Lisboa, 06 jul (Lusa) -- O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Domingos Simões Pereira, quer "voltar para a Guiné-Bissau" e confia que o seu sucessor, a ser conhecido no dia 20, "terá maiores credenciais" do que as suas.
"Eu sou engenheiro civil, vim exercer um cargo fundamentalmente de diplomacia. A única coisa que tentei foi não me transformar num diplomata (...), não por achar que não fosse esse um requisito importante, mas porque iria perder quatro anos a tentar ser aquilo que não era. Limitei-me a emprestar à organização aquilo que sou", resume, em entrevista à agência Lusa, na sede da organização, em Lisboa.
A 15 dias de deixar o cargo que ocupa há quatro anos, Domingos Simões Pereira está entusiasmado com o fim de um ciclo e a passagem da pasta. A quem? "Seria muito presunçoso da minha parte definir perfis. Entrei sem qualquer agenda e saio sem qualquer intenção de fazer avaliações. É essa abordagem que posso deixar como recomendação. Esta é uma organização que se vai fazendo", vinca.
Reconhecendo que já tem "algumas indicações de quem será" o seu sucessor à frente do Secretariado Executivo da CPLP, frisa que é preciso aguardar pelo dia 20 de julho, altura em que, na cimeira de chefes de estado e de governo que se vai realizar em Maputo, o Presidente da República de Moçambique, país que assumirá a presidência da CPLP, oficializará o nome.
Ao contrário do habitual, e por razões de ordem alfabética, é também a vez de um moçambicano exercer o cargo de secretário executivo. Domingos Simões Pereira aprova "totalmente" o provável sucessor, realçando que "voltará a ser alguém com competência num domínio", possivelmente a diplomacia, no qual o ainda secretário executivo considerava ter "limitações".
Guineense, não tem dúvidas sobre o futuro: "Quero voltar à Guiné, quero trabalhar na Guiné. Estou completamente disponível para a Guiné-Bissau."
Militante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder até ao golpe de estado de 12 de abril) desde os anos 1980, afasta, para já, futuras candidaturas políticas. E garante que será tão mais ativo quanto puder contribuir para "produzir confiança". Se não, saberá "ficar calado".
Simões Pereira já foi à Guiné-Bissau após o golpe de estado que depôs o Presidente e primeiro-ministro do país e condenado pela CPLP.
"Não posso dizer que tenha experimentado um ambiente de total liberdade, mas também não posso dizer que tenha experimentado alguma situação mais apertada", descreve, acrescentando: "Nunca tive problemas em estar na Guiné e ajustar-me às realidades e, com base nas realidades, definir o meu espaço de intervenção. Espero poder fazê-lo. Se algum dia não puder voltar à Guiné, isso sim, seria realmente muito difícil."
SBR.
Lusa
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