sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Actividade reduzida e integração na UEMOA deixa país fora da rede dos bancos portugueses

Lisboa - A Guiné-Bissau é o único dos países lusófonos que não tem hoje presença directa de bancos portugueses, pela reduzida
actividade bancária mas também pela sua integração, em 1997, na União Económica Monetária da África Ocidental (UEMOA).


"Até 1997 só havia em Bissau o Banco Internacional da Guiné (BIG) e o Totta e Açores", mas o sistema financeiro do país transformou-se a partir desse ano, quando "passou a fazer parte da UEMOA", explicou Rómulo Pires, director do Banco da África Ocidental (BAO) e presidente da Associação de Bancos Comerciais na Guiné-Bissau, em declarações à agência Lusa.


O Totta e Açores, único banco português que teve presença directa, saiu e o BIG faliu com a guerra civil de 1998 e 1999.


Entre 1997 e 2006 ficou apenas a existir o BAO, hoje a principal instituição financeira, com quase 50 por cento da quota de mercado dos [poucos] utilizadores dos serviços bancários no país.


A associação mutualista portuguesa Montepio Geral tinha 15 por cento do capital do BAO, mas vendeu em 2007 à Geocapital, do magnata chinês Stanley Ho, hoje o principal accionista, seguido do banco de investimentos Efisa.


"Até 2006 a actividade bancária era muito reduzida. Ainda hoje é, já que só dois por cento da população guineense é bancarizada [utiliza serviços bancários] mas a abertura de outros bancos aumentou o número de depósitos", referiu Rómulo Pires, referindo a abertura do Ecobank, do Banco da União e do Banco Regional de Solidariedade".


Hoje já existe em Bissau um sistema de regularização automática de pagamentos entre bancos do grupo e há um sistema GIM-UEMOA (equivalente ao VISA). Quem tiver um cartão bancário pode utilizá-lo em qualquer terminal automático de bancos que façam parte da união.


Os clientes bancários com cartão Visa podem levantar dinheiro a crédito nos balcões do BAO e fazer pagamentos em alguns hotéis de Bissau, mas ainda não é possível efectuar levantamento em caixas automáticas.


"O sistema está a evoluir no sentido da introdução de novos meios de pagamento, porque já não é preciso a troca física, e estamos a pedir a adesão ao VISA para os cartões GIM-UEMOA poderem ser utilizados fora do espaço da UEMOA", adiantou o presidente da Associação de Bancos Comerciais na Guiné-Bissau.


Na Europa e em Portugal, lastima, "não há conhecimento que o franco cfa (moeda única de oito países que constituem a UEMOA) é uma moeda forte e com paridade fixa com o euro" e por falta desse conhecimento muitas instituições bancárias e casas de câmbio na Europa nem sequer fazem trocas.

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