Há 41 anos era assassinado, em Conacri, Amílcar Cabral, o pai das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Ambos os países assinalaram hoje o dia dos heróis nacionais: em Cabo Verde a data foi aproveitada para os sindicatos manifestarem contra a política económica do governo. Em Bissau o presidente interino admitia que se fosse vivo Cabral dificilmente gostaria do rumo que a sua terra tomou.
O assassínio de Amílcar Cabral, um dos maiso proeminentes intelectuais africanos e mentores da libertação do continente, continua envolto nalgum mistério.
Muitas obras foram escritas sobre quem estaria por detrás dos executantes do crime, estes últimos ligados ao PAIGC, Partido africano para a independência da Guiné e Cabo Verde, o partido que Cabral liderava e que proclamaria quase sete meses depois unilateralmente a independência da Guiné-Bissau em Madina do Boé.
Portugal, que administrava na altura os dois territórios da África ocidental, sempre recusara negociar com Cabral estas independências.
Tanto na sua terra natal (Cabral nasceu em Bafatá, leste da Guiné-Bissau), como no arquipélago cabo-verdiano de que era originário o seu pai a lembrança do seu compromisso em prol da libertação dos dois territórios da tutela portuguesa continua a federar as elites e o povo em geral.
Ambos os países assinalaram o feriado dos heróis nacionais com sessões solenes e um vasto leque de actividades.
Na Guiné-Bissau o presidente interino, Serifo Nhamadjo, colocou uma coroa de flores no túmulo de Amílcar Cabral e admitiu que este, se fosse vivo, poderia não apreciar o rumo que a sua terra tomou.
Em Cabo Verde o primeiro-ministro, José Maria Neves, convidou para almoçar os combatentes da liberdade da pátria. Enquanto o presidente, Jorge Carlos Fonseca, na sua mensagem alusiva defendeu que a construção de um desenvolvimento com justiça seria a “máxima homenagem” a prestar a Amílcar Cabral.
A tónica deste ano foi vincadamente social já que o dia ficou marcado pela manifestação de milhares de pessoas sob a batuta da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde - Central Sindical (UNTC-CS).
A suspensão do congelamento salarial em vigor há quatro anos, as alterações ao Código Laboral, a retenção do Imposto Único sobre o Rendimento (IUR), e a aplicação prática do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para os quadros privativos, constavam das reivindicações dos sindicatos.
Esse poeta e libertador precisa ser mais cultuado.
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