domingo, 15 de agosto de 2010

O rosto social da Igreja Católica na Guiné Bissau

big_1281873614_8825_igreja_bissau Num país como a Guiné-Bissau, fustigado por problemas de vária ordem, com constante instabilidade política e militar, a Caritas funciona como se fosse um ministério para os assuntos sociais, igualdade e pobreza. Elabora e desenvolve projectos e materializa a acção social da Igreja Católica presente na Guiné-Bissau.
Os projectos são muitos. Os fundos escassos. Mas a vontade de fazer, muitas vezes suprime as carências financeiras. A orientação é clara. Ajudar as pessoas a terem uma vida melhor.
A cabo-verdiana, Lourdes Lima, religiosa da congregação Servas de Nossa Senhora de Fátima, missionaria na Guiné-Bissau há três anos, é a coordenadora-geral da Caritas que assume uma missão inter-diocesana, abrangendo projectos nas duas Dioceses do país: Bissau e Bafatá (ver caixa Dioceses). Conta com a colaboração directa de Emanuel Pereira (ver discurso directo), um jovem português de 33 anos, formado em Gestão de Empresas que assume, directamente, a coordenação dos programas que a Caritas desenvolve.
Em declarações ao Expresso das Ilhas, durante a nossa passagem por Bissau, a coordenadora-geral da Caritas lembra que a missão da instituição é promover o "desenvolvimento integral" de toda a pessoa humana, "assente nos valores do Evangelho, aliando a cultura e a tradição local à gestão solidária dos recursos que, partilhados, garantam a sustentabilidade das comunidades". Com essa orientação, o rumo é alcançar a justiça, a paz e a melhoria da qualidade de vida da população guineense.

Áreas de actuação

Apoio ao desenvolvimento: emergência: formação: saúde: segurança alimentar e nutrição são as áreas de acção da Caritas que em tudo o que faz busca sempre o bem-estar da população. Tudo é desenvolvido com particular afecto, entretanto, não há uma fonte de rendimento. Ou seja, a Caritas, apesar de trabalhar como um ministério de acção social, não tem um orçamento próprio anual. O financiamento depende de projectos que são desenvolvidos e que se candidatam a financiamento, que pode ou não chegar. "Nós não temos fontes de rendimento. Vivemos dos projectos e temos que aprender a gerir os nossos poucos recursos, o melhor possível", adverte a Ir. Lourdes.

Acções

São muitas as acções no terreno, direccionadas em vários sentidos. Na saúde, por exemplo, destacam-se os trabalhos, desenvolvidos pelo Hospital de Cumura e a Clínica Pediátrica de Bor. Estas duas instituições apesar de todas as limitações de ordem financeira e humana, são como "faróis" no país, sobretudo porque o sistema público de saúde não funciona. Ir aos hospitais públicos é um autêntico calvário.
Já nos hospitais geridos pela Caritas, o cenário é completamente diferente. Os doentes são recebidos e tratados com dignidade e profissionalismo. O corpo clínico dos dois estabelecimentos esforça-se por prestar um atendimento personalizado aos pacientes.
O Hospital de Cumura é uma realidade antiga, tendo nascido quando o frei Giuseppe Andreatta era missionário na Guiné-Bissau, por volta de 1955. Começou pela assistência sanitária e foi ampliando a sua actuação. Nesta unidade, são atendidos, vários pacientes, numa média de três a quatro mil primeiras consultas por mês. Com três pavilhões, o Hospital dispõe de noventa camas, divididos em secções para leprosos, e portadores de sida e tuberculose. O hospital tem diagnosticado 600 casos de tuberculose e 2000 de sida.
A Ir. Valéria Amato é responsável desta unidade sanitária. Chegou a Bissau, proveniente do Brasil, onde estava também em missão, em 1988. Os primeiros 12 anos foram dedicados à maternidade e pediatria de Quinhamene, e restantes 10 no Hospital de Cumura.
A unidade pediátrica de Bôr, aposta neste momento na potencialização de algumas especialidades: TAC, laboratórios especializado, maternidade e uma unidade oftalmológica são alguns dos projectos em carteira para uma futura expansão.
Ainda no sector da saúde, destaca-se o projecto "Maternidade sem Risco", que visa melhorar a saúde materna e diminuir as mortes. A Caritas tem a Casa das Mães, onde as parturientes são atendidas por clínicos especialistas. Nesta Casa, as grávidas são também orientadas para os cuidados materno-infantis.
Ainda no sector da saúde, aposta-se muito na "Medicina Natural". A Caritas conseguiu reunir um grupo de 40 curandeiros locais, que está a promover esta prática, através da formação e sensibilização com recurso a meios naturais abundantes no país.
Recuperação nutricional é outro sector em que a acção da Caritas é bastante visível. Pelo país todo, existem vários centros sob orientação da Caritas, geridos por religiosas das várias congregações que trabalham na Guiné-Bissau. A acção destes centros estende-se também às tabancas, junto das comunidades e alarga-se às crianças órfãs.

Sida

Num país cujos dados do sida são assustadores, a Caritas sente a necessidade de alertar os jovens e as novas gerações para os perigos da doença. Neste sentido, elaborou o "Sida-Service" que é um programa, desenvolvido junto da comunidade estudantil, contribuindo para a mudança de comportamentos.

Feira de possibilidades

Mas, a acção social da Igreja alarga-se também à formação. Neste particular, destaca-se a feira das possibilidades, desenvolvida em Nhabijão, na região de Bafatá. Trata-se de um centro impulsionador e multiplicador de iniciativas formativas para mulheres e homens. O objectivo é fazer reduzir a pobreza e a forme, promovendo, por outro lado, a igualdade do género, apostando assim, na capacitação das mulheres.
Este centro promove várias formações. Todo o tipo de formação é desenvolvido através dele.

Sem comentários:

Enviar um comentário