Bissau - O Ministério Público da Guiné-Bissau quer reabrir o processo dos 674 quilos de cocaína desaparecidos do cofre do Tesouro Público em 2007 sem que se saiba do seu rasto, disse hoje à Lusa fonte judicial.
De acordo com a fonte, o Ministério Público enviou para o Parlamento uma carta solicitando o levantamento de imunidade parlamentar a alguns deputados que à época do desaparecimento da droga eram responsáveis no Governo.
Os procuradores afectos ao gabinete de luta contra a corrupção e delitos económicos da Procuradoria-Geral guineense "querem atacar" vários processos relacionados com crimes ocorridos no país nos últimos anos, adiantou a fonte, e contam com a colaboração do Parlamento "uma vez que vários implicados são hoje deputados", disse.
A fonte lembrou o último episódio ocorrido entre o Ministério Público e o Parlamento, quando o próprio Procurador-Geral da República, Abdu Mané, se deslocou pessoalmente ao Parlamento para pedir o levantamento de imunidade parlamentar do deputado António
Óscar Barbosa "Cancan", pedido recusado pelo presidente do hemiciclo, Ibraima Sory Djaló.
"Infelizmente vários processos não podem ser concluídos porque o Parlamento se recusa a levantar a imunidade dos deputados em causa, alegando que os mesmos só podem ser ouvidos na sua sede", lamentou a fonte judicial.
"O Ministério Público não vai baixar os braços e continuará a insistir no pedido do levantamento de imunidade parlamentar desses deputados suspeitos, para as suas audições", acrescentou a fonte, realçando que "os próximos dias" serão decisivos uma
vez que se espera uma resposta do Parlamento.
Era primeiro-ministro Aristides Gomes e ministro das Finanças Víctor Mandinga (actualmente deputado) quando 674 quilos de cocaína pura desapareceram dos cofres do Tesouro Público, onde tinham sido guardados após uma apreensão da Polícia Judiciária.
Desde 2007 que o Ministério Público tem tentado levar a julgamento os indiciados no processo, mas sempre sem sucesso.
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