A campanha de comercialização do caju, principal produto de exportação da Guiné-Bissau, foi ontem aberta tendo o Governo fixado 250 francos CFA/quilo como preço base para a compra do produto no agricultor.
A fixação do preço de referência era uma das exigências dos produtores que criticam o Governo pelo facto de nas duas últimas campanhas não o ter feito.
O preço base foi decretado pelo primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, que também referiu que cada tonelada do caju vai ser exportada tendo como preço de partida 800 dólares por tonelada.
A taxa do Fundo Promoção da Industrialização dos Produtos Agrícolas (FUMPI) que era cobrada aos exportadores a preço de 50 francos CFA (0,07 cêntimos), por cada quilograma da castanha a exportar vai baixar para 40 francos, declarou ainda o primeiro-ministro como outras das medidas para "disciplinar a campanha" de 2014.
Sobre as medidas decretadas pelo Governo, o presidente da Associação Nacional dos Agricultores da Guiné-Bissau (ANAG), Mama Samba Embaló, aplaudiu a fixação do preço base mas criticou a taxa do FUMPI preferindo que tivesse sido fixada em 10 francos CFA (0,015).
"Dada a penúria que foi a campanha do ano passado, achamos que o taxa FUMPI devia ser de 10 francos CFA", disse Mama Samba Embaló, acusando o Governo de ter usado os cerca de 30 milhões de dólares gerados na última campanha a partir da taxa FUMPI para o pagamento de salários.
O presidente da ANAG entende que o "Governo devia ceder" em certos aspetos, baixando as taxas para que os comerciantes possam sentir encorajados para investir e desta forma levar os agricultores a ganhar dinheiro com a venda do caju.
O facto de a campanha de comercialização do caju iniciar no mesmo dia em que começa a campanha política para as eleições gerais de 13 de abril, Mama Samba Emabló diz que existe "um sério risco" de perturbação à atividade económica.
"O agricultor não terá tempo para participar nas duas campanhas e mesmo o investidor também terá receios para vir cá compara o nosso caju", defendeu o presidente dos agricultores guineenses.
O presidente da Associação dos Exportadores, Mamadu Ieró Djamanca tem também esta preocupação mas também chama atenção pelo facto de o Governo "ser irredutível" em baixar as taxas. Djamanca diz mesmo que "com esses preços" os exportadores terão dificuldades em participar na campanha.
Por seu turno, o presidente da Agência Nacional do Caju, Henrique Mendes defende que a "tarefa maior" em relação ao caju da Guiné-Bissau é transforma-lo no país, criando emprego e dando mais receita ao Estado.
Para Henrique Mendes a falta de um circuito coerente para o financiamento das empresas de transformação e a ausência de um laboratório de certificação da qualidade, fazem com que a Guiné-Bissau apenas transforme dois por cento do seu caju.
Atualmente o país tem uma capacidade instalada para transformar 30 dos cerca de 200 mil toneladas de caju que produz anualmente, defendeu Henrique Mendes.
A Guiné-Bissau é considerado o quinto produtor mundial do caju, produto que representa 90 por cento do Orçamento Geral do Estado, dando emprego direto à cerca de 80 por cento da população entre os meses de março a agosto.
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