Por Agência Lusa, Publicado em 28 de Maio de 2010
O representante especial do secretário geral da ONU para a Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, apela à comunidade internacional para não deixar o país "sozinho", mas admite que "a paciência tem limites" e as "crises recorrentes" são frustrantes para quem quer ajudar.
Em entrevista à Agência Lusa, em Bruxelas, onde cumpriu uma visita de quatro dias para encontros com altos funcionários da Comissão Europeia, Mutaboba diz estar "definitivamente ao lado de Portugal e dos outros parceiros" que defendem que esta não é altura de "deixar a Guiné-Bissau sozinha".
Todavia, afirma compreender aqueles que se interrogam sobre se vale a pena continuar a prestar assistência e a "injetar dinheiro" num país em convulsões "recorrentes", a mais recente das quais a intervenção militar de 01 de abril passado, que já levou por exemplo a União Europeia a adiar uma decisão sobre uma futura missão para a reforma do setor da segurança para suceder à atual.
"É uma reação natural, sentir frustração. E sentimo-nos frustrados por continuar a ver a Guiné-Bissau a afundar-se mais e mais fundo, e isso é muito frustrante. Há pessoas que querem ajudar, assistir, mas isso exige algo da outra parte", disse, apontando que, da outra parte, o que tem sucedido é "uma série de crises repetidas devido a assuntos mal resolvidos".
Para o representante especial das Nações Unidas, é necessário, do lado da comunidade internacional, repensar a forma de assistência, tentando perceber o que não correu bem até agora, mas é sobretudo essencial que as autoridades guineenses, civis e militares, percebam que é tempo de pôr fim ao que classificou de "alianças oportunistas alternadas", quezílias e vinganças.
O "retrato" que faz do que se tem passado é: "hoje estou com este, amanhã estou com aquele, depois de amanha alguém é morto, depois outro, e uma série de vinganças e reveses".
"É preciso parar e dizer-lhes: senhoras e senhores, é o vosso país, é o vosso futuro, é o futuro do vosso país", advoga, esperando que do outro lado a "elite" guineense tenha em conta que a Guiné-Bissau é um país muito dependente da assistência internacional, e perceba "que há um limite para a paciência, que a paciência tem limites".
Neste sentido, o representante especial do secretário geral da ONU compreende as hesitações de alguns países em continuarem a assistência, mas considera que seria um erro deixar agora o país.
"A mensagem que eu partilhei com os nossos parceiros em Bruxelas e com diferentes parceiros bilaterais é que, apesar de a situação na Guiné-Bissau, gerada pelos acontecimentos de 01 de abril, ter ocorrido, não é a altura de deixar Bissau sozinha. É antes tempo de todos vermos como podemos juntar-nos e pensarmos mais pró-ativamente", afirmou.
"Estou definitivamente do mesmo lado de Portugal: não é altura de sair da Guiné-Bissau; é antes a altura em que eles precisam mais de nós", disse, acrescentando que "provavelmente" será é necessário "mudar a estratégia", reforçando a cooperação dos vários atores para a tornar mais eficaz.
Relativamente ao prolongamento ou não da missão da UE, diz sair de Bruxelas com o sentimento de que "os 27 membros estão necessariamente todos de acordo com a posição final a tomar, mas este não é um debate perdido, é um debate em curso", e parar e rever o que não foi bem feito "até pode ser um exercício muito válido".
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
O representante especial do secretário geral da ONU para a Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, apela à comunidade internacional para não deixar o país "sozinho", mas admite que "a paciência tem limites" e as "crises recorrentes" são frustrantes para quem quer ajudar.
Em entrevista à Agência Lusa, em Bruxelas, onde cumpriu uma visita de quatro dias para encontros com altos funcionários da Comissão Europeia, Mutaboba diz estar "definitivamente ao lado de Portugal e dos outros parceiros" que defendem que esta não é altura de "deixar a Guiné-Bissau sozinha".
Todavia, afirma compreender aqueles que se interrogam sobre se vale a pena continuar a prestar assistência e a "injetar dinheiro" num país em convulsões "recorrentes", a mais recente das quais a intervenção militar de 01 de abril passado, que já levou por exemplo a União Europeia a adiar uma decisão sobre uma futura missão para a reforma do setor da segurança para suceder à atual.
"É uma reação natural, sentir frustração. E sentimo-nos frustrados por continuar a ver a Guiné-Bissau a afundar-se mais e mais fundo, e isso é muito frustrante. Há pessoas que querem ajudar, assistir, mas isso exige algo da outra parte", disse, apontando que, da outra parte, o que tem sucedido é "uma série de crises repetidas devido a assuntos mal resolvidos".
Para o representante especial das Nações Unidas, é necessário, do lado da comunidade internacional, repensar a forma de assistência, tentando perceber o que não correu bem até agora, mas é sobretudo essencial que as autoridades guineenses, civis e militares, percebam que é tempo de pôr fim ao que classificou de "alianças oportunistas alternadas", quezílias e vinganças.
O "retrato" que faz do que se tem passado é: "hoje estou com este, amanhã estou com aquele, depois de amanha alguém é morto, depois outro, e uma série de vinganças e reveses".
"É preciso parar e dizer-lhes: senhoras e senhores, é o vosso país, é o vosso futuro, é o futuro do vosso país", advoga, esperando que do outro lado a "elite" guineense tenha em conta que a Guiné-Bissau é um país muito dependente da assistência internacional, e perceba "que há um limite para a paciência, que a paciência tem limites".
Neste sentido, o representante especial do secretário geral da ONU compreende as hesitações de alguns países em continuarem a assistência, mas considera que seria um erro deixar agora o país.
"A mensagem que eu partilhei com os nossos parceiros em Bruxelas e com diferentes parceiros bilaterais é que, apesar de a situação na Guiné-Bissau, gerada pelos acontecimentos de 01 de abril, ter ocorrido, não é a altura de deixar Bissau sozinha. É antes tempo de todos vermos como podemos juntar-nos e pensarmos mais pró-ativamente", afirmou.
"Estou definitivamente do mesmo lado de Portugal: não é altura de sair da Guiné-Bissau; é antes a altura em que eles precisam mais de nós", disse, acrescentando que "provavelmente" será é necessário "mudar a estratégia", reforçando a cooperação dos vários atores para a tornar mais eficaz.
Relativamente ao prolongamento ou não da missão da UE, diz sair de Bruxelas com o sentimento de que "os 27 membros estão necessariamente todos de acordo com a posição final a tomar, mas este não é um debate perdido, é um debate em curso", e parar e rever o que não foi bem feito "até pode ser um exercício muito válido".
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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