Bissau, 13 ago (Lusa) -- O representante do secretário geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, afirmou hoje que, "se calhar", o país precisa mais de dar formação aos seus militares do que de pedir uma força ou missão de estabilização, assunto em debate entre os guineenses e uma parte da comunidade internacional.
Falando em conferência de imprensa, Mutaboba disse que, do seu ponto de vista, ainda que não tenha recebido qualquer indicação oficial das autoridades sobre o que realmente se pretende, a Guiné-Bissau talvez precisasse mais de formação local dos seus militares.
"Quando falam de uma força de estabilização devem saber que isso implica vários aspetos, desde logo, a presença de muitos militares. Porque não observar aqui os militares que têm aqui? Ver o que é preciso fazer por eles, se são formados ou não. Dar um carácter profissional às Forças Armadas. É isso que falta", indicou o responsável da ONU em Bissau.
Joseph Mutaboba, declarou ainda que a detenção prolongada e sem julgamento de militares guineenses é uma situação “bizarra” com a qual a comunidade internacional não pode estar de acordo.
O representante especial do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que não pretendia falar de nenhum detido em particular, mas de todos aqueles que há muito se encontram na cadeia sem culpa formada.
“Antes de se prender uma pessoa, ela deve ser informada da sua culpa, e em seguida é constituído um processo que vai para o tribunal, que por sua vez escolhe um magistrado que vai analisar o processo, para dizer se a pessoa deve ou não ficar na prisão”, lembrou Joseph Mutaboba.
O representante do secretário-geral das Nações Unidas respondia desta forma a uma pergunta sobre o que acha do facto de ainda não existir qualquer resposta à deliberação tomada pelo Conselho de Segurança, que exigiu a libertação imediata de todas as pessoas indevidamente detidas na Guiné-Bissau. Ou então que sejam levadas a tribunal.
Entre os detidos figura o ex-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, vice-almirante Zamora Induta, preso no quartel de Mansoa, a 60 quilómetros de Bissau, desde o dia 1 de Abril passado, na sequência de uma sublevação militar dirigida pelo seu "número dois", o general António Indjai, posteriormente nomeado pelo Presidente Malam Bacai Sanhá para o cargo de que o afastara.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) tambem solicitou há dias a libertação imediata do brigadeiro Manuel Melcíades Gomes Fernandes (antigo chefe do Estado-Maior da Força Aérea), do vice-almirante José Zamora Induta, do coronel Samba Djaló (ex-chefe dos serviços secretos militares) e de mais quatro pessoas detidas “ilegalmente”.
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