domingo, 20 de outubro de 2013

Denunciada venda de arroz impróprio para consumo na Guiné-Bissau

A Associação de Defesa do Consumidor de Bens e Serviços (Acobes) e a Polícia Judiciária (PJ) guineenses denunciaram a venda de arroz impróprio para consumo humano por parte de empresários importadores.

Bambo Sanhá, secretário-geral da Acobes, disse à agência Lusa que à organização têm chegado "quase diariamente" queixas de cidadãos que, ao comprarem arroz no mercado, deparam-se com o produto estragado.

Sanhá explicou que os comerciantes, "para ludibriarem as autoridades e enganar o consumidor", trocam as sacas do arroz, deitando fora as velhas, metendo o arroz impróprio em embalagens novas.

"Com as sacas novas, dão ideia de que o arroz impróprio, afinal, está em bom estado, quando na realidade é um engano", afirmou.

Um jornal de Bissau noticiou recentemente um caso relacionado com a alegada venda de "grande quantidade" de arroz impróprio para consumo.

Segundo o jornal "O Democrata", a empresa em causa seria a ETC, do empresário Mohamed Zaidan, principal importador de arroz para a Guiné-Bissau.

Fonte da PJ disse hoje à agência Lusa que Mohamed Zaidan e um outro funcionário da empresa foram detidos durante algumas horas, mas escusou-se a adiantar pormenores do caso, referindo apenas que o empresário em causa está sob termo de identidade e residência.

A polícia teria surpreendido funcionários da empresa no momento em que estavam a trocar sacas de arroz "visivelmente impróprio para o consumo" humano, tendo detido os responsáveis, confiscado o alvará da empresa e fechado os armazéns.

A PJ acredita que a empresa terá colocado no mercado guineense, desde abril até hoje, mais de mil toneladas das seis mil importadas para a comercialização.

A agência Lusa tentou obter esclarecimentos junto da administração da empresa em causa, mas os funcionários anunciaram que o responsável não estava disponível para falar.

Para o secretário-geral da Acobes, são várias as empresas que vendem arroz impróprio para consumo humano na Guiné-Bissau, sendo que a única diferença desta vez é que o caso chegou ao conhecimento da PJ.

"Não é uma prática recente. Há muito tempo que a Acobes vinha denunciando práticas destas, mas desta vez parece que tivemos a sorte de o caso ter sido denunciado também à Polícia Judiciária, que de imediato entrou em cena", notou Sanhá.

O secretário-geral da Acobes disse que o arroz acaba por ser impróprio pelas condições em que é guardado nos armazéns onde, às vezes, fica por mais de dois anos.

"O arroz guardado nos armazéns sem ventilação apropriada acaba por apanhar fungos e outras pragas", salientou Bambo Sanhá, que vê nessa prática "um atentado à saúde pública", que devia merecer "mão pesada" das autoridades.

Agência Lusa

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