quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Militares estão fartos de conflitos

Bissau - O coronel Quissanque K'Nam, do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, disse hoje (quinta-feira) que os militares guineenses "já estão fartos de conflitos", assinalando que são os que acabam por perder a vida em situações de guerra.

"Nós, os militares, já estamos fartos de conflitos tanto internos como externos, porque quem morre mais em situação de guerra somos nós. A partir de agora, vamos ser a vanguarda da paz neste país", declarou Quissanque K'Nam.

O coronel guineense falava no âmbito da iniciativa de consulta aos cidadãos da Guiné-Bissau 'Voz di Paz', que reuniu hoje 150 militares para auscultar a sua perspectiva sobre as causas do conflito no país e quais as melhores formas de resolução do mesmo.

Fafali Kudawo, coordenador da iniciativa 'Voz di Paz' (Voz da Paz), lançada em 2007 para ouvir todas as sensibilidades guineenses sobre as causas da instabilidade dos últimos anos, explicou que "os militares também são uma parte importante na busca da paz" na Guiné-Bissau.

"Os militares são uma componente central da sociedade guineense, desde a independência a esta parte (...) Os militares têm sido também actores e vítimas em situações de conflitos, por isso a sua opinião conta muito", defendeu Fafali Kudawo, coordenador da iniciativa "Voz di Paz" e reitor da universidade Colinas de Boé (privada).

Durante o dia de hoje, cento e cinquenta militares de diferentes unidades vão dizer aos promotores da iniciativa "Voz di Paz' quais são, na sua perspectiva, as principais causas de conflito na Guiné-Bissau e quais os mecanismos de resolução.

Por seu turno, Fafali Kudawo assinalou que em dois anos de auscultações realizadas junto das populações nas aldeias, centros urbanos e com diferentes actores da sociedade guineense, a iniciativa 'Voz di Paz' conseguiu detectar 17 elementos considerados pela população como "obstáculos à paz" na Guiné-Bissau.

Entre esses "obstáculos à paz" figuram: A má governação, a pobreza, a corrupção, a fraqueza do Estado, o tribalismo, o tráfico de droga, o mau funcionamento da justiça e a insegurança de bens e das pessoas.

A iniciativa 'Voz di Paz' é executada na Guiné-Bissau pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP) e conta com a ajuda financeira da "Inter Peace", uma organização não-governamental Suiça que também apoia as mesmas iniciativas em países como a Libéria, Rwanda, Burundi, Palestina, Israel e Guatemala.

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