terça-feira, 16 de julho de 2013

Governo cabo-verdiano desvaloriza "incidente" com dois polícias detidos em Bissau

O Governo de Cabo Verde desvalorizou hoje o "simples incidente" que levou sexta-feira à detenção, em Bissau, de dois agentes da Direção de Estrangeiros e Fronteiras (DEF) cabo-verdiana, mas não adiantou as razões da prisão.

Em declarações aos jornalistas, à margem de um seminário de apresentação de uma proposta de projeto para a nova Lei dos Estrangeiros e de Asilo, a ministra da Administração Interna cabo-verdiana, Marisa Morais, disse ainda não dispor de todos os dados sobre o "incidente", pelo que tudo o que se comentar será "especulação".

"Além das especulações que têm surgido na imprensa, ainda não temos todos os dados que nos permitam comentar e não é altura de especular", sublinhou Marisa Morais, garantindo que os dois agentes "não estão em celas", que "estão bem tratados" e que o Governo cabo-verdiano tem estado a acompanhar a situação.

Os dois agentes da DEF deslocaram-se a Bissau a 09 deste mês em missão de serviço - a escoltar cidadãos guineenses a quem tinham sido dado ordem de expulsão -, e, quando regressavam, já na sala de embarque, foram detidos pelas autoridades locais, explicou Marisa Morais, que, porém, não avançou razões para a detenção.

"É tudo especulação", insistiu Marisa Morais quando questionada sobre as várias possibilidades avançadas pela imprensa cabo-verdiana, que vão desde a retaliação das autoridades guineenses ao apoio de Cabo Verde à detenção do antigo Chefe do Estado-Maior da Armada da Guiné-Bissau, Bubo Na Tchuto, à falta da documentação tradicional para casos desta natureza e até mesmo missão de espionagem.

"Iremos analisar a situação quando ambos regressarem. Tratou-se de uma simples missão de escolta. Infelizmente, devido à falta de ligações com a Guiné-Bissau, tiveram de ficar em Bissau, O que importa neste momento é resolva-la e que estejam de regresso a Cabo Verde o mais depressa possível", acrescentou.

Marisa Morais manifestou esperança de que os dois agentes da DEF possam regressar a Cabo Verde na madrugada de quinta para sexta-feira, no próximo voo regular entre Bissau e Cidade da Praia.

Os voos ocorrem às terças e sextas-feiras (Cidade da Praia/Dacar nos TACV e Dacar/Bissau na Air Maroc), mas Marisa Morais nada adiantou sobre a possibilidade de regressarem na ligação que hoje se realiza.

A ministra cabo-verdiana disse ainda que não há necessidade de uma delegação do Governo cabo-verdiano se deslocar a Bissau para ultrapassar a situação - "a questão não se põe" -, e escusou-se a comentar se há diálogo com as autoridades de transição da Guiné-Bissau (a Cidade da Praia não reconhece oficialmente o executivo guineense).

"São situações que esclareceremos depois. A nossa prioridade neste momento é garantir que retornem o mais rapidamente possível. Não temos todo o conjunto de informações que consideramos necessárias para poder responder às questões sem entrar em matéria especulativa", afirmou.

"Não cria necessariamente mal estar (entre os dois países). Não podemos estar a especular, muito menos sobre relações entre países. Trata-se, tanto quanto sabemos, de um simples incidente que pode acontecer em várias fronteiras e que já aconteceu em fronteiras europeias, sem tanto ruído", concluiu.

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