O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, encara como uma "obrigação" a visita de quatro dias que iniciou hoje à Guiné-Bissau, uma vez que o estado timorense detém a presidência do grupo G7+.
O G7+ é uma organização criada em abril de 2011 que reúne 18 Estados-membros, entre os quais Timor-Leste e Guiné-Bissau, e que defende reformas no modo como a comunidade internacional apoia os países frágeis ou em situação de pós-conflito.
"Detendo Timor-Leste a presidência do G7+, teríamos uma obrigação" em visitar a Guiné-Bissau, "como expressão de solidariedade total, para trocarmos impressões", destacou Xanana Gusmão.
O governante e ex-combatente pela independência timorense, aterrou em Bissau pelas 00:40 locais (01:40 em Lisboa) num voo comercial da Transportadora Aérea Portuguesa (TAP), oriundo de Lisboa.
Encontra-se acompanhado por uma comitiva que inclui Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, na oposição em Timor-Leste.
"Peço desculpas por ser esta a primeira vez que piso as terras irmãs da Guiné-Bissau", referiu, numa breve receção dada pelo primeiro-ministro de transição, Rui Duarte de Barros, no salão de honra do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira.
Questionado pela Lusa sobre o que esperava dizer à classe política e às chefias militares guineenses, tendo em conta a sua experiência durante e após as épocas de conflito em Timor-Leste, Xanana Gusmão preferiu destacar a "troca de experiências".
"Vamos ter vários encontros. Não viemos para ensinar nada. Viemos para trocar essas experiências", referiu, destacando o facto de a comitiva que dirige estar ao lado de Ramos-Horta, ex-presidente e governante timorense, que é agora o representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bissau.
Um perito timorense em processos eleitorais vai estar presente nos encontros com as autoridades guineenses nos próximos dias: "vamos ver tudo o que possamos transmitir", sublinhou Xanana Gusmão.
"Para nós, as eleições só serão boas se o recenseamento for bom e é por isso que estamos aqui", acrescentou.
O governante reafirmou a ideia que já tinha deixado ao partir de Timor-Leste, na quinta-feira, de que é preferível adiar as eleições gerais de 24 de novembro para o próximo ano, depois de realizado um recenseamento que não dê margem para desconfianças no processo eleitoral.
Xanana Gusmão fez ainda uma alusão ao 40.º aniversário da independência da Guiné-Bissau, celebrado a 24 de setembro.
"Devo confessar que fizeram 40 anos muito recentemente e não mandei parabéns. Não mandei, não porque não merecessem, mas porque não era tempo ainda. Isto pode simbolizar a preocupação nos temos com a Guiné-Bissau", referiu.
Depois de um sábado com a agenda livre, Xanana Gusmão será recebido, no domingo, pelo presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, e na segunda-feira manterá contactos com as chefias militares.
Para terça-feira está prevista a apresentação de conclusões da visita após um de entre vários encontros entre membros das delegações dos dois países.
A Guiné-Bissau está a ser dirigida por um presidente e um governo de transição na sequência do golpe militar de 12 de abril de 2012.
A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) determinou que o período de transição tem que terminar antes do final deste ano com a organização de eleições gerais, marcadas para 24 de novembro.
No entanto, várias figuras públicas do país e da comunidade internacional têm admitido a possibilidade de o escrutínio ser adiado devido ao atraso na preparação do processo eleitoral.
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