quarta-feira, 7 de abril de 2010

Intervenção militar foi um "revés"


A intervenção militar do passado dia 01 na Guiné-Bissau constituiu um "revés" nos esforços de estabilização e de relançamento no caminho do desenvolvimento, considerou hoje em Lisboa o presidente do parlamento guineense.
"Os acontecimentos constituem de facto um revés nos esforços que estão a ser feitos para estabilizar a Guiné-Bissau e para relançar o país no caminho do desenvolvimento", disse Raimundo Pereira.
O presidente da Assembleia Nacional Popular guineense falava à saída de um encontro com o seu homólogo português, Jaime Gama, em trânsito para a Guiné-Bissau.
A intervenção militar "teve lugar num dado momento em que ninguém previa, quando tudo estava a caminhar para uma normalidade, para a estabilização do país", acrescentou.
Raimundo Pereira foi apanhado pelos acontecimentos fora do país, quando se encontrava na Tailândia, numa reunião da União Inter-Parlamentar.
Relativamente ao encontro com Jaime Gama, o presidente do parlamento guineense disse que, além de "questões de interesse comum", como os apoios da Assembleia da República portuguesa à instituição congénere da Guiné-Bissau, falaram sobre a intervenção militar.
"São acontecimentos que não deixam de preocupar também a assembleia portuguesa. Segundo informações que temos, existe uma normalidade e estão a ser feitos esforços para, a pouco e pouco, se estabelecer a ordem constitucional", destacou.
"Estou otimista e penso que todos os guineenses estão neste momento a conjugar esforços para que o país não deixe perder a oportunidade que tem, mais uma vez, para retomar o seu lugar no concerto das nações", frisou.
Para Raimundo Pereira, a Guiné-Bissau "já perdeu muito tempo".
"Nós devemos concentrar os nossos esforços na construção do país, na promoção da paz, do diálogo. Defendo que a única via para o desenvolvimento do país é através da democracia, que tem virtualidades próprias para superar todas as crises através do dialogo" concluiu.
A Guiné-Bissau voltou a passar por momentos de instabilidade na quinta feira passada, quando militares liderados pelo antigo chefe da Armada almirante José Américo Bubo Na Tchuto e pelo número dois do Estado Maior General das Forças Armadas, António Indjai, detiveram o primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, e o CEMGFA, almirante Zamora Induta.
Carlos Gomes Júnior, disse na terça feira que o que aconteceu no passado dia 10 foi um "incidente" e que a "situação está ultrapassada".
Carlos Gomes Júnior falava aos jornalistas no final de um encontro tripartido com o Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, e o vice-chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, major-general António Indjai, um dos protagonistas da intervenção militar.

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