Bissau - Catarina Furtado, embaixadora da boa vontade do Fundo Nações Unidas para a População (FNUAP), disse hoje, sexta-feira, em Bissau, que a instabilidade política na
Guiné não lhe tira forças para ajudar a melhorar a vida das mulheres e crianças guineenses.
"O facto de a Guiné ter esta instabilidade política torna as pessoas mais vulneráveis, mas não é por isso que vou deixar de fazer o meu trabalho em prol das mulheres e dos bebés guineenses", afirmou a apresentadora de televisão portuguesa, num balanço, feito à Lusa, durante à sua visita de uma semana à Guiné-Bissau.
Catarina Furtado, que gravou a sua visita para um documentário a ser exibido na RTP, disse que, apesar das dificuldades próprias do país, não sente medo quando está na Guiné-Bissau.
" Não é o sítio mais confortável para ir, confesso, mas acredito sempre que as pessoas quando vêm por bem, com inteira boa fé, como é o meu caso, como é caso das pessoas que comigo trabalham, não acredito que alguma coisa nos vá acontecer", notou a apresentadora, que esta sexta-feira regressa à Lisboa.
Catarina Furtado, acredita que existem algumas pessoas, guineenses e portuguesas, com esperança de ver a Guiné-Bissau diferente e que estão a trabalhar para isso.
Mesmo assim, diz, a vida não tem sido fácil para a população do país, ainda mais com a chuva. " Estivemos a semana toda a trabalhar e a apanhar a chuva, nunca tinha apanhado a chuva na Guiné, porque vinha sempre quando não chove. Se a vida é difícil para os guineenses, com a chuva é ainda mais ", reconheceu.
A apresentadora conta regressar à Guiné-Bissau dentro de um ano e, por aquilo que constatou nesta sua terceira deslocação ao país, registaram-se " progressos assinaláveis " na área da saúde materna e infantil nas duas regiões onde intervém o projecto por ela patrocinado.
" Neste último ano, a taxa de mortalidade e neo-natal em Gabu, que era de 15%, desceu para 9,6%. Isto é, baixou significativamente. Acho que é uma redução milagrosa ", frisou Catarina Furtado, ao referir-se ao hospital da região de Gabu (a 200 quilómetros a leste de Bissau).
Há um ano, o hospital recebeu um bloco operatório novo construído com fundos mobilizados pelo projecto apoiado pela embaixadora.
" É, de facto, mais do que aquilo que pensaria. Muitas vidas já foram salvas. Nem que seja uma, já valeu a pena. E não estou a contabilizar os bebés dessas mamãs que acabaram por sobreviver", notou Catarina Furtado.
Já em Mansoa (a 60 quilómetros a norte de Bissau), o projecto financiou a formação de vários técnicos de saúde, nomeadamente parteiras, matronas, enfermeiros, obstetras, cirurgiões e médicos no geral.
Catarina Furtado apontou que em cerca de um ano o hospital de Mansoa, construído pela cooperação francesa, conseguiu realizar com sucesso mais de 200 cirurgias a mulheres. Desse número, 70 mulheres foram operadas a fístulas com sucesso nos últimos meses, sublinhou.
Até ao momento foram gastos, nas duas regiões, 500 mil euros, dos quais 250 mil euros angariados entre os telespectadores da RTP e outros tantos disponibilizados pela cooperação portuguesa.
Devido ao sucesso do projecto, a região de Bafatá (também no Leste), vai ser também contemplada, através de um financiamento autónomo, indicou Catarina Furtado.
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