segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cabinda, Angola, Guiné-Bissau, CPLP e a visita de Cavaco Silva

A eurodeputada Ana Gomes, ao seu estilo próprio e mostrando que continua a pensar pela sua própria cabeça, pediu que a CPLP “condene” em Luanda a nomeação do general António Indjai como chefe do Estado-Maior General da Guiné-Bissau, e que aborde também as violações de direitos humanos em Angola, nomeademnte na colónia de Cabinda.

“Espero que a cimeira da CPLP em Luanda condene a nomeação do golpista António Indjai e que a comunidade discuta aberta e amplamente a situação na Guine-Bissau e assuma a responsabilidades da própria CPLP em não deixar que o país se transforme num narcoestado”, afirmou a eurodeputado do PS.

Ana Gomes está contudo, e infelizmente, a partir de pressupostos completamente errados. Desde logo parte do princípio de que a tal CPLP – Comunidade de Países de Língua Petrolífera (Portuguesa era a versão original) é uma entidade de bem e corolário de que os seus membros são Estados de Direito. E isso é falso.

No que à Guiné-Bissau respeita, esquece-se que – mais uma vez com a conivência da tal coisa chamada CPLP – por lá impera a razão da força e não a força da razão. Basta ver que ao fim de dezenas de anos de independência, dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta.

Por outro lado, Ana Gomes destacou que a cimeira de Luanda deve também ser uma oportunidade para “um diálogo político aberto e sem complexos sobre a situação dos diferentes países da CPLP”.

Isso é que era bom. Desde logo porque Portugal vai passar a presidência da coisa para Angola, não se podendo esquecer que a comitiva do reino lusitano estará em Luanda de mão estendida e, nessa circunstância, nada fará que possa chatear os donos do país, o MPLA no poder desde 1975 e o seu grande líder, José Eduardo dos Santos, presidente vitalício e que já ocupa o lugar há 31 anos.

“Visto que a cimeira é em Luanda, espero que se fale dos problemas que se têm sentido no respeito pelo estado de direito e pelos direitos humanos em Angola”, nomeadamente o problema dos “despejos forçados” e da situação em Cabinda.

Se Angola fosse um Estado de Direito (e até mesmo em relação a Portugal há muitas dúvidas…), talvez fosse possível falar de direitos humanos e da prepotência abominável que Luanda exerce na sua colónia de Cabinda contra todos aqueles que o único crime que cometeram foi pensar de maneira diferente.

A solução em Cabinda “não passa certamente pela repressão cega e brutal contra activistas cabindas, como se está a verificar com o atual julgamento do padre Raul Tati” e de outros, onde se faz “gato-sapato do estado de direito com acusações completamente fabricadas e sem nenhuma sustentação”, criticou Ana Gomes.

Sendo verdade, é contudo uma verdade que não é partilhada por José Sócrates, o sumo pontífice do partido de Ana Gomes, nem sequer pelo presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Quanto à margem que o Presidente da República português tem, para abordar estas questões – numa altura em que as relações económicas entre Lisboa e Luanda assumem maior relevância -, Ana Gomes foi perentória: “Só é difícil quando não há coragem e falta coerência. É normal que existam grandes interesses económicos, mas isso não nos deve levar, pelo contrário, a esquecer aspectos essenciais do respeito pelo estado de direito, também essenciais para a sustentabilidade dessas relações económicas e de negócios entre os dois países”.

Mas será que Ana Gomes acredita que alguma vez Cavaco Silva ou José Sócrates teriam coragem para dizer umas tantas verdades ao soba de Angola? Não acredita, obviamente.

E não acredita porque sabe que se chatearem muito Eduardo dos Santos, ou os seus acólitos, ele manda retirar a Oferta Pública de Aquisição sobre Portugal e lá vamos ver os espanhóis a montar tendas junto à fronteira… local onde irão ficar com as praias depois de Portugal se afundar completamente

Fonte: Noticias Lusófonas

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