A Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR) vai homenagear o ministro do Interior da Guiné-Bissau, afastado pelo golpe militar de 12 de abril, Fernando Gomes, pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, informou um dos organizadores da iniciativa.
"Vamos homenageá-lo, neste sábado, não na qualidade de ministro do Interior, mas enquanto defensor dos direitos humanos, já que ele é, há trinta anos, a figura número um de toda África no que diz respeito à luta pelos direitos humanos", declarou à agência Lusa Vítor Ilharco, secretário-geral da APAR.
A APAR, com sede nacional no concelho das Caldas da Rainha, é uma associação sem fins lucrativos destinada ao apoio de todos os reclusos em prisões portuguesas e aos cidadãos portugueses detidos em países estrangeiros.
Segundo Ilharco, Fernando Gomes - que é doutorado em Direito - "foi o criador da Liga Guineense dos Direitos Humanos", entre outras associações que criou e participou, estando sempre engajado nos movimentos de defesa dos direitos humanos em África e no mundo.
Em 1996, Fernando Gomes recebeu o Prémio Internacional dos Direitos Humanos, em Espanha.
"Vamos homenageá-lo entregando, numa cerimónia que penso que será bonita, o título de sócio honorário da nossa organização", afirmou o secretário-geral da APAR.
De acordo com Ilharco, foram convidados para a homenagem o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Domingos Simões Pereira, e o Presidente interino deposto da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, além de membros da associação e outros convidados.
"A cerimónia de homenagem decorrerá no Instituto Superior de Gestão, em Lisboa", acrescentou Vítor Ilharco.
Entre 2008 e 2011, Fernando Gomes foi ministro da Função Pública, do Trabalho e da Modernização do Estado guineense.
"Toda a comunidade internacional reconhece o trabalho excecional feito (por Fernando Gomes) na reforma da administração pública (guineense), considerado o primeiro grande sucesso desde a independência do país. Mérito, aliás, também reconhecido no interior da Guiné-Bissau mesmo pelos adversários políticos", indicou a associação num comunicado.
A APAR referiu ainda que "em agosto de 2011 assumiu a pasta de ministro do Interior e o seu trabalho começava a ser, de novo, considerado exemplar na modernização da polícia, serviço de estrangeiros e fronteiras, e todas as forças que tinha sob as suas ordens".
O golpe de Estado na Guiné-Bissau ocorreu a 12 de abril, na véspera do início da segunda volta da campanha eleitoral para as eleições presidenciais.
Um governo de transição, negociado entre o grupo de militares responsáveis pelo golpe (autointitulado Comando Militar) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), foi nomeado e deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano.
No entanto, as autoridades de transição não são reconhecidas pela restante comunidade internacional.
Fernando Gomes esteve refugiado na embaixada da União Europeia em Bissau após o golpe militar, passando ainda pelo Senegal e pela Gâmbia antes de chegar a Portugal.
Segundo a APAR, o golpe de Estado é "mais uma curta pausa no magnífico trabalho que Fernando Gomes tem desenvolvido na sua Guiné-Bissau que tanto tem dignificado um pouco por todo o mundo".
"A Guiné-Bissau precisa e merece um homem como Fernando Gomes. Que regresse rapidamente ao lugar a que tem direito e onde a imensa maioria de guineenses o quer", acrescentou a organização de defesa dos direitos humanos.
Lusa
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