Um ano depois de um golpe de Estado militar o ter deposto quando era o candidato presidencial favorito, o ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau Carlos Gomes Júnior agradece o apoio de Portugal e da comunidade lusófona, apesar de um período "muito penoso".
Lusa
"O balanço de um ano [de golpe de Estado] para mim é muito penoso, para quem está habituado a trabalhar. É um período difícil para mim e para a minha família e todos os companheiros que me acompanharam", disse, em entrevista à agência Lusa em Lisboa.
Gomes Júnior, que quer ser o candidato presidencial do PAIGC nas próximas eleições, embora tenha saído da corrida à liderança do partido, reivindicou o sucesso da sua acção governativa, até ser interrompido pelo golpe conduzido pelo general António Indjai, alvo de sanções do Conselho de Segurança da ONU.
O ex-primeiro-ministro recordou os acordos internacionais, em particular o perdão da dívida, que deram "novo alento" a um Estado estrangulado pelo serviço da dívida, e os acordos com o governo de Angola para apoio financeiro e projectos de investimento, além de reforma do aparelho militar do país.
"Não se pode falar do desenvolvimento económico sem ter garantias claras de estabilidade nas Forças Armadas e de segurança", disse à Lusa.
Os autores do golpe justificaram a acção militar com a necessidade de conter a influência de Angola no país.
Um ano depois, Gomes Júnior agradeceu o "apoio incondicional" que tem sido dado por Portugal, Angola e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"A solidariedade que sempre patentearam e disponibilizaram durante a nossa permanência aqui é muito importante", disse.
Cauteloso, o ex-primeiro ministro escusa-se a aplaudir a detenção por forças norte-americanas do almirante Bubo Na Tchuto, considerado pelos Estados Unidos como um barão do tráfico de droga no país.
"Pensamos que vamos continuar a beneficiar do apoio e compreensão dos nossos parceiros de desenvolvimento", afirmou, em relação à detenção.
Carlos Gomes Júnior defendeu ainda a viabilidade de projectos de investimento que o golpe travou, tal como o do Porto de Buba, promovido por investidores angolanos, que iria criar "mais de 300 postos trabalho", além de linhas de caminho-de-ferro para a Guiné-Conacri, Senegal e Mali, dando "nova dinâmica no sul do país", e ainda a exploração de bauxite.
"A Guiné-Bissau não é um país falhado, é um país com recursos enormes", afirmou
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