quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Parceria com Bissau tem «mais potencial» do que com Luanda, diz candidato Paulo Gomes

Parceria com Bissau tem «mais potencial» do que com Luanda, diz candidato Paulo Gomes

O candidato à presidência da Guiné-Bissau Paulo Gomes propõe «uma parceria de co-prosperidade» com Portugal, relação que considera «potencialmente muito mais dinâmica e rica» do que a que existe entre Lisboa e Luanda ou Maputo.

Em entrevista à Lusa em Lisboa, durante uma deslocação a Portugal para contactos com a diáspora guineense, Paulo Gomes disse ter também agendados encontros com personalidades dos vários partidos portugueses e também do setor privado para apresentar a sua visão para o futuro do relacionamento bilateral.

«Eu acredito fortemente que é possível iniciarmos uma parceria de co-prosperidade com Portugal. (...) Acredito que nós somos a porta de entrada de Portugal em África», afirmou o candidato.

Para o economista, que foi quadro superior do Banco Mundial, uma parceria entre Bissau e Lisboa pode levar para a África Ocidental «experiência e “know-how”» que não existe na região, nomeadamente em áreas como a construção, os serviços, o setor agroalimentar, nos quais «Portugal tem um conhecimento muito fino e de boa qualidade».

Para Portugal, uma parceria com Bissau dá acesso ao mercado da África Ocidental, incluindo à Nigéria, país que «será a primeira economia africana em 10 ou 15 anos», defendeu.

«É um mercado enorme para nós, guineenses, mas também, no quadro dessa parceria de co-prosperidade, pensamos que Portugal deve jogar um papel importante», considerou Paulo Gomes, sublinhando, no entanto, que esta aproximação «não pode ser improvisada, deve ser feita de forma inteligente».

As reuniões que manterá com responsáveis portugueses visam por isso «recolher inspirações e ideias que poderão ser muito úteis para o desenho dessa parceria de co-prosperidade».

Questionado sobre as relações entre Lisboa e outros países africanos de língua Portuguesa, como Angola e Moçambique, o candidato afirmou que «Portugal está a ir ao mais fácil e ao mais evidente, sobretudo guiado pelos recursos».

«Mas sabemos que a transformação do mundo, de África, nos próximos 10 a 15 anos, não será motivada essencialmente por recursos mineiros ou petrolíferos», disse.

Para Paulo Gomes, a parceria entre Bissau e Lisboa deverá assentar em outros fatores, como o mar, o ambiente e o turismo.

«Nós somos um país oceânico, como Portugal, o [mar] em torno da Guiné-Bissau é um dos mais ricos do mundo, (...) as nossas caraterísticas turísticas são únicas», exemplificou.

O candidato recordou que a Guiné-Bissau é um dos países do mundo com maior consciência ambiental: «É um paradoxo, com o nosso Estado quase falhado, conseguirmos ter 20 e tal por cento do nosso território como área protegida».

Admitindo que o facto de Portugal estar mais próximo de Angola ou Moçambique do que da Guiné-Bissau se possa dever à falta de iniciativa guineense, Paulo Gomes manifestou a intenção de mudar esse «estado das coisas».

«Vamos pôr na mesa, com Portugal, opções possíveis dessa parceria de co-prosperidade que é potencialmente muito mais dinâmica e rica do que aquilo que pode existir com outros países irmãos como Angola ou Moçambique», disse.

Gerida por um governo de transição desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012, a Guiné-Bissau vai a votos a 16 de março para eleger o presidente e o executivo.

Além de Paulo Gomes, perfilam-se como candidatos à presidência o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, o ex-diretor-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Hélder Vaz, e o antigo ministro da Educação da Guiné-Bissau Tcherno Djaló.

Lusa

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