quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Gomes Júnior assume-se como 'candidato natural' à presidência da Guiné-Bissau

O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau assumiu-se hoje como "candidato natural" à presidência do país e responsabilizou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pelo eventual adiamento das eleições, previstas para Abril.

"Há um compromisso assumido pela CEDEAO quanto ao período de transição. (...) Se não pode ser cumprido o período de transição como estava estabelecido, a única responsabilidade cabe à CEDEAO", disse Carlos Gomes Júnior, contactado pela Lusa para comentar declarações recentes que apontam para o provável adiamento das eleições no país.

O acordo de transição na Guiné-Bissau, assinado em Maio após o golpe de Estado de 12 de Abril, previa a realização de eleições no prazo máximo de um ano, mas nos últimos tempos avolumam-se as vozes dos que não acreditam em tal possibilidade.

"A nossa reacção, como tem sido até aqui, é de prudência, é de calma", disse o primeiro-ministro deposto, que na altura do golpe de Estado se preparava para a segunda volta das eleições presidenciais, depois de ganhar a primeira com 49% dos votos.

Carlos Gomes Júnior recordou que falta ainda definir, no quadro das exigências do Conselho de Segurança da ONU, o restabelecimento da ordem constitucional.

"Já havia terminado a primeira volta das presidenciais e aguardava-se a continuação desse ato eleitoral. Ninguém se pronuncia sobre isso", disse.

Carlos Gomes Júnior, que está exilado em Lisboa desde o golpe de Estado, justificou ainda o adiamento do congresso do partido a que preside, o PAIGC, de Janeiro para Maio: "Em primeiro lugar têm de ser criadas as condições para o regresso do presidente do partido - porque o presidente do partido é que dirige o congresso - e dos dirigentes que estão no exterior".

Questionado se isso significa que o congresso poderá ser novamente adiado, o dirigente afirmou que na altura "o comité central analisará" se há condições para a sua realização.

Seja como for, Carlos Gomes Júnior assume-se desde já como "candidato natural" à presidência do país: "Naturalmente sou candidato. Ganhei a primeira volta com 49% dos votos e isso representa a esperança que o povo da Guiné-Bissau e os militantes do PAIGC depositam na minha pessoa".

Lusa/SOL

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