quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De modo a evitar "sentimentos de vingança" Liga dos Direitos Humanos pede a libertação de militares detidos na Guiné-Bissau

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) solicitou hoje a libertação imediata do brigadeiro Manuel Melcíades Gomes Fernandes, do vice-almirante José Zamora Induta, do coronel Samba Djaló e de mais quatro pessoas detidas “ilegalmente”.

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Ao completar 19 anos, a Liga disse que isso seria uma forma de se contribuir para a resolução de alguns dos problemas do país, onde “as circunstâncias apontam tendencialmente para a intimidação, o medo e a perseguição”.
A Guiné-Bissau “atravessa um dos momentos mais difíceis e conturbados da sua história recente, em que concorrem inúmeros factores conducentes à instabilidade permanente no plano político, militar e social, que protelam sine die os sonhos de desenvolvimento durável e ameaçam substancialmente a sobrevivência das instituições democráticas”, afirmou aquela instituição, num comunicado.
“As forças de defesa e segurança continuam a ter um papel determinante na definição da vida pública e consequente insubordinação ao poder politico. Faltam infraestruturas judiciárias e há um limitado acesso à Justica, o que serve de incentivo à impunidade e à violência gratuita”, acrescentou a Liga Guineense dos Direitos Humanos.
O elevado índice de corrupção no aparelho do Estado e a ausência de uma política de combate ao desemprego “têm conduzido à deterioração do nível de vida das populações a uma escala cada vez mais preocupante”, observou a mesma instituição.
As dificuldades extremas nas investigações dos assassinatos de 2009, nomeadamente o do Presidente João Bernardo Nino Vieira, e as “detenções arbitrárias de oficiais superiores e subalternos das Forças Armadas, alguns há mais de um ano e com fortes sinais de tortura, deixam sequelas para o ódio e sentimentos de vingança”, prosseguiu a LGDH.
A insegurança dos titulares dos orgãos de soberania e a instabilidade político-militar permanente fizeram com que recentemente se tenha equacionado a hipótese de abrir as portas da Guiné-Bissau a “uma missão de estabilização” a constituir por diferentes países, nomeadamente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general António Indjai, que chegou ao lugar depois de no dia 1 de Abril ter detido o seu antecessor, Zamora Induta, disse esta semana à agência Lusa que os militares guineenses discordam da ideia de “uma missão de estabilização”, mas que se essa for a decisão do executivo terão de a aceitar.

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