O secretário executivo da CPLP, Murade Murargy, considerou hoje normal que a CEDEAO esteja a repensar a data das eleições na Guiné-Bissau, afirmando que é preferível adiá-las do que fazê-las precipitadamente e provocar um novo fracasso.
"É uma atitude realista de que de facto temos de repensar, (...) ja nos estavamos a considerar isso", afirmou Murargy, que reagia assim às declarações do presidente de transição da Guiné-Bissau, que na terça-feira afirmou que uma nova data para as eleições gerais no país deverá ser definida durante a cimeira de chefes de estado da Comunidade Económica de Estado da África Ocidental (CEDEAO), a realizar este mês.
As eleições gerais estão marcadas para 24 de novembro, mas ainda nem o recenseamento eleitoral arrancou.
Afirmando que não ouviu as declarações de Serifo Nhamadjo, o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa não se mostrou surpreendido com o eventual adiamento: "Quem fixou a data de 24 de novembro foi a CEDEAO, se ela está a reconsiderar essa data, é normal".
"Pessoalmente, não estou a ver que haja condições para as eleições ocorrerem" na data prevista, admitiu, recordando que o processo eleitoral é muito longo.
Questionado se um adiamento representa um falhanço da comunidade internacional, que pretendia eleições até ao final do ano, Murargy disse que não: "É preferível adiar e fazer a coisa com segurança do que fazer eleições precipitadas que vão dar num outro fracasso".
O responsável da comunidade lusófona, que falava à Lusa à margem da visita da ministra dos Negócios Estrangeiros da Namíbia à sede da CPLP em Lisboa, sublinhou que é preciso "ser otimista e (...) fazer tudo para que não haja novo falhanço".
Para além dos atrasos em todo o processo eleitoral, a Guiné-Bissau não tem dinheiro para realizar o recenseamento e as eleições.
Ramos-Horta, representante especial da ONU no país, disse na segunda-feira à Lusa que ainda não tem "dinheiro sobre a mesa", apesar de já ter recebido a garantia de "quase todo o apoio necessário", da ordem dos 14,7 milhões de euros.
A Guiné-Bissau está a ser dirigida por um Presidente e um Governo de transição na sequência do golpe de estado militar de 12 de abril de 2012.
A CEDEAO determinou que o período de transição devia terminar antes do final deste ano com a organização de eleições gerais, marcadas para 24 de novembro - daqui a pouco mais de 40 dias.
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