sexta-feira, 9 de abril de 2010

CHEFIAS MILITARES E NARCOTRÁFICO NUM PAÍS CADA VEZ MAIS À DERIVA



Guiné-Bissau ainda flutua mas a todo o momento pode afundar-se por completo. Alguém está, de facto, preocupado?

O presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá (foto), sublinhou hoje que, se as acusações feitas pelos EUA a dois oficiais das Forças Armadas forem verdade, a situação é grave. Os Estados Unidos congelaram hoje os bens do chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Ibrahima Papa Camará, e do contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto por "jogarem um papel significativo no tráfico de droga".

"Nós somos contra o tráfico de droga, estamos a lutar contra o tráfico de droga. Se for verdade [a acusação], é grave", afirmou o chefe de Estado, à chegada ao aeroporto de Bissau, proveniente de Angola.

Os Estados Unidos congelaram hoje os bens do chefe do Estado-Maior da Força Aérea da Guiné-Bissau, Ibrahima Papa Camará, e do contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto por "jogarem um papel significativo no tráfico de droga".

Num comunicado anunciando a decisão, o Departamento do Tesouro norte-americano disse que Bubo na Tchuto é "há muito suspeito de ser um dos principais facilitadores de tráfico de narcóticos na Guiné-Bissau".

O departamento acusou os dois dirigentes militares de estarem ligados ao caso de um avião que transportou várias centenas de quilos de cocaína da Venezuela para a Guiné-Bissau, a 12 de Julho de 2008.

Entretanto, o general Ibrahima Papa Camará, apontado hoje pelos Estados Unidos como uma das principais figuras do narcotráfico, desmente esse envolvimento e confessou que a acusação afecta a sua imagem.

Contactado pela Lusa, o general Ibrahima Camará começou por dizer que não tem nenhum bem nos Estados Unidos e que está disposto a colaborar quer com o Ministério Público guineense quer com o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos.

"Por se tratar de um equívoco eu estaria disposto a colaborar com o Ministério Público da Guiné-Bissau e o tal Departamento, o próprio Departamento de Estado ou Tesouro norte-americano, no sentido de encontrar elementos comprovativos do meu alegado envolvimento no tráfico", garantiu.

Quanto ao alegado envolvimento do almirante Bubo Na Tchuto, o general Camará remete para aquele oficial superior, mas salienta que são casos diferentes.

"Falando de Bubo Na Tchuto não é a mesma coisa de falar de general Ibrahima Papa Camará. Eu da minha parte, repito mais uma vez, eu estaria disposto em colaborar com o Ministério Público do meu país e o Departamento norte-americano, do Tesouro, no sentido de encontrar elementos comprovativos. Sim, eu estaria disposto a fazer isso", reafirmou.

"Estou de consciência tranquila. Efectivamente estou com a consciência tranquila", concluiu.

Calúnias contra o primeiro-ministro... diz o primeiro-ministro

Noutra frente, o gabinete do primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, emitiu hoje um comunicado no qual qualifica de “calúnia” e “promoção da violência” a nota à imprensa divulgada pelo Partido de Renovação Social.

“O comunicado de imprensa sob resposta, assente na calúnia e na promoção da violência, não tem outro objectivo que não seja o assassinato político do primeiro-ministro, associando quem o emite a processos não democráticos de acesso ao poder”, refere o documento.

O PRS afirmou num comunicado de imprensa que um antigo guarda-costas do atual primeiro-ministro do país colocou a bomba que matou o ex-chefe das Forças Armadas, Tagmé Na Waié.

"No encontro do primeiro-ministro com os membros da comissão permanente da Assembleia Nacional Popular (…) estes ficaram a saber através de palavras textuais do senhor primeiro-ministro que terá sido um dos seus antigos guarda-costas quem transportou e colocou a bomba que vitimou o general Tagmé Na Waié", afirma no documento o PRS, o maior partido de oposição da Guiné-Bissau, liderado por Kumba Ialá.

O documento do gabinete do primeiro-ministro refere também que o que Carlos Gomes Júnior informou foi da sua “estranheza e estupefacção o tomar conhecimento (…) que o referido guarda-costas, corrija-se, ajudante de campo, havia participado no atentado que vitimou o general Tagmé Na Waié”.

O comunicado do primeiro-ministro acrescenta que na altura do atentado o indivíduo já não se encontrava em funções no gabinete do chefe do Governo.


Este artigo é de autoria da Fábrica dos Blogs
Jobapica

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