Bissau – A três meses do término da contestada licença atribuída pelo Governo de transição à empresa russa «Photo SARL», não tinha ainda começado a exploração de areias pesadas em Varela, norte da Guiné-Bissau.
Teve agora início a reabilitação do troço que liga São Domingos a Varela, numa iniciativa que visa «amordaçar» as ondas de contestação por parte dos populares da zona.
Uma fonte local disse que o início das obras de reabilitação desta estrada, assim como da ponte sobre o Rio Cool, situada a quatro quilómetros da sede Administrativa da Secção de Suzana, que se encontram em más condições de transitabilidade, visam apenas o início dos trabalhos da exploração das areias pesadas de Varela, facilitando assim a circulação das máquinas em funcionamento no processo de extracção de tais mineiros.
Em face desta realidade, que está a despoletar uma onda de críticas e de resistência por parte das povoações, a fonte lamenta «o sacrifício que a população desta zona vai enfrentar, sobretudo na época das chuvas que se avizinha, mediante estes aterros que estão a pôr na estrada. Sem dúvida o troço será intransitável para pequenas viaturas e, provavelmente, este facto irá colocar os populares em isolamento, além das consequências ambientais que vai gerar no seio da nossa reserva natural».
Entretanto sabe-se que um alto dirigente ligado ao Ministério de Recursos Naturais da Guiné-Bissau, entidade responsável pela atribuição da Licença de Exploração daqueles recursos, aparentemente descontente com os procedimentos em curso, aconselhou Associação dos Filhos de Secção de Suzana «Onenoral», estrutura que tem defendido o interesse dos populares daquela área afectada, a intentar uma previdência cautelar no tribunal para impedir o processo da exploração, sob o argumento de que a empresa russa «Photo SARL» não reúne condições técnicas para iniciar os trabalhos, sem que ponha em risco as vidas das pessoas e as aldeias nas redondezas.
«Ninguém sabe, até então, qual será o destino dos populares da zona de exploração uma vez que se iniciem os trabalhos. Para além da poluição do meio ambiente circundante, os populares serão obrigados a deslocar-se e a abandonar as suas povoações», informou um habitante de Suzana, que questionou ainda que ninguém, individual ou colectivamente, tenha recebido qualquer plano de evacuação das áreas que serão trabalhadas pela exploração da Areia Pesada de Varela.
Por isso, disse que «a luta vai continuar, tanto que vai perguntar-se ainda mais sobre os benefícios de que a população vai usufruir, das consequências, dos prejuízos a enfrentar no futuro com o abandono forçado dos seus bens, nomeadamente casas, frutas, reservas naturais, locais de rituais, de cultivos, etc.», referiu a testemunha, concluindo o seu argumento carregado de muita revolta interna.
A Empresa «Photo SARL» foi vencedora do concurso lançado pelo Governo de transição para a exploração de areias pesadas em Varela, concretamente na Tabanca de Nhiquim, norte da Guiné-Bissau, zona fronteiriça com o Senegal. O contrato é válido pelo período de um ano, devendo terminar já em Abril.
Sem comentários:
Enviar um comentário