sábado, 14 de novembro de 2009

Cabo Verde: Guerra ao mosquito da dengue. Mais de 15 000 infectados e seis mortos

Autoridades de Cabo Verde estão apostadas em eliminar a doença
Está declarada a guerra ao mosquito Aedes aegypti por parte das autoridades de saúde de Cabo Verde. O insecto é responsável pela epidemia da dengue no país que já infectou mais de 15 000 pessoas e matou seis.

Manuel Boal, director-geral de Saúde de Cabo Verde, afirma ser necessário "atacar" já os focos de transmissão do mosquito, alertando para os perigos de a doença regressar ainda com mais força na época das chuvas do próximo ano, transformando-se em endemia. "Se não acabarmos com os mosquitos ou se não reduzirmos substancialmente a densidade dos mosquitos no país, a dengue ficará", alertou Manuel Boal, sublinhando que tal passará também por um maior cuidado no saneamento básico das populações, tarefa que cabe ao Governo e às câmaras municipais.

Apesar de a prioridade, neste momento, ser encontrar uma solução para o problema provocado pelo mosquito Aedes aegypti, Manuel Boal garantiu não descuidar outras doenças como a gripe A ou paludismo.

O director-geral da Saúde sublinhou que a prioridade dada pelo Governo à dengue deve--se à forma "agressiva" como a doença surgiu: "É incomparavelmente maior do que os pacientes infectados quer com a gripe A quer com paludismo".

Manuel Boal salientou também que a maioria dos casos de paludismo foi importada de países da região, como Senegal e Guiné-Bissau.

Em relação à gripe A, o director-geral da Saúde de Cabo Verde alertou para a necessidade de todas as autoridades estarem atentas à "segunda vaga da infecção pelo vírus H1N1", que está a surgir um pouco por todo o Mundo.

PORMENORES

82 CASOS DE GRIPE A

No último mês, o total de casos de gripe A em Cabo Verde subiu de 64 para 82. No que diz respeito ao paludismo, o número de pessoas com a doença encontra--se estabilizado em cerca de meia centena. Não há mortes provocadas por estas doenças.

SEM FEBRE AMARELA

Manuel Boal frisou, por outro lado, ser quase "impossível" que Cabo Verde seja afectado também pela febre amarela, doença que, lembrou, não é notificada no arquipélago há mais de 200 anos.

ÉBOLA É IMPOSSÍVEL

Em relação ao vírus ébola, o director-geral de Saúde afastou totalmente a possibilidade de este chegar ao país. "Não há essa possibilidade. Há condições ecológicas muito especiais para o seu desenvolvimento e Cabo Verde não tem florestas como as da RDCongo e Gabão", justificou.

DIÁRIO DE CABO VERDE

POR MARTA G. ANDRADE, CHEFE DE MISSÃO DA AMI

SEM PARAR

A afluência ao Centro de Saúde da Achada de Santo António continua muito elevada. As equipas locais e internacionais têm trabalhado ininterruptamente 12 horas por dia para garantir que toda a população seja atendida. A fase de triagem é muito importante – trabalho feito pelos enfermeiros –, que garante assim um circuito de prioridades e distribuição do trabalho. Os novos Centros de Saúde revelaram ser uma boa aposta com o aparecimento deste surto. Permitiram desanuviar o hospital central, Agostinho Neto, e descentralizar a ajuda médica. As ilhas do Sotavento não foram fustigadas pelo surto, como aconteceu com a capital e a ilha do Fogo mas, pela primeira vez, foram detectados quatro casos autóctones em São Nicolau. Esta segunda equipa vai para a região do Tarrafal e prevê-se que apoie o centro de saúde a nível médico e laboratorial. A intervenção será dividida num primeiro mês onde, após uma primeira avaliação, coordenaremos com o Ministério da Saúde de Cabo Verde a nossa continuidade nessa ilha ou a deslocação para outra.

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