O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, admitiu que "infelizmente" não será possível fazer eleições em Abril, como estava previsto no acordo de transição assinado em maio de 2012.
O acordo previa a realização de eleições no prazo máximo de um ano e Serifo Nhamadjo já tinha dito que queria eleições gerais em abril deste ano. Nos últimos meses, no entanto, a data tem sido posta em causa por diversos responsáveis e o próprio Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), maior partido, marcou o congresso para maio.
Além de o Governo dizer que não tem dinheiro para fazer eleições também estão por concluir aspectos técnicos, como a feitura de mapas e o recenseamento da população.
A feitura de eleições exige outros preparativos, técnicos e financeiros, e "o aspecto financeiro requer convergência de todas as instituições internacionais. Estando neste momento a redefinição da estratégia para o apoio à Guiné-Bissau no quadro das instituições internacionais”, disse.
“Estamos impotentes para poder dar avanço à nossa intenção", disse Serifo Nhamadjo.
E acrescentou: "por isso aguardo que a missão que esteve na Guiné-Bissau produza o seu relatório e que as organizações parceiras da Guiné-Bissau se possam pronunciar. Porque a Guiné-Bissau sozinha não tem capacidade económica, por isso estamos infelizmente nessa expectativa", sendo que também "tecnicamente vai ser muito difícil cumprir o calendário".
Serifo Nhamadjo falava aos jornalistas no aeroporto de Bissau, à partida para Abidjan, na Costa do Marfim, para participar numa cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que vai debater a guerra no Mali e passar em revista o processo de transição na Guiné-Bissau, na sequência de um golpe de Estado em abril do ano passado.
Aos responsáveis da CEDEAO, o Presidente de transição vai dizer que o país "está a marchar lentamente, mas com o objectivo de inclusão, para que todos os atores políticos e sociais se juntem para a elaboração de uma agenda de transição, inclusiva", e para que o país possa dizer à comunidade internacional a via que quer seguir e "os elementos que quer concretizar antes das eleições", explicou Nhamadjo.
Na quinta-feira, quatro partidos assinaram o acordo de transição, entre eles o maior partido. São "passos significativos" para que "num espaço curto possamos convocar todos os atores e redefinir a agenda de transição", disse.
Questionado sobre se a adesão ao acordo (Pacto de Transição) do maior partido, o PAIGC, levaria a mudanças no Governo de transição, Serifo Nhamadjo remeteu para os partidos subscritores do Pacto.
"O que eles entenderem, a proposta que me apresentarem, será a proposta, consensual, que eu tentarei materializar", salientou.
Sobre o envio de tropas guineenses para o Mali, Serifo Nhamadjo disse que o país está disponível para integrar uma força da CEDEAO e explicou que o envio de militares dos países da região será por etapas.
Em Bissau está já um grupo de militares a ser treinado para ir para o Mali, mas até agora não foi divulgada qualquer data para a partida.
Sem comentários:
Enviar um comentário