O oficialmente presidente do PAICV, Carlos Gomes Júnior recusou falar sobre o actual chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, António Indjai, alegando não gostar de falar sobre os seus subordinados.
Numa entrevista conjunta à agência Lusa, RTP África e Deutsche Welle, na Cidade da Praia, e assumindo-se como presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Gomes Júnior salientou que são os seus subordinados que devem respeitar a hierarquia.
"Não gosto de pronunciar-me sobre os meus subordinados. Os meus subordinados têm de respeitar a hierarquia e eu sou o chefe. Não me pronuncio sobre quem quer que seja. Se quiser pergunte-lhe a ele", respondeu, ao ser-lhe pedido uma avaliação sobre Indjai, líder do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, que derrubou o regime democraticamente eleito de Gomes Júnior.
Assumindo-se também como primeiro-ministro "de facto" da Guiné-Bissau, Gomes Júnior, que participou no XIII Congresso do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), disse também que a detenção de Bubo Na Tchuto (ex-chefe do Estado Maior da Armada guineense) e as acusações norte-americanas de ligações ao narcotráfico e tráfico de armas de Indjai são assuntos do foro judicial.
"Mas são informações negativas para o que almejávamos, são questões do foro judicial sobre as quais não me pronuncio antes da tomada de qualquer decisão", acrescentou, indicando que tem acompanhado o evoluir da situação através da comunicação social e que nunca mais falou com Indjai.
Gomes Júnior salientou que, desde o golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, tem "percorrido o mundo" a explicar a crise político-militar guineense, tendo sempre como pano de fundo a ideia de que continua a ser o primeiro-ministro e presidente do PAIGC.
"Não tenho falado com ninguém (na Guiné-Bissau). Fiz muitos contactos internacionais, que resultaram em factos positivos, porque hoje a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) já participa nas reuniões com a UA (União Africana) e CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental)", referiu.
"Isso, para mim, é o fundamental: não ter contactos com A, B ou C, porque eu sou o chefe de Governo legitimamente eleito", reivindicou.
Questionado sobre como vê a evolução do país desde o golpe de Estado, Gomes Júnior defendeu que as "boas perspectivas de crescimento" criadas durante o seu Governo "foram por água abaixo", lamentando que o seu "exílio" em Portugal, ao longo do último ano, tenha parado o desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Gomes Júnior remeteu para os quadros do Ministério da Economia guineense as contas que têm de ser feitas relativamente à regressão do país.
"Só os técnicos é que podem dar resposta ao que se perdeu nestes 12 meses. Não quero fazer um balanço em cima do joelho. Os técnicos do Ministério da Economia que façam a comparação entre o que estava previsto e o que se fez ou não se fez. Grosso modo, cremos que é um balanço altamente negativo para a Guiné-Bissau", argumentou.
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