Bissau - O processo de recrutamento militar e policial que decorreu nos últimos três meses na Guiné-Bissau, ficou marcado por graves violações dos direitos humanos no Centro de Instrução Militar de Cumeré.
Registaram-se três mortes e várias pessoas regressaram às suas residências com sinais visíveis do espancamento de que foram alvo por grupos de militares, tidos como seus instrutores. Trata-se de uma iniciativa com pouca explicação legal, conforme disse à Imprensa a esposa de uma das vítimas, que é também agente paramilitar.
«Não posso ficar calada com esta situação, vou informar o ministro do Interior. O meu marido voltou para casa em estado de coma e sofre de problemas de tensão arterial, nunca vi um recrutamento deste tipo», lamentou a agente paramilitar.
Neste processo os alvos eram pessoas recentemente formadas em Angola, que desembarcaram na noite de terça-feira, 22 de Outubro, em Cumeré, onde se juntaram a outros elementos que lá se encontravam para o juramento de bandeira.
Na sequência destas acções de agressão verbal e espancamento faleceu um dos elementos da Guarda Nacional, Lino Regna Nantchongo, que desempenhava funções de Tesoureiro da Direcção-geral de Migração e Fronteiras.
«Nunca vi uma coisa assim, a minha sobrinha disse que foi violentamente espancada até por pessoas que conhece», disse uma das vítimas. Outra fonte relatou que os recém-formados são colocados no chão, para serem pisados e pontapeados pelos seus instrutores.
Num total de cerca de 2.400 pessoas, entre militares e polícias da Guarda Nacional, é a primeira vez que se procede ao recrutamento conjunto entre as duas forças da autoridade, cujas missões são completamente distintas.
No dia do juramento apenas os militares dispunham de uniformes para o efeito, tendo os restantes elementos da força da ordem realizado os votos com roupas de civil.
Falando no acto, António Indjai pediu que as armas não sejam mais levantadas contra «Governos ou contra a população guineense». A cerimónia deste juramento foi conduzida pelo Presidente da Assembleia Nacional Popular, Ibraima Sory Djalo.
Proveniente de Cumere, uma parte dos novos recrutas apresentou-se na manha deste Domingo, 27 de Outubro, no Estado-maior General das Forças Armadas.
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