Cerca de 50 por cento da droga traficada nas África Ocidental e Central já permanece nas sub-regiões, abrangendo Cabo Verde e a Guiné-Bissau, afirmou hoje o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC).
Discursando na abertura de um seminário de apresentação pública do Programa Nacional Integrado contra Droga e Crime (PNIDC) para 2012/16, que terminou sábado na Cidade da Praia, a coordenadora do UNODC em Cabo Verde, Cristina Andrade, sublinhou que as duas regiões, antes rotas de circulação, começaram já ser o destino final da droga.
"A África Ocidental, antes uma rota, é hoje o destino final da droga. Em 2011 foram traficadas umas estimadas 30 toneladas de cocaína, o que corresponde a um lucro na ordem de 900 milhões de dólares (cerca de 737 milhões de euros), numa zona onde existem cerca de 2,3 milhões de tóxico-dependentes", explicou.
"A África Ocidental representa para as Nações Unidas e para a UNODC um dos grandes desafios e uma das suas principais prioridades, enquanto sub-região mais instável do mundo, onde se regista um aumento do tráfico e consumo da droga, sinais de produção, pirataria e insegurança", sustentou.
Falando sobre Cabo Verde, Cristina Andrade indicou que as autoridades locais, com a assistência técnica do UNODC e de outros parceiros, têm vindo a desenvolver um programa integrado de combate a droga e crime, cujos resultados mostraram "bastantes avanços" no combate ao crime organizado transnacional.
"É preciso fazer esse combate para poderemos diminuir os 27 milhões de consumidores de drogas no mundo, com desordem mentais, prevalência do VIH, que é de 20 por cento, hepatite C, 46 por cento, e hepatite B, 14,6 por cento", destacou.
Segundo Cristina Andrade, a ONU estima que os lucros anuais do crime a nível global atinjam já 1,5 por cento do PIB mundial, ascendendo a 320 mil milhões de dólares (262 mil milhões de euros).
Por seu lado, o ministro da Justiça cabo-verdiano, José Carlos Correia, garantiu que o Governo está num "combate cerrado ao fenómeno da droga", admitindo que o tráfico de estupefacientes em Cabo Verde já "é responsável por alguns deslizes" na economia do país, assim como na instabilidade social.
"Cabo Verde tem vindo a sofrer há vários anos com o consumo e tráfico de estupefacientes. Há necessidade de se aprovar o novo programa, para identificar as lacunas e redefinir objetivos, sempre na perspetiva de combater o tráfico de droga e as suas consequências entre nós", defendeu.
José Carlos Correia apontou as dificuldades de fiscalização marítima e aérea, tendo em conta o facto de o país ser um arquipélago, indicando que estão a ser feitos esforços conjuntos com parceiros internacionais.
Neste caso particular, avançou a existência de cooperação com Portugal, Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e Espanha e também com os restantes 15 países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
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