Lisboa – Um artigo de opinião intitulado «Guiné-Bissau um suposto narco-estado» publicado na edição de 14 de Maio do semanário «Diário Bissau» foi suficiente para justificar a destruição da redacção do jornal e agressão do seu director.
Este sábado, 15 de Maio, o empresário guineense Armando Dias e o seu condutor decidiram manifestar o seu «descontentamento» relativamente a um artigo de opinião assinado por Adulai Idjai tendo investido a redacção do semanário Diário Bissau destruindo todo o equipamento informático e agredindo o seu director João de Barros.
Em causa, além do artigo intitulado «Guiné-Bissau um suposto narco-estado», Armando Dias não apreciara que o texto fosse ilustrado com quatro fotografias de Tagmé Na Waie, Nino Vieira, Helder Proença e Baciro Dabo com a legenda «as vítimas dos narcotraficantes na Guiné-Bissau».
Segundo João de Barros, director do Diário Bissau e ex secretário de Estado para Comunicação social durante a presidência de «Nino» Vieira, depois do «ataque» as instalações do jornal ficaram completamente destruídas e sem condições técnicas da publicação voltar a ser editada. «Tudo aconteceu de repente», disse João de Barros, «não pouparam nada».
Testemunhas adiantaram também que após o acto de vandalismo, e na presença de agentes da Policia Judiciaria, traficantes conhecidos de Bissau, entre os quais um «amigo próximo» do ex presidente «Nino» Vieira, penetraram nas instalações do Diário Bissau e «ameaçaram de morte» o director João de Barros. Em vez de deterem os «traficantes» os agentes da PJ optaram por retirarem imediatamente do local «sem emitirem qualquer comentário».
Não é a primeira vez que narcotraficantes ameaçam jornalistas na Guiné-Bissau. Uma situação já denunciada pela Human Right Watch (HRW), Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pela ONU, que não conseguem impedir que os traficantes imponham, com toda a impunidade, a «lei do silêncio» sobre os assuntos «que toda a gente sabe».
Vários jornalistas da Rádio Pindjiguiti foram também várias vezes ameaçados, «com telefonemas anónimos», sobre os riscos que corriam se continuassem a denunciar as aterragens suspeitas no aeródromo de Cufar junto a Catio no sul da Guiné-Bissau.
Para a Comunidade Internacional enquanto existir uma «ormetta institucionalizada» sobre o narcotráfico no país e quando a liberdade de imprensa estiver limitada por um fio de cocaína a Guiné-Bissau não poderá ser considerada como um Estado de Direito.
(c) PNN Portuguese News Network
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