A comunidade guineense residente em Angola saudou a realização do encontro entre os dias 11 e 12 do corrente mês em Bissau que juntou os chefes de Estado Maior das Forças Armadas do Comité Restrito da CPLP e da CEDEAO, com vista a criação de condições para ajudar na reforma dos sectores de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau.
Em declarações a O PAÍS, o cônsul da Guiné-Bissau em Angola, Isaac Monteiro, disse que a ida de militares da CPLP e da CEDEAO à GuinéBissau “é bem-vinda, desde que não seja uma intervenção militar para mudar o curso político do país”.
“Como guineense sinto que realmente o comando da CPLP, sob batuta de Angola, está com uma boa reacção, interessado na resolução dos problemas dos países da comunidade, em especial da Guiné-Bissau”, disse Isaac Monteiro.
Tratando-se de um assunto que já se arrasta há vários anos, e que contribui para a instabilidade naquele país lusófono, Isaac Monteiro diz que, desta vez, acredita que a partir deste encontro entre as chefias militares dos dois blocos e as chefias militares da Guiné-Bissau possa sair algum resultado positivo.
“A esperança é a última coisa a morrer. Nós temos esperança na ajuda pacífica, repito, na ajuda pacífica, para a resolução do conflito, do mau entendimento entre os militares no meu país”.
Uma vez tratar-se de uma acção que decorre do consenso com os responsáveis castrenses locais, o diplomata guineense disse que “a população da Guiné-Bissau tem que respeitar, desde que não haja a intenção de se mandar exércitos para qualquer acção militar no território da Guiné-Bissau”.
Questionado se houver necessidade de uma intervenção militar, o cônsul geral da Guiné-Bissau em Angola diz condenar, apelando ao diálogo e entendimento entre as partes envolvidas na resolução do conflito.
“O problema é grave. Entre os guineenses vem a solução. Eu tenho muita experiência, segui toda a revolução de Angola e vi que os angolanos resolveram o seu problema e não esperaram pelas Nações Unidas e outras organizações internacionais”.
A exemplo de Angola, disse, a Guiné-Bissau já devia também adoptar essa postura, que é a ideal, salientando que desde que o objectivo é a conquista da paz, “temos que respeitar as opções e as iniciativas da comunidade internacional”.
Sobre o fracasso da intermediação da União Europeia na Guiné-Bissau, Issac Monteiro socorreu-se de uma máxima popular segundo a qual “quem conhece a casa sabe arrumá-la bem e quem não conhece, tem dificuldades e falhas e coloca pedras onde não deve, dai a falha”, argumentou. Sem afirmar que os problemas no seu país tenham a “mão invisível do exterior”, Isaac Monteiro é de opinião que existe a conivência de alguns guineenses que pretendem obter algum posto e manter a liderança na área militar, o que está a complicar a situação na Guiné-Bissau.
Em sua opinião, a situação passa por dar alguma dignidade aos combatentes da liberdade da pátria para que eles sintam a calma e paz de espírito para poderem viver e conviverem com as suas famílias que deram o seu contributo para a liberdade.
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