Em 2010, um primeiro grupo de 432 professores guineenses recebeu os diplomas pela conclusão do ciclo completo do programa de 3 níveis, iniciado em 2006 e administrado conjuntamente pelo Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões (CLP/IC) na Escola Normal Superior de Tchico Té (ENSTT) e por este mesmo estabelecimento de ensino especializado na formação de docentes da Guiné-Bissau.
Neste momento, no quadro deste programa dirigido conjuntamente pela responsável do CLP/IC, Leonor Santos, e pelo o diretor da ENSTT, Domingos Gomes, encontram-se em formação 1.602 professores do ensino básico, distribuídos pelos níveis I (815 professores), II (642) e III (145).
A formação dos professores, que tem o apoio financeiro da empresa luso-guineense Petromar (grupo Galp Energia) é ministrada através das chamadas Unidades de Apoio Pedagógico/Pólos de Língua Portuguesa (UAP/PLP), existentes em 12 centros espalhados pela Guiné-Bissau (Gabú, Quinhamel, Bafatá, Mansoa, Bissau, Canchungo, Ingoré, Bubaque, Catió, Buba, Bolama e Tombali).
O programa, diz Leonor Santos, constitui «uma atividade de crucial importância» na ação do Instituto Camões no país, desenvolvendo-se «em todas as regiões da Guiné-Bissau». «As ações, dinamizadas localmente por 13 formadores guineenses, visam ajudar esses professores em formação a serem capazes de dar resposta a uma série de desafios colocados no âmbito da educação em Português Língua Segunda», acrescenta.
Aperfeiçoar práticas docentes, fornecer preparação teórico-prática, dar resposta aos problemas concretos de ensino-aprendizagem e favorecer a experimentação de metodologias e materiais pedagógicos adequados ao contexto guineense constituem alguns dos aspetos do programa que visa ainda desenvolver as competências pedagógicas e linguísticas dos professores da Guiné-Bissau, país onde o português é a língua oficial, mas onde os idiomas utilizados pela maioria da população são crioulos de base portuguesa e línguas étnicas.
«Os guineenses gostam de aprender a língua portuguesa, não só por a considerarem uma língua de promoção social, mas também porque o domínio dessa língua permite-lhes uma comunicação muito mais ampla» – é a explicação avançada por Leonor Santos para o interesse de Guiné-Bissau na língua portuguesa. A responsável do CLP/IC cita ainda Hildo Honório do Couto, professor da Universidade de Brasília, de acordo com o qual a defesa do português como língua oficial e de ensino pelas autoridades guineenses, visa «manter uma identidade luso-africana frente à identidade franco-africana dos países circunvizinhos».
A ação do CLP/IC no âmbito do ensino-aprendizagem do PLS estende-se também à formação inicial de professores, através da licenciatura em Língua Portuguesa existente na ENSTT. «Atualmente a duração formal da licenciatura é de 1 mais 3 anos», indica Leonor Santos, que acrescenta estar-se a aguardar uma resposta da Faculdade de Letras de Lisboa para dar início ao curso de mestrado em língua portuguesa, decorrente de um protocolo tripartido envolvendo o Ministério da Educação da Guiné-Bissau e o IC.
Ainda na Guiné-Bissau, o IC mantém a docente de Língua Portuguesa Sónia Heitor na Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, na sequência de um pedido desta junto da Assembleia da República de Portugal. Atualmente são 57 os formandos (43 funcionários e 14 deputados) que frequentam o curso de língua portuguesa.
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