Domingos Simões Pereira, candidato à liderança do PAIGC, principal força política da Guiné-Bissau, disse hoje à agência Lusa que considera "positivo", mas "dispensável" o apoio de Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro deposto e ainda líder do partido.
O congresso que vai escolher do novo líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) está marcado para hoje em Cacheu, norte do país, e deve durar vários dias.
Carlos Gomes Júnior, conhecido na Guiné-Bissau como "Cadogo", anunciou o apoio a Domingos Simões Pereira na quarta-feira, em entrevista conjunta à RTP África e à agência Lusa, em Cabo Verde.
Domingos Simões Pereira "deu provas, durante as funções à frente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)", de que foi secretário-executivo, "é um quadro conhecido e reconhecido internacionalmente", referiu Cadogo, que o teve também como ministro.
No entanto, Domingos Simões Pereira questiona a oportunidade das declarações do primeiro-ministro deposto, numa altura em que o país organiza as primeiras eleições depois do golpe que o derrubou e em que o PAIGC também decide a sua sucessão.
"Estava a conduzir quando ouvi essa notícia e fiquei surpreso. O momento que vivemos não recomenda este tipo de exposição sobre assuntos que não são necessariamente consensuais", referiu.
"Respeito e acho muito positivo que enquanto cidadão livre e presidente do partido Carlos Gomes Júnior faça essa avaliação", mas "seria dispensável porque é preciso tranquilidade e consensualidade", referiu Domingos Simões Pereira.
"Simplesmente preferiria que não estivesse a atrair atenções por este tipo de razões", ou seja, devido às palavras do ainda líder do partido.
Na mesma entrevista à Lusa, Carlos Gomes Júnior disse que pretende regressar ao país para se candidatar à Presidência da República nas eleições de 16 de março, mas Domingos Simões Pereira recusa comentar o assunto.
"O PAIGC delibera em termos coletivos", referiu, acrescentando que "há aspetos que têm que ser colocados na balança para alcançar o maior consenso possível".
"A todos os cidadãos deve ser dado o direito de entrar na Guiné-Bissau e viver em liberdade", mas no caso de Carlos Gomes Júnior "o regresso tem que ser avaliado de forma objetiva, sem motivações de outro caráter, e que priorizem assegurar a paz e tranquilidade".
Domingos Simões Pereira disse acreditar que o próprio primeiro-ministro deposto terá essa noção e presume que, quando Carlos Gomes Júnior esta semana escreveu ao secretário-geral das Nações Unidas a pedir mais segurança para poder voltar ao país, "apesar de a carta estar colocada em termos pessoais, foi uma chamada de atenção para o reforço da segurança interna na Guiné-Bissau".
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