Deixou Bissau em vésperas do desencadeamento das operações que levaram à detenção de Bubo na Tchuto, almirante guineense considerado um “barão” do narcotráfico pelos norte-americanos.
Nominalmente representante oficial dos EUA em Bissau, Russel Hanks era na verdade um experimentado oficial da DEADrug Enforcement Administration, segundo a newsletter Africa Monitor.
Hanks era conhecido pelo seu ar pouco convencional quando comparado com um típico e bem composto O rabo-de-cavalo, espécie de tufo exibido numa cabeça de couro cabeludo já raro,
era um dos traços do seu “desconvencionalismo”.
Destacava-se também pela sua exuberância pessoal, manifestada na forma calorosa como cumprimentava na rua os altos funcionários e militares com que se cruzava. Os adversários internos do golpe de Estado de 12 de Abril detestavam as públicas efusividades do representante com a gente do poder, que consideravam
manifestações de adulação em relação a “simples golpistas”, impróprias na conduta de alguém que representa um país como os Estados Unidos e os padrões morais a que as suas políticas devem estar sujeitas.
As autoridades “provenientes” do golpe do Estado, por sua vez, compraziam-se com os actos e até com as palavras do representante, vendo nelas compreensão dos EUA onde no caso da restante comunidade internacional só viam condenações. Eram por demais notórias as extremas mesuras com que as mais altas
autoridades do regime pós golpe recebiam em audiência o representante norte-americano, para as quais cuidavam sempre de convocar os media, sabendo, como sabiam, da sua disposição em falar.
Passou a ser objecto da compreensão dos que o detestavam quando se começou a perceber que o seu verdadeiro “job”, para o qual apresenta um apreciável currículo era acompanhar, com o seu olhar e os seus saberes de “expert” na matéria, fenómenos como o do narcotráfico e correlativos que se desenvolvem em toda
a região, com ramificações na Guiné-Bissau.
Para isso, era de toda a conveniência um bom círculo de contactos e acessos, que a sua exuberância aparentemente inata facilita nas circunstâncias em que é exercida, adianta o Africa Monitor.
“Pânico” em Bissau
A captura de Bubo Na Tchuto e sua extradição para os EUA, a fim de ser presente à justiça norte-americana, provocou um estado descrito como sendo de “pânico” em meios implicados no narcotráfico, noticia o Africa Monitor.
No trabalho de Hanks, foi decisiva a acção de uma rede de informadores locais, motivo acrescido de preocupação entre os implicados locais no narcotráfico.
Entretanto, as autoridades de transição em Bissau rejeitam qualquer envolvimento no narcotráfico, conforme foi indicado pelos traficantes detidos em conversas gravadas pelos agentes disfarçados da DEA.
Fonte: Lusomonitor
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