quarta-feira, 21 de abril de 2010

Indjai faz acusações contra Zamora Induta


O vice Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, major general António Indjai, acusou o ex-responsável da instituição, Zamora Induta, de conduzir os assuntos militares do país como se fossem propriedade privada, uma das razões da sua destituição e detenção.
A acusação está expressa numa, carta assinada por António Indjai, dirigida ao Procurador-Geral da Republica, Amine Saad.
A carta, datada de 12 de Abril, contém um conjunto de acusações contra o almirante Zamora Induta, entre as quais de situações que podiam conduzir as Forças Armadas “para um conflito iminente”.
O antigo ex-CEMGFA guineense é também acusado de “desvios de dinheiro na ordem de 135 milhões de francos CFA”.
A carta fala, igualmente, da apreensão de um navio, por pesca ilícita, em Bubaque, que tinha a bordo 17 milhões de francos CFA e “grande quantidade de droga”.
“Desconhece-se o paradeiro da droga que se encontrava a bordo desse navio”, diz Indajai, que garante que Induta utilizava “a seu belo prazer” o dinheiro de arrendamento de bens imóveis pertencentes às Forças Armadas.
Indajai acusa ainda Zamora Induta de ter concentrado na sua pessoa a condução de todos os assuntos ligados aos departamentos dos recursos humanos e de logística, sem nunca dar explicações aos membros do Estado-Maior sobre a utilização dos fundos.
Induta é descrito como alguém que privilegiava a “ostentação do luxo pessoal”.
Induta, refere a carta, mandou reparar o seu gabinete de trabalho e a sua residência, “em detrimento de outros serviços essenciais do Estado-Maior”.
O actual vice-chefe do Estado-Maior disse ter sido obrigado a tomar medidas no dia 1 de Abril de 2010, “com vista a pôr ordem nas Forças Armadas porque a forma como a classe estava a ser dirigida ia culminar num conflito iminente”.
No dia 1, a Guiné-Bissau voltou a ser palco de uma crise interna, quando uma intervenção militar levou à detenção do Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior, e do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Zamora Induta.
O Primeiro-Ministro foi libertado pouco depois, mas Zamora Induta está detido numa base militar em Mansoa, no centro do país. A União Europeia (UE) continua preocupada com os acontecimentos registados na Guiné-Bissau no passado dia 1 deste mês e voltou ontem a defender o regresso da ordem constitucional ao país, depois de encontros com as autoridades guineenses.
“A União Europeia solicitou-me que fizesse contactos junto das mais altas autoridades do Estado, para transmitir as suas preocupações sobre os acontecimentos de 1 de Abril”, afirmou o representante da Comissão Europeia, Franco Nulli.
“É por isso que tive oportunidade de transmitir ao senhor Primeiro-Ministro e a sua excelência o Presidente da República o apoio da União Europeia, a nossa vontade de continuar a apoiar o país no quadro das reformas e do seu desenvolvimento, mas também as nossas preocupações sobre os acontecimentos de 1 de Abril”, disse.
Segundo Franco Nulli, os acontecimentos foram “extremamente graves e uma quebra da ordem constitucional e da estabilidade do país”.
Franco Nulli falava à imprensa depois dos encontros com o Chefe de Estado guineense, Malam Bacai Sanhá, e com o Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior, acompanhado dos embaixadores de Portugal, França e Espanha e de um representante da missão europeia para a reforma do sector de defesa e segurança do país.

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