segunda-feira, 3 de março de 2014

José Mário Vaz é o candidato do PAIGC às presidenciais na Guiné-Bissau

O antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, foi escolhido  como candidato do PAIGC às eleições presidenciais de 13 de abril, através de votação secreta, numa reunião do Comité Central do partido.

Tanto a votação como a contagem dos votos na sede do PAIGC, em Bissau, foram acompanhadas pelos jornalistas, que viram José Mário Vaz (mais conhecido no país por Jomav) vencer Mário Lopes da Rosa na segunda volta do escrutínio - tendo arrecadado 208 votos, enquanto o adversário recolheu 109.

Os dois chegaram à segunda volta das eleições primárias no Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) iniciadas no sábado de manhã com 11 pré-candidatos.

José Mário Vaz e Mário Lopes da Rosa, atual ministro das Pescas no Governo de transição, foram os mais votados, embora nenhum dos dois tenha alcançado os votos necessários para ser eleito à primeira volta.

O processo de votação ficou marcado com a peripécia de 14 membros do Comité Central do PAIGC terem "votado" em Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro deposto por um golpe de Estado militar em abril de 2012, apesar de o seu nome ter sido rejeitado pelas estruturas do partido.

Na contagem dos votos, aqueles 14 foram dados como nulos por conterem o nome de Carlos Gomes Júnior, ex-líder do PAIGC, que oficialmente não era candidato e cuja fotografia não constava sequer dos boletins.

Apesar de ter procurado o apoio do partido, o processo do ex-líder não passou pelo crivo do Conselho Nacional de Jurisdição para chegar às primárias, com a justificação de que está fora do país e não podia apresentar a sua moção de candidatura.

No sábado, de cada vez que o nome era pronunciado pela comissão eleitoral no apuramento dos votos, viviam-se momentos de agitação na sala de reuniões com algum "burburinho" por causa do insólito que a situação representava.

A situação repetiu-se durante a contagem de hoje, na segunda volta das primárias entre José Mário Vaz e Mário Lopes da Rosa, com um membro do Comité Central a preferir Carlos Gomes Júnior em vez de um dos dois que estavam na disputa.

Mais uma vez, esse voto foi considerado nulo.

Momentos após a consagração como candidato que o PAIGC vai apoiar nas presidenciais de 13 de abril, José Mário Vaz prometeu também trabalhar para que o partido ganhe as eleições legislativas (na mesma data), para que Domingos Simões Pereira seja primeiro-ministro.

"A partir de hoje damos início ao verdadeiro caminho para construirmos a Guiné-Bissau, comigo como Presidente e Simões Pereira como primeiro-ministro", referiu, sem se esquecer de três figuras do país que o inspiram enquanto político: Amílcar Cabral ("pai" da Nação), o ex-presidente "Nino" Vieira e Carlos Gomes Júnior.

Economista formado em Portugal, José Mário Vaz apresenta-se como homem que imprime rigor na administração pública e como um acérrimo defensor do trabalho, tendo já sido presidente da Câmara Municipal de Bissau e ministro das Finanças do governo deposto pelo golpe de Estado de 2012.

No mês de fevereiro de 2013, José Mário Vaz, que tinha acabado de regressar ao país depois de passar vários meses em Portugal na sequência do golpe militar, foi detido a mando do Ministério Público durante três dias.

A detenção foi feita no âmbito de inquéritos sobre um alegado desaparecimento de 9,1 milhões de euros que Angola ofereceu à Guiné-Bissau, mas que não teriam dado entrada nos cofres do Tesouro.

Questionado sobre se este facto poderá vir a ser um entrave à sua candidatura à presidência do país, Mário Vaz diz estar "completamente à vontade" quanto ao assunto.

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