Os dois magistrados do Ministério Público titulares de um processo de alegada corrupção nos Portos da Guiné-Bissau estão a ser ameaçados de espancamento se o inquérito prosseguir, denunciou hoje fonte sindical em declarações à agência Lusa.
"Os colegas estão a receber telefonemas não identificados em que desconhecidos os avisam: podem ficar preparados, porque serão fortemente espancados", descreveu Bacar Biai, presidente do sindicato dos magistrados do Ministério Público.
As ameaças surgiram depois de o advogado de um dos arguidos no processo dos portos ter sido detido em flagrante, na quarta-feira, por um dos magistrados, quando o tentava subornar com 76 mil euros para que as investigações parassem.
O sindicato está a denunciar o caso junto das organizações internacionais com presença em Bissau: Organização das Nações Unidas (ONU), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Africana (UA), Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e União Europeia (UE).
Os sindicalistas apelam ainda à CEDEAO para "garantir segurança a estes magistrados, o mais rapidamente possível", no âmbito do mandato da ECOMIB, contingente militar dos países da comunidade estacionado em Bissau depois do golpe de Estado de 2012.
O Ministério Público está a investigar há um ano o desaparecimento de "avultadas somas" nas contas da administração dos Portos da Guiné-Bissau, uma das maiores empresas públicas do país, acrescenta.
No âmbito do processo, vários administradores e gestores da empresa estão suspensos de funções.
De acordo com fonte da Procuradoria-Geral da República guineense, as investigações já se encontram em avançado estado processual e o processo pode ser encaminhado em breve para julgamento.
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