Portugal considera que “não faz sentido” a União Europeia (UE) “retirar-se” da Guiné-Bissau devido à situação de instabilidade no país, motivo pelo qual lá está, disse hoje o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. Em declarações à agência Lusa, em Bruxelas, onde discutiu a questão com a Comissão Europeia e a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), João Gomes Cravinho diz compreender “alguma frustração pela actual situação” - que leva alguns países europeus a defenderem a saída da missão da UE, mas advertiu que “sem presença será muito mais difícil criar condições para a estabilidade” no país, o que poderá também ter consequências para a própria Europa.
Na passada semana, a União Europeia decidiu adiar para Setembro a decisão de avançar com a aplicação da reforma do sector de defesa e segurança na Guiné-Bissau, na sequência dos acontecimentos de Abril passado, congelando por quatro meses o veredicto sobre a continuidade ou não da sua missão.
João Gomes Cravinho disse que no fundo se trata de “esperar para ver”, com a expectativa de “uma evolução positiva no sentido de um pleno retorno à normalidade”, mas advertiu desde já que uma eventual retirada da missão terá sempre efeitos negativos, dado ter-se revelado “uma componente essencial para a estabilidade a médio e longo prazo”.
Para o governante português, “não faz sentido punir a Guiné-Bissau” por algo que é intrínseco, a fragilidade das instituições, precisamente a razão de ser da missão da UE.
O secretário de Estado acrescentou que a UE também deve ter a noção de que é do seu interesse a estabilização do país, lembrando que a Europa é o destino principal do narcotráfico na Guiné-Bissau.
João Gomes Cravinho, que de Bruxelas ruma a Berlim, disse que vai abordar a questão da Guiné-Bissau com a Alemanha e outros países, por considerar ser obrigação de Portugal “partilhar” o seu conhecimento da realidade da Guiné-Bissau e as suas ideias com os parceiros da UE.
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