Só 40 por cento dos 1,7 milhões de guineenses
falam a língua oficial do país, o Português
O deputado do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Lúcio Balencanti Rodrigues destaca-se na Guiné-Bissau por ser dos poucos guineenses que usa apenas o português como língua de comunicação. Por sua vez o ministro da Educação, Artur Silva, diz que é preciso fazer muito trabalho para o português ser uma realidade no país. A questão vai ser debatida entre os dias 12 e 15 num ncontro da Associação Guineense de Professores de Português.
No Parlamento, nas instituições do Estado, nas entrevistas aos órgãos de comunicação social e nas conversas de rua, raras são as vezes em que Lúcio Balencanti Rodrigues não utiliza o português.
Para o deputado guineense "seria um desperdício enorme não estar agora a utilizar o português como instrumento de comunicação", depois de ter apreendido tudo o que hoje sabe.
"A opção de usar a língua portuguesa regularmente nas minhas comunicações é uma forma de rentabilizar o investimento feito ao longo dos anos nos meus estudos", afirmou à agência Lusa.
Em relação ao maior uso do crioulo na Guiné-Bissau, o deputado guineense disse que "há uma preguiça mental e o conformismo intelectual para não falar o português".
"Mesmo nas instituições da República nota-se isso. Às vezes falo com alguém em português e responde automaticamente em crioulo", salientou.
Apesar da invasão da cultura brasileira na Guiné-Bissau a partir das telenovelas, o deputado lamenta que continuem a ser "poucos os guineenses que falam português regularmente".
Para minimizar o problema, Lúcio Rodrigues defende um "ataque mais agressivo" do ensino da língua nos jardins de infância e escolas primárias.
"Penso que é preciso mudar a estratégia do ensino na Guiné-Bissau", disse.
"Ao invés de Portugal enviar professores para ensinarem nos liceus devia ser o contrário, enviar professores para ensinarem nas pré-primárias e quiçá mesmo nos jardins de infância", explicou.
“Ainda é preciso muito trabalho para Português ser realidade”, diz o ministro da Educação
Entretanto, o ministro da Educação da Guiné-Bissau, Artur Silva, disse hoje que é preciso fazer muito trabalho para o Português ser uma realidade no país e defendeu uma maior aposta no ensino da língua portuguesa.
“Temos de fazer uma grande aposta em todos os sentidos e em todos os aspectos. Vê-se claramente que as pessoas utilizam mais o crioulo do que o Português”, afirmou.
“A língua oficial da Guiné-Bissau é o Português e temos de fazer muito trabalho para que o Português seja uma realidade na Guiné-Bissau e que hoje não é o caso”, lamentou o ministro guineense.
Para Artur Silva, o trabalho deve começar ao nível das escolas, mas deve atingir as crianças de tenra idade.
É preciso “começar desde o ensino básico, desde tenra idade a falar Português, em casa, nas famílias, nas ruas e nas escolas e em todos os lugares”, afirmou.
Apesar de não haver números oficiais, fonte governamental disse que apenas 40 por cento dos 1,7 milhões de guineenses falam Português.
Na Guiné-Bissau, a taxa de escolaridade básica ronda os 61 por cento, num país onde mais de metade da população são jovens com idade inferior a 18 anos. A taxa de analfabetismo em adultos ronda os 58 por cento e atinge mais as mulheres.
Portugal tem sido o país da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que mais tem cooperado com a Guiné-Bissau no ensino e promoção da língua portuguesa.
Portugal promove o ensino da língua portuguesa no país através do Projecto de Apoio à Educação no Interior da Guiné-Bissau, do Programa de Apoio ao Sistema Educativo e da cooperação entre a Faculdade de Direito de Lisboa e a Faculdade de Direito de Bissau.
Professores de português reúnem-se para analisar métodos de ensino
Por outro lado, a Associação Guineense de Professores de Português vai realizar um encontro entre 12 e 15 deste mês para discutirem a necessidade de mudar a metodologia de ensino da língua no país para aumentar o número de falantes.
“Nós organizamos este encontro porque estamos a sentir alguma dificuldade no âmbito da metodologia do ensino da língua portuguesa”, explicou Figuinho Bernardo Ocáia, presidente da Associação Guineense de Professores de Português.
“A nossa preocupação é dizer ao mundo o que nós sentimos, quais as dificuldades que nós temos e convidar colegas para virem ajudar-nos a ultrapassar o problema”, disse.
Segundo Figuinho Ocáia, a maior dificuldade é a “ausência de metodologia adequada para ensinar o português num país como a Guiné-Bissau, que tem várias línguas étnicas”.
“É preciso adaptar o ensino de língua portuguesa à realidade linguística guineense. Antigamente, na Guiné portuguesa, o método que se utilizava era aquele que entende que os guineenses são falantes de português, língua materna, mas está errado”, afirmou.
“O português não é a nossa língua materna. A língua materna é uma das nossas línguas étnicas, depois o crioulo e só depois o português”, disse, sublinhando que apenas cinco por cento da população utiliza o português como língua materna.
Para aumentar o número de falantes de português, o professor defende uma mudança na metodologia do ensino.
“A nossa maior luta é fazer com que haja um maior número de falantes possíveis, que os guineenses falem português como língua materna, que saibam ler e escrever”, afirmou, salientando que os jovens e as pessoas residentes no interior do país têm muita vontade de dominar a língua portuguesa.
No encontro, vão participar professores de português de Portugal, Cabo Verde, Nigéria e Espanha.
falam a língua oficial do país, o Português
O deputado do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) Lúcio Balencanti Rodrigues destaca-se na Guiné-Bissau por ser dos poucos guineenses que usa apenas o português como língua de comunicação. Por sua vez o ministro da Educação, Artur Silva, diz que é preciso fazer muito trabalho para o português ser uma realidade no país. A questão vai ser debatida entre os dias 12 e 15 num ncontro da Associação Guineense de Professores de Português.
No Parlamento, nas instituições do Estado, nas entrevistas aos órgãos de comunicação social e nas conversas de rua, raras são as vezes em que Lúcio Balencanti Rodrigues não utiliza o português.
Para o deputado guineense "seria um desperdício enorme não estar agora a utilizar o português como instrumento de comunicação", depois de ter apreendido tudo o que hoje sabe.
"A opção de usar a língua portuguesa regularmente nas minhas comunicações é uma forma de rentabilizar o investimento feito ao longo dos anos nos meus estudos", afirmou à agência Lusa.
Em relação ao maior uso do crioulo na Guiné-Bissau, o deputado guineense disse que "há uma preguiça mental e o conformismo intelectual para não falar o português".
"Mesmo nas instituições da República nota-se isso. Às vezes falo com alguém em português e responde automaticamente em crioulo", salientou.
Apesar da invasão da cultura brasileira na Guiné-Bissau a partir das telenovelas, o deputado lamenta que continuem a ser "poucos os guineenses que falam português regularmente".
Para minimizar o problema, Lúcio Rodrigues defende um "ataque mais agressivo" do ensino da língua nos jardins de infância e escolas primárias.
"Penso que é preciso mudar a estratégia do ensino na Guiné-Bissau", disse.
"Ao invés de Portugal enviar professores para ensinarem nos liceus devia ser o contrário, enviar professores para ensinarem nas pré-primárias e quiçá mesmo nos jardins de infância", explicou.
“Ainda é preciso muito trabalho para Português ser realidade”, diz o ministro da Educação
Entretanto, o ministro da Educação da Guiné-Bissau, Artur Silva, disse hoje que é preciso fazer muito trabalho para o Português ser uma realidade no país e defendeu uma maior aposta no ensino da língua portuguesa.
“Temos de fazer uma grande aposta em todos os sentidos e em todos os aspectos. Vê-se claramente que as pessoas utilizam mais o crioulo do que o Português”, afirmou.
“A língua oficial da Guiné-Bissau é o Português e temos de fazer muito trabalho para que o Português seja uma realidade na Guiné-Bissau e que hoje não é o caso”, lamentou o ministro guineense.
Para Artur Silva, o trabalho deve começar ao nível das escolas, mas deve atingir as crianças de tenra idade.
É preciso “começar desde o ensino básico, desde tenra idade a falar Português, em casa, nas famílias, nas ruas e nas escolas e em todos os lugares”, afirmou.
Apesar de não haver números oficiais, fonte governamental disse que apenas 40 por cento dos 1,7 milhões de guineenses falam Português.
Na Guiné-Bissau, a taxa de escolaridade básica ronda os 61 por cento, num país onde mais de metade da população são jovens com idade inferior a 18 anos. A taxa de analfabetismo em adultos ronda os 58 por cento e atinge mais as mulheres.
Portugal tem sido o país da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que mais tem cooperado com a Guiné-Bissau no ensino e promoção da língua portuguesa.
Portugal promove o ensino da língua portuguesa no país através do Projecto de Apoio à Educação no Interior da Guiné-Bissau, do Programa de Apoio ao Sistema Educativo e da cooperação entre a Faculdade de Direito de Lisboa e a Faculdade de Direito de Bissau.
Professores de português reúnem-se para analisar métodos de ensino
Por outro lado, a Associação Guineense de Professores de Português vai realizar um encontro entre 12 e 15 deste mês para discutirem a necessidade de mudar a metodologia de ensino da língua no país para aumentar o número de falantes.
“Nós organizamos este encontro porque estamos a sentir alguma dificuldade no âmbito da metodologia do ensino da língua portuguesa”, explicou Figuinho Bernardo Ocáia, presidente da Associação Guineense de Professores de Português.
“A nossa preocupação é dizer ao mundo o que nós sentimos, quais as dificuldades que nós temos e convidar colegas para virem ajudar-nos a ultrapassar o problema”, disse.
Segundo Figuinho Ocáia, a maior dificuldade é a “ausência de metodologia adequada para ensinar o português num país como a Guiné-Bissau, que tem várias línguas étnicas”.
“É preciso adaptar o ensino de língua portuguesa à realidade linguística guineense. Antigamente, na Guiné portuguesa, o método que se utilizava era aquele que entende que os guineenses são falantes de português, língua materna, mas está errado”, afirmou.
“O português não é a nossa língua materna. A língua materna é uma das nossas línguas étnicas, depois o crioulo e só depois o português”, disse, sublinhando que apenas cinco por cento da população utiliza o português como língua materna.
Para aumentar o número de falantes de português, o professor defende uma mudança na metodologia do ensino.
“A nossa maior luta é fazer com que haja um maior número de falantes possíveis, que os guineenses falem português como língua materna, que saibam ler e escrever”, afirmou, salientando que os jovens e as pessoas residentes no interior do país têm muita vontade de dominar a língua portuguesa.
No encontro, vão participar professores de português de Portugal, Cabo Verde, Nigéria e Espanha.
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