Em referencia a notícia publicada no vosso blog, que faz referencia ao trabalho desenvolvido pela Associação AIDA, no âmbito socio-sanitário no Hospital Nacional Simão Mendes, gostávamos em primeiro lugar agradecer o reconhecimento do mesmo que se faz nessa noticia: O nosso muito obrigado.
Muito embora reconheçamos a noticia na sua generalidade, ela não e inteiramente exata e é por isso gostaríamos de complementar a informação. No artigo se diz que a associação AIDA, no caso de não conseguir novos doadores, vai deixar o hospital. Nesse particular, gostariamos de clarificar que, mesmo que a saída da cooperação espanhola da Guiné-Bissau, tem reduzido muito o nosso orçamento, AIDA vai continuar a trabalhar no seu programa sócio-sanitário, cujo o objetivo e o de permitir um acesso mínimo a medicamentos e matérias médico-cirúrgicos aos doentes com menos recursos econômicos, tanto no Hospital Nacional Simão Mendes, como em seis centros de saúde de Bissau (Plack-2, Quelelé, Ajuda, Belem, Cuntum y Bandim). De igual modo, seguiremos adiante com o nosso trabalho de orientação e apoio psicossocial aos doentes e seus familiares, assim como em campanhas diárias de sensibilização nos serviços de pediatria e maternidade, através das quais temos dado informações básicas sobre cuidados neonatais, cuidados de puerpério, prevenção e promoção da saúde infantil a mais de dez mil mães só nos últimos dois anos.
É verdade que AIDA está a procura - quase desesperadamente- de novos doadores para manter o nível de trabalho dos últimos anos na assistência aos doentes mais necessitados (em função dos seus recursos econômicos, da gravidade da sua situação clinica, da sua situação familiar, entre outros). Este programa tem permitido nos últimos seis anos realizar mais de cem mil assistências sociais a quase cinquenta mil pacientes diferentes, com um impacto direto muito elevado na população mais necessitada, e no momento em que essa necessida se torna mais urgente: quando as pessoas estão doentes.
Caso não encontráramos novos doadores que substituam o papel da Cooperação Espanhola como parceiro financiador deste trabalho desde Janeiro de 2008, o nosso trabalho será afetado de uma forma muito negativa e por essa via seremos forçados e reduzir significativamente o numero de pacientes atendidos.
Não obstante, seguiremos em frente. A Associação AIDA não vai deixar de trabalhar no Simão Mendes, por muito que seja reduzido o nosso orçamento. E mesmo no caso extremo de não ter medicamentos, apoiaremos aos doentes com informação sobre os serviços existentes, sobre o que se deve (e o que não se deve) pagar no hospital, daremos apoio aos doentes e as suas famílias, continuaremos com as formações em saúde às mães das crianças internadas e dos recém nascidos, continuaremos a distribuir as doações que chegam às nossas mãos, etc. Trata-se de um compromisso comum de uma equipa de profissionais (a maior parte assistentes sociais e guineenses) que acreditam no seu trabalho, que ama o seu povo, que trabalha no terreno com as pessoas mais simples, que enfrenta a luta contra a pobreza na sua vertente mais amarga (a doença) e que, infelizmente, vê como cada dia neste país morre muitas pessoas por ser pobres e pelo simples fato de não ter o dinheiro necessário para comprar os medicamentos prescritos pelo seu médico.
Esta é a realidade. A nossa, das pessoas que fazemos parte da AIDA, e o que é mais importante, a realidade de muitos doentes que chegam aos centros hospitalares da Guiné-Bissau. E mesmo a realidade de muitas pessoas doentes que nem sequer podem chegar aos hospitais, porque sabem que não tem o dinheiro necessário para serem atendidos (e receber os medicamentos). É a realidade de muitas pessoas que não vão ler este blog (muitos deles não sabem ler, e os que sabem não têm acesso a internet) e que, muito menos, tem a possibilidade de defender os seus direitos
E infelizmente, por absurdo que possa parecer num país herdeiro das idéias de Cabral e no qual a cooperação internacional se orgulha de fazer grandes investimentos nos sectores sociais, nem o Governo, nem a Comunidade Internacional tem respondido a nossa chamada de socorro. Pois até ao momento, nem o Ministério da Saúde (ou qualquer outro), nem nenhum Organismo Internacional (incluída as agencias das Nações Unidas que parecem ter maiores competências na matéria - UNICEF, FNUAP, OMS, PNUD-) tem dado um único passo desde que, em novembro do ano passado, a AIDA apresentou publicamente (tendo convidado a todas estas instituições) os dados sobre o trabalho realizado no âmbito socio-sanitário nos últimos seis anos e, sobretudo, deu a voz de alarme sobre a notícia que agora aparece publicada no seu Blog: Que a falta de orçamento para trabalhar nos vá a impedir de continuar parte do nosso trabalho de apoio aos mais necessitados. Mesmo que não vamos embora.
Atenciosamente,
A direção da associação AIDA na Guiné-Bissau
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