quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Cartografia da Guiné-Bissau pronta mas cartógrafos recusam entregar trabalho ao Governo por falta de pagamentos

Bissau, (Lusa) - O trabalho de cartografia da Guiné-Bissau está concluído, mas a equipa que o fez recusa-se a entregá-lo por falta de pagamentos do Governo e ameaça mesmo destruir tudo, disse hoje à Lusa o porta-voz dos cartógrafos, Amadu Jaló.

Na sequência de um golpe de Estado em abril de 2012, a Guiné-Bissau está a ser gerida por autoridades de transição que deviam organizar eleições em abril deste ano. Além de a data ter sido diversas vezes posta em causa por responsáveis políticos, o atraso na entrega dos trabalhos cartográficos já tornou tecnicamente impossível realizar eleições em abril.

Amadu Jaló garantiu hoje à Lusa que é impossível realizar eleições em abril na Guiné-Bissau, ainda que hoje mesmo fossem entregues os trabalhos cartográficos, porque é necessário depois "o trabalho de gabinete, de compilação dos dados e de reprodução dos mapas, que dura no mínimo dois a três meses", seguindo-se o recenseamento eleitoral.

Segundo o responsável, os trabalhos cartográficos não serão entregues ao Governo de transição enquanto não for pago o valor em dívida, que ascende a 34 milhões de francos (52 mil euros). No processo estão envolvidos 25 cartógrafos e quatro desenhadores.

"Tivemos ontem (terça-feira) uma reunião com o ministro da Administração Territorial, mas parece-nos que o Ministério das Finanças não está interessado em pagar-nos", disse Amadu Jaló, acrescentando: "o Governo está a bloquear todo o sistema. Fazem propaganda de que estão a preparar as eleições, mas na base estão a bloquear. Sem cartografia não há recenseamento".

Segundo o porta-voz, o processo de cartografia do território guineense começou a ser feito em maio de 2011 mas foi interrompido em setembro do mesmo ano por falta de verbas. Recomeçou em agosto do ano passado e foi concluído a 16 de novembro.

Nas eleições presidenciais de março do ano passado cinco candidatos contestaram os resultados e exigiram a conclusão do processo de cartografia e a realização de um recenseamento biométrico. A segunda volta das eleições não se realizou porque os militares fizeram o golpe de Estado de 12 de abril.

FP // MLL.

Lusa/fim

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