sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Militar guineense descarta litígio com Senegal por fronteira

Bissau, 4 nov (Lusa) - O chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas (CEMGFA) da Guiné-Bissau, José Zamora Induta, afastou nesta quarta-feira qualquer hipótese de conflito com o Senegal, mas insistiu na necessidade de a fronteira entre os dois países ser respeitada.

"Hoje, no mundo em que estamos, não há hipótese de haver litígios por causa da delimitação da fronteira, porque os marcos, felizmente, quando foram feitos têm as coordenadas, mesmo tirando um pilar do lugar, com GPS consegue-se localizar o lugar. Não há hipótese de haver problema", explicou o contra-almirante.

Induta fez estas declarações em Suzana aos jornalistas que o acompanharam em uma visita aos militares guineenses estacionados desde 17 de outubro ao longo da linha de fronteira com o Senegal, entre as localidades de Ingore, Sedengal, São Domingos e Suzana.

Perguntado pela Agência Lusa sobre o pilar 184, que tem sido o motivo da discórdia entre Guiné-Bissau e Senegal com cada um dos países que afirmam que o marco se encontra dentro de seu território, Induta disse ser necessário ir ao local para que se saiba em que parte o pilar está.

De acordo com o militar, apenas a comissão mista recentemente sugerida entre os ministros da Defesa dos dois países poderá esclarecer onde se encontra o pilar 184 e qual sua distância em relação à fronteira traçada pelos colonos.

"É por essa razão que criamos a comissão mista, para que possamos saber, efetivamente, onde é que se encontra esse pilar. Não há motivos para confusão porque esses pilares todos têm coordenadas e, com aparelho GPS, vamos chegar lá", disse Induta, ao responder à pergunta da Lusa sobre a localização do marco 184, sobre se está localizado na parte guineense ou em território senegalês.

Para o chefe das Forças Armadas guineenses, a disputa entre a Guiné-Bissau e o Senegal "não se trata de um litígio", mas sim visa o esclarecimento sobre a soberania de cada Estado.

"Eu não chamo isso de litígio. Como disse, a presença do Estado guineense desde a independência tem sido fraca, de forma que há marcos que delimitam a fronteira e eles têm que ser vigiados. Não tivemos a presença devida como devia ter sido e, neste momento, estamos à procura desses marcos e repô-los nos lugares certos, para que possamos ter a noção exata do nosso território", afirmou o militar.

Sobre a data em que a comissão mista irá ao terreno para analisar os marcos e, eventualmente, repô-los em seus devidos lugares, Induta disse que o assunto compete aos dois governos, mas esclareceu que as Forças Armadas pretendem agilizá-lo.

Enquanto a comissão não for ao terreno e as partes não chegarem a um consenso sobre os marcos que terão que ser repostos em seus respectivos lugares, o chefe das Forças Armadas guineenses afirmou que os militares do país permanecerão no corredor Ingoré/Varela.

"Os militares estarão cá até quando for entendido que já não devem cá estar", defendeu Induta.

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