sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"Somos os primeiros a reconhecer os desvios da Guiné-Bissau"

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Afirmação foi dada pelo presidente de transição do país durante discurso na Assembleia Geral; Manuel Serifo Nhamadjo declarou ser um "democrata por convicção" que não foi "mandante de ações golpistas".

Manuel Serifo Nhamadjo

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O presidente de transição da Guiné-Bissau explicou à Assembleia Geral das Nações Unidas a trajetória política do país desde o golpe militar cometido a 12 de abril do ano passado.

Ao discursar na 68ª sessão de alto nível do órgão, Manuel Serifo Nhamadjo pediu solidariedade da comunidade internacional.

Paciência

"A pessoa que vos fala neste preciso momento subiu a esta tribuna para pedir a vossa paciência, solicitar a vossa compreensão. Sou presidente da República de Transição da Guiné-Bissau e esta designação transmite algo que é particular e excepcional. Um golpe militar tinha deposto um presidente da República interino e um primeiro-ministro auto-suspenso e lançado numa campanha eleitoral inconclusa para a presidência da República. Perante uma tal situação, perguntamos: 'então, o que fazer?'"

Ele relembrou o perído pós-golpe, dizendo ter sido necessário "controlar os seus efeitos e limitar seu alcance institucional", além de lidar com duas tomadas de posição, uma delas, "embaraçosa", segundo o presidente Nhamadjo.

Democracia

"Tentaram por todos os meios aplicar a forma de quanto pior fosse para a Guiné-Bissau, tanto melhor. Somos uma democracia, é verdade, não obstante todos os defeitos, todas as violações da razão democrática do Estado, tantos desvios que nós somos os primeiros a reconhecer. Passe a imodéstia, eu sou um democrata por convicção amadurecida e que nunca fui golpista, nem mandante de ações golpistas."

Nhamadjo assumiu a liderança do país após a saída dos militares. Durante o seu discurso, o presidente de transição destacou que a Guiné-Bissau terá eleições presidenciais e legislativas a 24 de novembro.

De acordo com o presidente de transição, o país é vítima de dois males, a "pobreza e a instabilidade política" e salientou ser um desafio "sair dessas duas armadilhas".

Cplp

Manuel Serifo Nhamadjo agradeceu o apoio que as Nações Unidas e os países lusófonos têm dado à Guiné-Bissau.

"Timor amigo, que tem demonstrado um notável espírito de cooperação com o meu país, numa demonstração de que realmente são nos momentos mais difíceis que os amigos se conhecem. Igualmente agradecemos ao presidente (de Moçambique) Armando Guebuza, presidente em exercício da Cplp, pela justa apreciação que fez do processo político no meu país, pelo seu encorajamento e apelo à comunidade internacional a contribuir financeiramente à realização das eleições gerais no meu país."

O presidente em transição também destacou o papel do representante especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau, José Ramos Horta, pela "excelente contribuição que tem dado à normalização política" da nação.

*Apresentação: Denise Costa.

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