Estão indiciados por participação no linchamento mortal, incitação à violência e ódio xenófobo. Bissau pediu desculpas à Nigéria
A Guarda Nacional da Guiné Bissau, em colaboração com a Polícia Judiciária, deteve esta quinta-feira doze pessoas suspeitas de envolvimento na morte de um cidadão nigeriano, na terça-feira, na periferia de Bissau.
Os suspeitos estão indiciados por participação material no linchamento mortal e incitação à violência e ódio xenófobo, explicou Abdu Mané - Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, em despacho.
A vítima seria comerciante, com cerca de 35 anos de idade, e foi agredida até à morte no bairro de Massacobra, depois de lançados rumores na capital de que cidadãos nigerianos estariam a raptar crianças. No entanto, segundo Abdu Mané, não foi para já descoberta qualquer pista ou ligação entre o homem assassinado e as acusações feitas pela população.
No mesmo dia, centenas de pessoas cortaram a Avenida Heróis da Libertação Nacional, principal eixo da cidade, e apedrejaram a Embaixada da Nigéria. Os distúrbios aconteceram depois de ter sido perseguido, até ao local, um outro suposto raptor de crianças - suspeito que acabou detido e que afinal era guineense.
No caso da morte do cidadão nigeriano, os 12 suspeitos de envolvimento no crime foram apanhados em diferentes bairros, entre Bissau e Cumeré, e vão ser ainda esta quinta-feira ouvidos pelo Ministério Público, que deve pedir prisão preventiva para todos.
O PGR refere que "não haverá impunidade" e sublinha que as investigações continuam, nomeadamente com uma equipa com várias forças de segurança criada depois dos distúrbios de terça-feira. Abdu Mané assinou na quarta-feira um despacho em que criou um grupo de investigação para averiguar "a existência de crimes de tráfico de órgãos e seres humanos no país" e levar os eventuais autores perante a justiça.
Entretanto, para evitar um conflito diplomático, o Governo de Transição guineense apresentou desculpas à Nigéria.
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