domingo, 6 de janeiro de 2013

Ramos Horta: ONU não irá impor solução para a Guiné-Bissau

Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, recém-nomeado representante especial do Secretário-Geral para país africano diz que sua meta será promover o diálogo e a unidade nacional.

José Ramos Horta

Mônica Villela Grayley & Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.*


O recém-nomeado representante especial do Secretário-Geral da ONU para a Guiné-Bissau defendeu que qualquer solução para a crise política na nação africana passa pelos líderes do país, sociedade e Forças Armadas.

O ex-presidente do Timor-Leste, José Ramos Horta, concedeu entrevista exclusiva à Rádio ONU nesta sexta-feira. De Lisboa, o prêmio Nobel da Paz ressaltou que o povo da Guiné-Bissau deve indicar a solução para o país, que sofreu um golpe de Estado.

Experiência

"São os guineenses que devem indicar para mim, para as Nações Unidas, o que querem para o seu país, quais os caminhos para chegar à estabilidade e democratização. A ONU só pode apoiar aqueles que desejam a paz, a democracia, a liberdade. A ONU não vai impor aos guineenses nenhuma solução feita pela organização."

A nomeação de Ramos Horta foi anunciada na quarta-feira pelo porta-voz de Ban. Em nota, o Secretário-Geral ressaltou as três décadas de experiência política que o novo representante levará à Guiné-Bissau.

Independência

Nós últimos seis anos, José Ramos Horta foi ministro e presidente do Timor-Leste.  Considerado um dois herois da independência, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1996, uma honra que dividiu com o bispo timorense Carlos Filipe Ximenes Belo.

Na época, a academia que concede o Nobel lembrou que a distinção devia-se "ao trabalho dos dois por uma solução justa e pacífica para o conflito no Timor-Leste."

Viagens Internacionais

O novo representante especial do Secretário-Geral da ONU chegará à Guiné-Bissau mais de nove meses após o golpe de 12 de abril, que tirou do poder o presidente interino e o primeiro-ministro guineenses. No momento, o país tem um "governo de transição" que inclui militares e civis.

José Ramos Horta destaca ainda que o foco dele será a promoção do diálogo e da unidade nacional. Ele estará na sede das Nações Unidas na próxima semana.

"É muito importante que os guineenses se reconciliem, sarem as feridas, ponham uma pedra no passado, um passado trágico, mas que também foi um passado glorioso. A luta da independência foi uma das lutas mais inspiradoras do século 20. Nem tudo é negativo no passado da Guiné-Bissau, pelo contrário, teve um passado brilhante, glorioso."

Conselho de Segurança

A situação na Guiné-Bissau já foi debatida, várias vezes, pelo Conselho de Segurança da ONU, que adotou uma resolução proibindo as viagens internacionais de alguns militares envolvidos no golpe.

Além disso, várias organizações internacionais e regionais têm tentado mediar a crise, incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, e a União Africana.

*Apresentação: Leda Letra.

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