ficou marcado pela condecoração de seis veteranos de luta pela independência do país e sobreviventes do campo de concentração do Tarrafal, como assinala o nosso correspondente na Guiné, Mussá Baldé.

 

(01:54)
 

A constante instabilidade e a ausência da paz foram apontadas como principais entraves para os esforços que alguns guineenses têm feito no sentido de desenvolver o país afirmou o Presidente de transição.
Serifo Nhamadjo lembrou ainda que a estabilidade é o único caminho para o país.  

 

Serifo Nhamadjo - Presidente de transição da Guiné-Bissau
(01:29)
 

Concentração de participantes com Embaixadora da Guiné-Bissau em França, Hilia Barber.Concentração de participantes com Embaixadora da Guiné-Bissau em França, Hilia Barber.Concentração de participantes com Embaixadora da Guiné-Bissau em França, Hilia Barber.24/09/2013  FOTOGRAFIAS DA CONCENTRAÇÃO EM HOMENAGEM A AMÍLCAR CABRAL

Aqui em França, no final da manhã desta terça-feira, o Colectivo dos expatriados e amigos da Guiné-Bissau organizou uma concentração junto à Avenida Amílcar Cabral, em Saint Denis na região parisiense, para homenagear o pai da nação guineense. Entre diversas figuras da diáspora guineense de França, estava presente a Embaixadora da Guiné-Bissau em Paris, Hilia Barber que destacou a importância desta data para os seus compatriotas.         

Hilia Barber - Embaixadora da Guiné-Bissau em Paris
(01:21)
 
 
Durante esta curta cerimónia, várias outras vozes se elevaram para fazer um balanço por vezes amargo da situação da Guiné-Bissau. Liliana Henriques esteve lá e recolheu as impressões dos participantes.

Reportagem da jornalista Liliana Henriques sobre homenagem a Amílcar Cabral, em Saint Denis na Região Parisiense

Reportagem da jornalista Liliana Henriques sobre homenagem a Amílcar Cabral, em Saint Denis na Região Parisiense
(01:57)
 

Fonte : RFI

Comunicado do Governo Português SOBRE O DIA NACIONAL DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU


Por ocasião do Dia Nacional da Guiné-Bissau, no 40.º aniversário da Declaração da Independência, o Governo endereça, em nome do Povo Português, as mais sinceras felicitações ao Povo irmão da Guiné-Bissau, formulando votos de que a plena restauração da ordem constitucional e democrática naquele país se concretize no mais curto espaço de tempo.

Portugal apela nesta data a que as autoridades de transição organizem até ao final do ano, de acordo com os compromissos que assumiram, eleições presidenciais e legislativas livres, justas e transparentes, em que todos os cidadãos possam participar no pleno usufruto dos seus direitos, liberdades e garantias.

Portugal continuará a apoiar o Povo da Guiné-Bissau, bilateralmente e nos forainternacionais, nos seus esforços de construção duma sociedade mais democrática, justa e próspera.

Analistas guineenses pintam quadro negro nos 40 anos da independência do país

Dois analistas políticos da Guiné-Bissau de diferentes gerações pintam um quadro negro do país, que consideram estar longe das expetativas dos principais obreiros da independência, há 40 anos.

João de Barros, 63 anos, jornalista e diretor do jornal Gazeta de Bissau, nasceu antes da independência do país (em 1973), enquanto Bamba Koté, 35 anos, cientista político, nasceu já com a Guiné-Bissau independente.

Mesmo sendo de gerações diferentes, ambos têm a mesma visão: de que em 40 anos de independência "pouco foi feito que valesse a pena".

O diretor do primeiro jornal privado da Guiné-Bissau diz que o "único elemento" que os guineenses podem exibir ao mundo e que pode ser reconhecido como válido em 40 anos de independência "é o cineasta Flora Gomes".

"Fazer cinco longas-metragens num país como é a Guiné-Bissau é obra", defendeu João de Barros, que culpa a classe politica e militar por aquilo que considera ser um desastre nacional.

O jovem cientista político Bamba Koté até compreende as dificuldades de afirmação do novo estado da Guiné-Bissau, mas, volvidos 40 anos, não aceita que se diga que o país está como está devido à falta de preparação dos responsáveis políticos e militares.

Koté, analista e comentador político da rádio Bombolom FM, diz ainda que nos primeiros anos da independência "fez-se muita coisa", nomeadamente, a adesão do país aos organismos internacionais, um "capital" que afirma estar a ser desperdiçado nos últimos anos.

Nesse particular, João de Barros aponta a falta de qualidade dos quadros e uma geração de "dirigentes anacrónicos e desatualizados sem capacidade de prever o futuro", como fatores que continuam a empurrar o país contra as regras internacionais de boa governação.

"A classe política guineense continua a fugir dos parâmetros internacionais de uma boa governação e isso é que nos tem conduzido para este desastre a que assistimos hoje", frisou João de Barros.

Para este analista, é de todo impossível desenvolver o país com os dirigentes atuais e os quadros residentes.

A diáspora guineense, com mais de dois mil médicos, outros tantos professores e técnicos qualificados, seria a solução, observou João de Barros, mas não acredita na abertura de espírito dos dirigentes para avançar nessa direção.

No entanto, João de Barros afirma que o futuro da Guiné-Bissau "terá que ser outro" ao considerar que qualquer regime tem 40 anos de maturação.

"Está-se a chegar ao fim do regime que governou a Guiné-Bissau nestes 40 anos", defende João de Barros.

O jovem Bamba Koté entende que o futuro até poderá ser risonho, desde que a Guiné-Bissau arranje mecanismos para "sair do impasse" em que se encontra, derivado das clivagens políticas que acabaram por ditar o bloqueio por parte da comunidade internacional.

"Há muita incerteza. Por exemplo, não sabemos se vamos ter eleições este ano ou não", observou, referindo-se às eleições gerais marcadas para 24 de novembro, mas para as quais falta dinheiro, que tem que ser dado pela comunidade internacional.

Para Bamba Koté, tirando as clivagens políticas, a Guiné-Bissau "tinha tudo para dar certo", por ser um país relativamente pequeno em tamanho (pouco mais que 36 mil quilómetros quadrados), com uma população reduzida (1,7 milhões de habitantes) e potencialmente rico em recursos naturais.

João de Barros diz que o caso da Guiné-Bissau não é o único em África e aponta a vizinha Guiné-Conacri como um dos países potencialmente mais ricos do mundo, mas que devido à desorganização e corrupção é dos mais pobres do planeta.

"Quando falta qualidade, com a corrupção e a desorganização, mesmo sendo potencialmente rico, é-se sempre pobre. É o nosso caso", concluiu João de Barros.

Agência Lusa

Governo de Cabo Verde saúda "povo irmão" da Guiné-Bissau

O Governo de Cabo Verde saudou hoje a celebração dos 40 anos da declaração unilateral de independência da Guiné-Bissau, proclamada a 24 de setembro de 1973, e manifestou disponibilidade para apoiar o país.

Governo de Cabo Verde saúda povo irmão da Guiné-Bissau


Num comunicado destinado a assinalar o "aniversário da independência da Guiné-Bissau" e sem se referir explicitamente às autoridades guineenses, o Governo cabo-verdiano, através do Ministério das Relações Exteriores (MIREX), saúda o "povo irmão", augurando os maiores sucessos nas iniciativas em curso para estabilizar o país.

"O Governo de Cabo Verde, atento aos laços privilegiados e inquebrantáveis que unem os cabo-verdianos ao povo irmão guineense, aproveita a oportunidade da comemoração para, em nome do Povo de Cabo Verde, felicitar calorosa e fraternalmente o povo da Guiné-Bissau", lê-se no documento, que deseja "os maiores sucessos nas iniciativas em curso, em concertação com a comunidade internacional, tendo em vista a criação das condições susceptíveis de assegurar o desenvolvimento económico e social perene do país em bases sólidas".

No comunicado, o executivo de José Maria Neves reafirma a "vontade firme" em "não poupar esforços" para o estreitamento das relações bilaterais e na diversificação da cooperação.

Saudando também a diáspora guineense residente em Cabo Verde, o executivo da Cidade da Praia garantiu que irá continuar a apoiar os esforços de todos os que escolheram o país para a concretização "de uma vida melhor e digna".

A 24 de setembro de 1973, nas colinas de Madina do Boé (leste), foi proclamada unilateralmente a independência da Guiné-Bissau, decisão que Portugal só viria a ratificar quase um ano mais tarde, a 10 de setembro de 1974.

A luta de libertação conjunta das duas então províncias portuguesas foi levada a cabo pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), "fruto da gesta heroica" iniciada em 1956 pelo "clarividente e saudoso Amílcar Cabral", tal como se refere na nota.

O Governo de Cabo Verde não reconhece as atuais autoridades guineenses, saídas do golpe de Estado de 12 de abril de 2012 e tem defendido a realização de eleições gerais e o retorno à normalidade institucional.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Amílcar Cabral

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Presidente de transição apela à estabilidade

O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, fez hoje um apelo à estabilidade no discurso de celebração dos 40 anos de independência da Guiné-Bissau.

Presidente de transição apela à estabilidade

"As constantes e persistentes crises minam todo o esforço e todas as conquistas e lançam a sociedade guineense num desespero total. É hora de pararmos, pensarmos a Guiné-Bissau e, na diversidade, caminharmos juntos", referiu.

Serifo Nhamadjo considera que a estabilidade "é a única saída", sem a qual os guineenses continuarão "mergulhados em sofrimento, desgraça e se calhar num subdesenvolvimento crónico".

O Presidente de transição discursava na Assembleia Nacional Popular perante figuras públicas nacionais e vários representantes internacionais, numa cerimónia destinada a assinalar os 40 anos de independência da Guiné-Bissau.

Apesar de dedicar parte do discurso às conquistas feitas com a independência, Nhamadjo reconheceu que "não se podem ignorar as constantes crises políticas que o país tem sofrido e a circunstância de não se ter cumprido nenhuma legislatura até ao fim".

Fosse de outra forma e "muito mais podia ter sido feito", referiu.

O próprio Serifo Nhamadjo lidera o país na sequência de um golpe de estado militar, a 12 de abril de 2012, após o qual a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) aceitou haver um período de transição até final deste ano, com realização de eleições - marcadas para 24 de novembro, mas com preparação atrasada.

"O país enfrenta hoje sérias dificuldades em praticamente todas as áreas da nossa vida comum", referiu o Presidente de transição, para concluir que "é com muita mágoa" que se vivem os 40 anos de independência: "é triste constatar a realidade dura da Guiné-Bissau", que é um dos países mais pobres do mundo.

Para mudar o cenário, e desde que haja estabilidade, Serifo Nhamadjo aponta como vetores estratégicos na próxima década as "apostas sérias" nos setores da saúde, educação, agricultura e infraestruturas.

Defendeu igualmente como urgentes a reestruturação da administração pública, assim como a reforma e modernização do setor da defesa e segurança.

"A independência só vale a pena se todos interiorizarmos o valor da nação", referiu o Presidente de transição, que deixou ainda um voto de respeito pela "vibrante e empenhada sociedade civil".

No discurso, Serifo Nhamadjo lançou ainda um apelo à comunidade internacional para que sejam levantadas as sanções impostas ao país após o golpe de estado do último ano e garantiu à diáspora que poderá votar nas próximas eleições gerais.

DIA da proclamação da Independência Governo português considerou proclamação um "acto de propaganda"


"Um acto de propaganda." Foi assim que o governo de Marcello Caetano reagiu - minimizando-a - à notícia da proclamação da República da Guiné-Bissau, que, filtrada pela censura, chegou à imprensa portuguesa a 28 de Setembro, quatro dias depois da reunião de Boé.

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Patrício, chegou a insinuar que a cerimónia decorreu em território da Guiné-Conacri.

Viúvas de combatentes guineenses recorrem a associação para sobreviver e cuidar dos filhos

Bissau,  (Lusa) - Após 40 anos de independência, há viúvas de combatentes guineenses que pouco recebem de pensões por parte do Estado e que recorrem ao apoio de uma associação para sobreviver e cuidar dos filhos.

A Associação das Viúvas dos Combatentes da Liberdade da Pátria, com sede em Bissau, junta 350 mulheres, mas o total de viúvas de combatentes será muito maior, se se somarem as que residem fora da capital, em locais onde a organização não consegue chegar.

Só olhando à realidade com que a organização lida todos os dias, há casos graves de mulheres desamparadas "que têm de fazer de tudo para sustentar os filhos e pagar uma renda de casa", refere a presidente da associação, Maria Elisabete Correia.

É para estas situações de maior carência que é conduzido milho, batata e outros bens produzidos pelas mulheres em vários hectares de terra da organização, lavrado às portas da capital.

Noutras situações, é concedido microcrédito a viúvas que depois devolvem o dinheiro com três meses de trabalho, seja em costura, agricultura ou outras áreas, em que as receitas revertem para a associação.

"Conforme o rendimento fazemos a divisão: quem tem mais necessidade, de imediato recebe apoio", descreve a presidente.

Algumas viúvas queixam-se mesmo de não receber qualquer pensão, mas o ministro de transição com a pasta da Segurança Social, Ocante da Silva, desmente: "se houver um caso desses, que se dirija ao ministério" para ser resolvido, disse à Lusa.

Aquele responsável reconhece, no entanto, que há "discrepâncias enormes nos valores pagos em pensões" e refere que o governo de transição está a estudar novas tabelas que deixará prontas para um próximo executivo - para uma eventual aplicação no orçamento de Estado de 2014.

Para além das baixas pensões, num dos países mais pobres do mundo, as viúvas querem mais garantias para os filhos: perderam o pai e cada mãe quer pelo menos assegurar que eles tenham formação, refere Maria Elisabete Correia.

Oficialmente, só nas listagens de associadas, a organização conta com cerca de 800 filhos de combatentes pela independência, mas o número será previsivelmente muito maior.

Fatumata Ba Vamain, outra viúva que participa nas atividades da associação, gostava que o garantisse habitação nos casos de maior carência, sendo que muitos desses casos ainda estão por identificar.

Situação que leva Maria Injai, outra das associadas, a pedir meios para recensear as viúvas fora da capital.

A propósito dos 40 anos de independência da Guiné-Bissau, as viúvas gostavam que a paz fosse a principal prenda para o país.

"Eu acho que agora falta a independência que nos permita a construção do país", refere Maria Martins, porta-voz da organização.

Para o conseguir, é preciso que haja paz, e a receita para a alcançar é simples: "que os guineenses se unifiquem, como na luta pela liberdade da pátria", em que "não havia raças", afastando os discursos divisionistas, baseados nas diferentes etnias do país.

"Para que a para que a Guiné-Bissau seja como os outros países, é preciso que pessoas se sentem à mesma mesa e conversem", acrescenta a presidente.

Pela sede da associação passam, todos os dias, pelo menos uma dezena de mulheres, que se ocupam das tarefas do quotidiano.

Outras ocupam-se dos terrenos agrícolas, como Aua Dabo, que gostava que houvesse um governo que oferecesse um trator à associação, para lavrar a "bolanha" (campo de arroz).

"Já provamos que sem trator, nem nada, conseguimos lavrar três hectares de terra", concluiu, para mostrar que uma viúva isolada pode ter problemas, mas "a união faz a força".

Lusa

Fundação Comunidades na Guiné-Bissau ainda não reconhecem educação como fundamental

As comunidades da Guiné-Bissau "ainda não reconhecem que a educação é fundamental para elas", afirmam duas técnicas da Fundação Fé e Cooperação (FEC), que está a fazer o diagnóstico do ensino guineense.

"Uma criança quando nasce em Portugal ou na Europa não estranha sequer por que é que vai para a escola, é inerente à sua vida. Na Guiné-Bissau é o inverso, ir à escola é uma coisa que não é inerente", distingue Catarina Lopes, técnica dos projetos de cooperação para o desenvolvimento da FEC, organismo da Igreja Católica.

À medida que se vai envolvendo as comunidades no processo educativo, vai desaparecendo o "medo" da "escola do branco", assinala a técnica, comparando: "Antes tinha que ir às aldeias para falar da importância de ter um jardim-de-infância, hoje as crianças em Bissau são tantas que não há jardins suficientes para dar resposta, isto já é um primeiro indicador."

Indicadores como este mostram que, "no meio de tanta dificuldade, com tanto buraco, na estrada e fora dela, na sociedade também", as coisas vão mudando, porque as pessoas "acreditam convictamente que é possível mudar", observa, considerando que a Guiné "é um estímulo" para Portugal.

Quando a FEC iniciou os projetos de cooperação com a Guiné-Bissau, há mais de uma década, a educação era, quer no acesso, quer na qualidade do sistema, "uma fragilidade estrutural", recorda Susana Refega, diretora executiva da FEC.

"A Guiné e os guineenses habituaram-se a viver sem um Estado e isso é bom e é mau", assinala, questionando "até que ponto" a presença de "uma data de organizações" no país lusófono "não tem também um efeito perverso", porque se vai "dando resposta".

Hoje, a Guiné continua "um Estado frágil", mas os projetos têm tido "alguns resultados". Os técnicos da FEC começaram por dar aulas, depois formaram professores e hoje já há formadores guineenses a formar professores guineenses, explica, sublinhando que as mudanças que envolvem pessoas "levam tempo".

Depois de trabalhar no ensino básico, a FEC começou a intervir noutros níveis de ensino, nomeadamente no pré-escolar, intervenção documentada no filme "Bambaram di Mindjer", que hoje será apresentado em Lisboa.

O documentário -- que teve estreia durante a entrega de diplomas aos professores, em Bafatá e Cachungo -- pretende dar "uma contra imagem" da Guiné-Bissau, mostrando "um pais bonito, a funcionar, com gente digna". Será exibido no Chapitô, às 20:00, e precedido de um debate sobre educação.

O foco da FEC no ensino pré-escolar decorreu da constatação de que "as crianças, quando entravam para o ensino básico, não estavam habituadas a estar em sala", porque, até ali, ficavam em casa ou em estruturas informais, e revelavam "muitas lacunas na questão da língua", justifica Susana Refega.

Apoiando a diocese de Bissau, a FEC ajudou a estruturar um curso, pois "não havia qualquer formação na Guiné-Bissau disponível para educadores de infância" e, neste momento, "já estão a sair os primeiros formandos", refere.

O objetivo mais lato da FEC -- que trabalha sobretudo em zonas rurais na Guiné -- é traçar "o diagnóstico da educação de infância a nível nacional", para "fazer uma radiografia" e saber onde estão as crianças antes do primeiro ciclo, resume Catarina Lopes, adiantando que os primeiros resultados devem começar a ser conhecidos no final do ano.

Trabalhadores fecham Correios e reclamam 52 meses de salários

Trabalhadores fecham Correios e reclamam 52 meses de salários

Um grupo de trabalhadores fechou a cadeado a sede dos Correios da Guiné-Bissau e reclama do Estado o pagamento de 52 meses de salários intercalados, desde 2007, explicou à Lusa um dos organizadores do protesto.

A principal estação de correios do país, em Bissau, está fechada "por tempo indeterminado", disse à Lusa o presidente da comissão de trabalhadores, Bernardino Mango, à porta da sede dos correios que os funcionários decidiram fechar no sábado.

Hoje não há serviços, amanhã celebra-se o feriado do Dia da Independência da Guiné-Bissau e na quarta-feira o protesto poderá continuar, referiu.

Para além de ninguém poder enviar ou receber correio, estão também afetados os serviços da Guiné Telecom e Guinetel (operadora móvel nacional), que funcionam no mesmo edifício.

"Cada governo chega e paga uma parte dos salários em dívida, mas deixa outra parte por pagar", referiu Bernardino Mango, para explicar como se chegou a um total de 52 meses intercalados em dívida desde 2007, afetando mais de 100 funcionários.

Para reabrirem as portas dos correios e voltarem a laborar, os trabalhadores exigem que o governo de transição que atualmente gere o país, pague pelo menos a parte da dívida que lhe diz respeito.

A comissão pede ainda a resolução de problemas relacionados com as promoções, a melhoria de condições de trabalho e a regularização da colaboração de operadores informais, "que operam por aí, sem sabermos como", sublinhou Bernardino Mango.

A Lusa tentou obter esclarecimentos por parte do governo de transição que remeteu explicações para mais tarde.

Por ocasião do Dia Nacional da República da Guiné-Bissau - Presidente Obama envia felicitações

Declaração à imprensa

John Kerry 
Secretário de Estado
Washington, DC
23 de setembro de 2013


Em nome do presidente Obama e do povo dos Estados Unidos,  envio os melhores votos a todos os Guineenses na comemoração do 40 º aniversário da  independência em 24 de setembro.

Guiné-Bissau tem a oportunidade de dar um importante passo em frente pela

realização de eleições credíveis e  ainda este ano. O povo da Guiné-Bissau merece um governo democrático  responsavel e digno das suas mais altas aspirações e ideais.

As eleições são apenas o começo de um longo caminho. Instamos o governo de transição para abraçar - e implementar - uma agenda robusta de reconciliação nacional, uma melhor governação, transparência fiscal e reformas econômicas. Líderes políticos e candidatos devem prestar contas publicamente aos cidadãos da Guiné-Bissau.

Os Estados Unidos estão prontos para apoiar nesse processo, e estamos ansiosos para ter uma relação de longo prazo. 

Como decorre hoje a  comemoração deste  dia especial,  venho desejar a todos o direito de viverem em paz e prosperidade na Guiné-Bissau no futuro

Fonte: http://www.state.gov/secretary/remarks/2013/09/214559.htm


O presidente e o povo dos Estados Unidos endereçaram votos de felicitação a todos os guineenses, mas não ao governo de transição (a quem só dá instruções), a propósito dos 40 anos da proclamação da Independência. Haverá leituras nas entrelinhas da mensagem de Obama através do secretário de Estado, John Kerry?

Saco de arroz é luxo para guineenses obrigados a lavrar sem máquinas

Olelo Cá, 39 anos, vê como um luxo um saco de arroz de cinco quilos, na Guiné-Bissau.

Custa 22 euros e não está ao alcance da família de sete filhos: "não temos dinheiro para comprar arroz", refere à agência Lusa, com uma longa pá artesanal nas mãos, no meio de uma bolanha - campo pantanoso de cultivo de arroz.

Ao redor dele há muitos outros homens e crianças, com pernas enlameadas, a cavar sulcos onde vai crescer o arroz que esperam começar a apanhar em novembro, junto ao bairro da Zona 7, às portas da capital, Bissau.

A crise profunda e a pobreza obrigam muitos guineenses a trabalhar a terra para terem os alimentos que não conseguem comprar, sendo o arroz o caso mais flagrante - para um guineense não há mesa composta, por mais farta que esteja, se faltar o arroz.

Com sorte, o arroz que Olelo tirar da faixa de terreno que ali tem pode dar para alimentar a família durante "três ou quatro meses" e depois terá que o comprar, ainda não sabe bem como.

Estivador de profissão, conta que "o trabalho, agora, é instável" e ganha mais de biscates que outra coisa.

Mas nesta altura do ano, época das chuvas, ele e muitos outros homens têm que trocar aquilo que fazem para se entreajudarem nas bolanhas, sem uma única máquina.

Nalguns bairros, já há grupos que se organizam para alugar tratores e alfaias que rapidamente rasgam os sulcos, mas isso é para quem pode: "também preferíamos ter um trator, mas não temos meios para isso".

O trabalho é duro e começa logo em abril, conta Euferinho Nanque, 66 anos, régulo, ou seja, autoridade local, reconhecida pela população, e detentor de grande parte das parcelas da zona.

De catanas na mão, os primeiros homens avançam para os terrenos para "tirarem as ervas daninhas", à espera que venham as chuvas, que costumam cair de maio em diante e chamam o resto da população.

Por entre os adultos correm dezenas de crianças: "tenho seis anos", diz uma delas à reportagem da Lusa, logo atropelada por outras que também querem responder, uma com oito, outra com dez anos e outras pelo meio.

"Eu também comecei quando era criança", recorda Bubo Lopes, 24 anos, na altura um menino que, como os de hoje, ajudava "em tudo o que era capaz" de fazer, como carregar utensílios de uma parcela para outra ou levar água aos lavradores.

Em novembro, apanha-se o arroz, que é depois levado para a máquina de descasque comunitária, no meio do bairro, um aparelho que está avariado mas que Motema Lopes, 58 anos, antigo mecânico das forças armadas guineenses, tenta reparar.

"Vamos pedir ajuda à população para pagar a reparação", explica à Lusa, enquanto espreita por uma das extremidades da máquina.

No início do mês arrancou uma operação de urgência do Programa Alimentar Mundial (PAM) para distribuição de arroz na Guiné-Bissau que deverá durar até final de novembro.

A carência deve-se sobretudo aos baixos resultados da campanha de caju que vieram agravar a crise no país, sujeito a sanções internacionais depois do golpe de estado militar de abril de 2012.

Fonte RTP

Guiné-Bissau procura cumprir calendário eleitoral

O Primeiro-ministro guineense de transição, Rui Duarte Barros

O Primeiro-ministro de transição guineense, Rui Duarte de Barros, garante ter conseguido apoio financeiro de instituições regionais da África Ocidental para a realização das eleições gerais agendadas para 24 de novembro.

O Primeiro-ministro de transição guineense Rui Duarte de Barros passou por Dacar, vindo de Bamaco onde participou esta quinta-feira na cerimónia de início de mandato do presidente maliano Ibrahim Boubakar Keita, e deu conta dos encontros que manteve para garantir apoio financeiro da sub-região, designadamente por parte da CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental) e da UEMOA (União Económica e Monetária da África Ocidental), para a realização das eleições gerais agendadas para 24 de novembro.

O responsável político guineense evitou, porém, abordar a controvérsia que nos útimos tempos tem marcado as relações com Cabo Verde esquivando-se a comentá-las. Ouça a entrevista.

Correspondente em Dacar - Cândido Camará
 
(04:48)      

Representante da ONU em Bissau pede mudança de comportamento das forças de segurança e militares

O representante da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, apelou  a uma mudança de comportamento das forças de segurança e militares para que haja "paz duradoura" no país.

Ramos-Horta discursava numa cerimónia na Praça dos Heróis Nacionais alusiva ao Dia Internacional da Paz, a que se juntaram também atividades alusivas aos 40 anos da Independência da Guiné-Bissau, reunindo centenas de pessoas.

O representante da ONU pediu o fim da "prepotência dos serviços de inteligência civis e militares" e o fim da "arrogância de quem tem armas" e "interrompe a democracia".

"A democracia não é perfeita, mas não cabe aos militares interrompê-la", referiu, acrescentando que, para isso, servem "as eleições".

"Só assim haverá paz duradoura na Guiné-Bissau" e, para alcançar essa meta, o sistema das Nações Unidas vai continuar a apoiar o país, garantiu Ramos-Horta.

Já antes, no mesmo discurso, o representante da ONU tinha feito deixado outras frases de apelo à paz, tema que foi uma nota dominante ao longo de toda a manhã.

Grupos de dança, cantares, teatro e jovens, todos participaram no espetáculo e, de uma forma ou de outra, deixaram "recados do povo" a governantes e militares da Guiné-Bissau, pedindo "paz e harmonia", para aproveitar os recursos naturais do país e tirá-lo da pobreza.

Dia Internacional da Paz é celebrado em 21 de Setembro depois de ter sido declarado pela ONU em 30 de novembro de 1981.

O primeiro-ministro e presidente interino da Guiné-Bissau foram depostos num golpe de Estado militar em abril de 2012, quando decorriam eleições presidenciais.

O país passou a ser gerido por um governo e presidente de transição até novas eleições gerais, que estão marcadas para 24 de novembro, mas que a generalidade das instituições nacionais e internacionais admite que venham a ser adiadas devido a atrasos nos preparativos.

Último membro dos Cobiana Djazz quer recuperar banda histórica da Guiné-Bissau

Rui Davys, último membro vivo da formação inicial dos Cobiana Djazz, quer ressuscitar o nome da banda que lutou pela independência da Guiné-Bissau, contou o antigo teclista à agência Lusa.

Liderada por José Carlos Schwarz e Aliu Bari, a banda foi lançada em dezembro de 1971 e as músicas em crioulo fizeram furor nos bailes e nas rádios guineenses como hinos contra o colonialismo.

Foi uma luta que valeu a pena, mas com um sabor amargo, diz hoje Rui Davys, 67 anos, trabalhador na Alfândega de Bissau.

"A cem por cento não posso dizer que valeu", mas "o principal foi feito: temos a nossa nacionalidade", refere, numa conversa marcada por alusões à instabilidade política e militar que a Guiné-Bissau tem vivido internamente.

Hoje, "o povo é livre de se expressar, muito embora, entre aspas, mas já não estamos sob o jugo do colonialismo, por isso, valeu a pena", descreve.

"O facto de termos a nossa nacionalidade, só, não chega: precisamos de mais coisas, sobretudo de mãos amigas e misericordiosas que nos possam ajudar a gerir a Guiné-Bissau", refere.

Com 40 anos passados sobre a independência, Davys não tem dúvidas de que se os Cobiana Djazz ainda estivessem ativos haveria muito para escrever e cantar sobre a Guiné-Bissau.

Hoje, no país, acredita que "é preciso fazer uma sangria, mudar tudo e pôr tudo de novo", um trabalho que não terá resultados "se não tivermos mudado a consciência, que é a coisa mais difícil num homem".

Depois da morte de Aliu Bari, em julho, em Lisboa, Davys começou a pensar numa forma de perpetuar o nome da banda, em conjunto com a cantora Tchuma Bari, 25 anos, filha do antigo colega dos Cobiana Djazz.

"Estou a perspetivar fazer renascer o que já existiu", diz Davys, mas prefere guardar para mais tarde os detalhes sobre o tipo de organização que poderá fazer reativar o nome da banda.

Tchuma Bari prepara para outubro o lançamento de um novo disco, intitulado "Nha terra" (Minha terra), nome de uma música do pai, que ambos cantaram, e que faz parte do novo álbum que inclui 14 temas - de vários estilos, dos mais tradicionais como a tina, à salsa ou house.

São músicas que falam da "terra guineense", das pessoas "que têm o dom para reinar" e "de paz", ingrediente essencial "para realizar os nossos sonhos", referiu a cantora à Lusa.

Tal como Davys, também Tchuma Bari sonha em reativar o nome dos Cobiana Djazz: "precisamos de continuar com o trabalho que tinham iniciado para a independência e desenvolvimento", acrescentou.

Rui Davys recorda que a banda funcionava em articulação com o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC), chegando a receber mensagens do cofundador, Amílcar Cabral, através da rede clandestina de militantes.

Sempre em crioulo, as letras dos Cobiana Djazz eram escritas de maneira a incluir mensagens subtis contra o colonialismo, umas vezes dirigidas aos portugueses, outras vezes como forma de galvanizar os guineenses.

"Nem tudo era percebido", sublinha Davys, que apesar dos problemas que se vivem na Guiné-Bissau acredita no futuro do país: "enquanto há vida, há esperança".

Agência Lusa

Unilab tem seu primeiro programa de mestrado aprovado pela Capes

Unilab

Unilab tem seu primeiro programa de mestrado aprovado pela CapesA Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou na última quinta-feira (19) a aprovação da proposta do primeiro curso de Pós-graduação Stricto Sensu (mestrado) da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). O mestrado, “Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis” é interdisciplinar e contempla áreas como agronomia, engenharia e saúde.

Serão ofertadas 15 vagas.

A Unilab, localizada na cidade de Redenção (CE), é uma instituição de educação superior que tem como proposta promover ações de ensino, pesquisa e extensão alinhadas com as demandas do Brasil e das demais nações que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A universidade possui como vocação a construção de vínculos estreitos com a realidade específica da região onde está inserida, mas tendo como perspectiva a Cooperação Internacional Solidária Sul-Sul.

Para a reitora da universidade, Profª. Nilma Lino Gomes, “ter o primeiro mestrado na Unilab, em tão pouco tempo de atuação, é muito importante para o crescimento acadêmico e para uma maior efetivação na produção do conhecimento, colocando a Unilab a caminho de uma consolidação e no conjunto das universidades públicas federais. É também uma oportunidade para o Maciço de Baturité e para o Ceará fortalecer o intercâmbio com estudantes estrangeiros e brasileiros, dentro da missão institucional.

O que: Primeiro mestrado na Unilab;

Onde:Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab);

Mais informações: www.unilab.edu.br

Homenagem a Amilcar Cabral e aos 40 anos de Independencia da Guiné-Bissau

Comunicado a imprensa do Collectif des Ressortissants, Sympathisants et Amis de la Guiné-Bissau e da Diaspora.

A Guiné-Bissau comemora amanha dia 24 de Setembro os 40 anos da sua independência.

Pela esta ocasião, O Collectif des Ressortissants, Sympathisants et Amis de la Guinée-Bissau e a Diaspora Guineense em colaboração com a Embaixada da Guinée-Bissau em França, realizarao uma cerimonia
Nacional na Avenida Amilcar Cabral, em Saint Denis na presencia das autoridades da Camara Municipal, das 10h30 as 12 horas, RER STADE DE FRANCE, SEINE SAINT DENIS, PERTO DO COMISARIADO MUNICIPAL.

Nesta cerimonia na Avenida Amilcar Cabral, a Diaspora depositara uma coroa de flor em homenagem ao seu pai fundador da Nacionalidade Guineense. Estarão presentes uma delegação da Embaixada da Guiné-Bissau representada pela Sua Excelência Dr Hilia Lima Barber, Embaixadora de Guiné-Bissau em França e uma delegação de Camara Municipal de Saint Denis, representada pelo Senhor Sam Berrandou, adjunto de Presidente de Camara Local e das diferentes personalidades.

Paris 23 de setembro de 2013

A direçcao

sábado, 21 de setembro de 2013

PAIGC volta a adiar congresso

O oitavo congresso ordinário do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) foi novamente adiado e remarcado para entre 25 a 27 de outubro, disse à Lusa Óscar Barbosa, porta-voz do partido.

De acordo Óscar Barbosa, também membro do secretariado permanente do "bureau" (órgão restrito do partido), a decisão do adiamento foi tomada pela maioria dos membros do Comité Central (órgão máximo do PAIGC no intervalo entre congressos), atendo aos atrasos nos preparativos da reunião magna, que devia ter lugar de 10 a 13 de outubro.
É a quarta vez que o oitavo congresso do PAIGC, partido mais votado da Guiné-Bissau, é marcado e adiado.
LUSA

FESTin recebe inscrições de filmes até 30 de novembro


Estão abertas até 30 de novembro as inscrições para a 5ª edição do FESTin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa. Podem se inscrever filmes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Os filmes devem ser em português, ter sido finalizados entre janeiro de 2012 e novembro de 2013, e ter a duração mínima de setenta (70) minutos, no caso dos longas-metragens, e a máxima de vinte e cinco (25) minutos, no caso dos curtas.

A 5ª edição do FESTin irá ocorrer entre 2 a 9 de abril de 2014, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e vai homenagear o cinema de Cabo Verde.

Além das duas seções de competição (longas e curtas-metragens), o festival vai novamente apresentar a Mostra de Cinema Brasileiro, a Mostra de Inclusão Social, homenagens, retrospectivas, oficinas e mesas redondas.  

E tem mais, o FESTin, cumprindo a sua natureza itinerante, vai participar ainda este ano em três festivais de cinema parceiros: de 19 a 26 de outubro, vai estar presente no CineEco, em Seia (Portugal), com a Mostra de Inclusão Social; de 15 a 21 de novembro irá para Luanda (Angola) participar no Festival Internacional de Cinema de Luanda. E ainda, pelo terceiro ano consecutivo, irá ao Festival Internacional de Cinema da Fronteira, que vai ocorrer entre 25 a 30 de novembro, em Bagé e, pela primeira vez, também em Porto Alegre (Brasil).

O FESTin é produzido pela Padrão Actual, em coprodução com a EGEAC - Cinema São Jorge.

Regulamento completo em:

www.festin-festival.com

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Primeiro-ministro de Cabo Verde pede respeito à soberania e independência da Guiné-Bissau

O primeiro-ministro, José Maria Neves, escusa-se a comentar as declarações do brigadeiro-general Daba Naualna que diz que “há mais delinquência em Cabo Verde do que na Guiné-Bissau”, mas pediu que se respeite a soberania e a independência guineense.

O porta-voz das Forças Armadas guineenses, Daba Naualna, insurgia-se contra as críticas do ex-Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, que acusou os militares da Guiné de “tirania e delinquência”.

“Não gostaria de comentar qualquer declaração de entidades da Guiné-Bissau sobre esta matéria. Cabo Verde é um Estado de Direito Democrático, uma pessoa de bem com grande credibilidade e confiança da comunidade internacional”, respondeu José Maria Neves ao ser instado pelos jornalistas a comentar as declarações de Daba Naualna, dizendo que como chefe do Governo deve defender o seu país e o “bom nome” do arquipélago.

Entretanto, pediu a que todos respeitem a soberania e a independência da Guiné-Bissau de modo a que não se intrometam nos assuntos internos daquele país irmão.

“Devemos também respeitar as autoridades constituídas na Guiné-Bissau, da mesma forma que Cabo Verde é um Estado soberano e também deve merecer o respeito de todos aqueles que se pronunciam sobre Cabo Verde”, defendeu.

O chefe do Governo apelou igualmente à serenidade e à responsabilidade de todos para que “não haja confusões” pelo facto de os dois países terem feito parte da luta comum pelas suas respectivas independências.

Em entrevista concedida ao jornal português Expresso, a propósito dos 40 anos da independência da Guiné-Bissau, Pedro Pires acusou os militares guineenses de “tirania e de delinquência”. Em resposta, Daba Naualna afirmou que “Pedro Pires está localizado à distância da Guiné” e, por isso, “não sabe o que diz e não diz o que sabe”, mesmo julgando-se “conhecer a Guiné”.

“Nós aqui não somos um bando de delinquentes e acho que há mais delinquência em Cabo Verde do que na Guiné-Bissau. Quem conhece sabe que assim é”, atirou o brigadeiro-general, para quem “Pedro Pires devia pensar que Cabo Verde também é o responsável pela situação que a Guiné-Bissau passa”.

“Temos Combatentes da Liberdade da Pátria que não só lutaram para a independência da Guiné, mas também para a independência de Cabo Verde e não dá um centavo para ajudar a vida dos combatentes guineenses”, lamentou Naualna, citado pelo site Gbissau.